quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Continuação de: A imagem completa de um homem cruelmente crucificado!!

Catolicismo:  Quais são as características do tecido do Sudário?
Profa. Marinelli: É um grande lençol de linho marcado pelo tempo. A
manufatura rudimentar do tecido, a torção dos fios em Z (em sentido
horário), a textura em diagonal 3 por 1, a presença de traços de algodão
egípcio antiqüíssimo, a ausência de traços de fibra animal - tudo isso
torna verossímil a origem do tecido na área sírio-palestina do primeiro
século.
Outros indícios importantes de autenticidade: grande abundância de pólen
de origem médio-oriental, de aloé e mirra; presença de um tipo de
carbonato de cálcio (aragonite) similar ao encontrado nas grutas de
Jerusalém; uma costura lateral idêntica à existente nos tecidos
hebraicos do séc. I provenientes de Masada, um local vizinho do Mar
Morto.
Franco Testore, professor de tecnologia têxtil do Politécnico de Turim,
sublinha que esse tipo de textura já era bem conhecido no Egito em 3400
a.C. E Pietro Savio, arquivista do arquivo secreto do Vaticano, publicou
em 1973 as fotografias das guarnições em espinha de peixe das duas
cruzes funerárias encontradas na necrópole de Antinoe (Alto Egito,
início do século II).
Mechthild Flury-Lemberg, especialista em tecidos, nota que nos tecidos
judaicos descobertos em Masada (atualmente no Estado de Israel) é
documentada, no período compreendido entre 40 a.C. e a queda de Masada
em 74 d.C, uma especial tipologia da borda igual àquela presente no
Sudário. Além disso, a costura longitudinal que une o tecido do Sudário
à linha lateral assemelha-se a fragmentos de tecido das citadas
descobertas de Masada.
Catolicismo: Quais são os principais sinais da Paixão de Cristo
presentes no Santo Sudário, da Agonia no Horto das Oliveiras até à
Morte?
Profa. Marinelli: O Sudário é a imagem completa, frontal e dorsal de um
homem cruelmente crucificado. Seu corpo apresenta numerosas feridas,
tendo-se comprovado tratar-se de sangue humano. Portanto, a relíquia
envolveu certamente o cadáver de um homem flagelado, coroado de
espinhos, crucificado com cravos, transpassado ao lado por uma lança.
Tudo o que se observa no Sudário apresenta uma perfeita coincidência com
os relatos dos quatro Evangelhos sobre a Paixão de Cristo, mesmo no
tocante aos pormenores personalizados do suplício: a flagelação como
pena independente, muito intensa, como um prelúdio da crucifixão (120
golpes em vez dos ordinários 21, com um instrumento composto de três
cordas, algumas munidas com dois pesos de osso pontiagudo); a coroação
de espinhos, fato de todo insólito; o carregamento do patíbulo, que é a
trave horizontal da cruz; a suspensão numa cruz com os cravos em vez da
corda, que era o uso mais comum; a ausência de quebra de ossos; a ferida
ao lado, infligida após a morte, com efusão de sangue e linfa; a
ausência de lavagem do cadáver (devida à morte violenta e a um
sepultamento apressado); o envolvimento do corpo em lençol precioso e a
deposição numa tumba própria.
Catolicismo: Como esses sinais se conservaram impressos no Santo
Sudário?
Profa. Marinelli: No Sudário foi envolvido o cadáver de um homem com o
sangue já coagulado, mas o óleo perfumado com o qual o lençol estava
embebido dissolveu parcialmente o coágulo. Do aspecto das nódoas,
produzidas por uma sucessiva dissolução parcial da crosta, se deduz que
o corpo esteve em contato com o Sudário somente por volta de 36 horas,
que é o tempo exato que se deduz do Evangelho para a permanência de
Jesus na sepultura: o corpo foi colocado no sepulcro ao entardecer da
sexta-feira; após 36 horas, até a aurora do dia depois do sábado, o
Sudário foi encontrado vazio. E as marcas de sangue que se observam no
Sudário não têm sinal de movimento, nem mesmo nas extremidades. O
contato entre o corpo e o lençol cessou, sem que tivesse havido
movimento do tecido.
As marcas de sangue e linfa presentes são irreproduzíveis por meios
artificiais. Trata-se de sangue coagulado sobre a pele de um homem
ferido, e novamente dissolvido pelo contato com o tecido úmido.
Além do sangue, no Sudário está a imagem do corpo que nele foi envolto.
Tal imagem, devido à degradação por desidratação e oxidação das fibras
superficiais do linho, é comparável a um negativo fotográfico. É
superficial, detalhada, tridimensional, térmica e quimicamente estável.
É resistente até à água, não é composta de pigmento, é privada de
direção e não foi provocada pelo simples contato do corpo com o lençol:
com o contato, o tecido toca ou não toca, não há meio termo. Pelo
contrário, no Sudário existe uma imagem na qual certamente não houve
contato. Seus claro-escuros são proporcionais às diversas distâncias
existentes entre o corpo e o tecido nos vários pontos de prega. Pode-se,
pois, levantar a hipótese de um efeito à distância de tipo radiante.
Sob as marcas de sangue não existe imagem do corpo: o sangue,
depositando-se primeiramente sobre o tecido, velou a camada debaixo do
mesmo, enquanto sucessivamente se formava a imagem.
O grande mistério desse lençol é, pois, a imagem humana. Não é formada
por pigmentos ou outra substância aplicada sobre o tecido. Não é devida
a substância líquida. É um amarelecimento extremamente superficial dos
fios semelhantes, que se oxidaram e desidrataram. Um fenômeno idêntico
ao provocado pela luz sobre um velho jornal abandonado ao chão.
Entretanto, não se trata de um amarelecimento difuso, mas localizado
onde estava o corpo, de modo a formar o seu negativo; com um
claro-escuro que permite reconstruir no computador a forma
tridimensional de corpo igual, sem as deformações que seriam normais em
se tratando de uma imagem plana como a que se observa no lençol.
A imagem formou-se depois de o sangue ter passado do corpo para o
tecido, portanto após as 36 horas de contato, pois é certo que a imagem
originou-se do cadáver. Quaisquer manipulações sucessivas do lençol
teriam tido o efeito de danificar as marcas de sangue, que são centenas
de centenas.
Do aspecto das nódoas se deduz que o corpo esteve em contato com o
Sudário somente por volta de 36 horas: o tempo de permanência de Jesus
no sepulcro.
Catolicismo: Como pôde um cadáver projetar sua imagem sobre o lençol,
como se tivesse emitido um raio de luz?
Profa. Marinelli: Um grupo de físicos chegou a uma resposta próxima da
que atende tal interrogação. Junto ao ENEA (instituição para as novas
tecnologias, a energia e o ambiente) de Frascati (Roma), alguns tecidos
de linho foram submetidos à irradiação com um laser excimer, aparelho
que emite uma radiação ultravioleta de alta intensidade. Os físicos
foram assim obtendo um amarelecimento que, confrontado com a imagem do
Sudário, mostra interessantes analogias e confirma a possibilidade de a
imagem ter sido causada por uma irradiação ultravioleta direcional.
Quem crê na Ressurreição de Cristo não tem dificuldade em admitir que
uma irradiação de luz possa ter acompanhado aquele acontecimento
extraordinário, posto que no Evangelho lê-se que Jesus se transfigurou
no Monte Tabor, tornando-se luminoso.
Catolicismo: Que tipo de sangue se encontra no Sudário? Existe prova de
que o sangue seja de Nosso Senhor Jesus Cristo? Foi possível
confrontá-lo com o sangue dos vários milagres eucarísticos?
Profa. Marinelli: Trata-se de sangue humano do grupo AB, que pela
análise de DNA resulta ser muito antigo. O grupo AB é o menos comum,
encontra-se somente em cerca de 5% dos indivíduos.
Não há uma prova atestando que o sangue do Sudário pertença a Jesus, mas
é interessante o confronto desse sangue com os estudos análogos
realizados a respeito do milagre eucarístico de Lanciano (Chieti), o
único estudado em laboratório. No século VIII, na pequena igreja de São
Legonziano, em Lanciano, um monge basiliano foi assaltado pela dúvida
sobre a presença real de Cristo nas espécies eucarísticas. Durante a
celebração da Missa, no momento da Consagração, a hóstia tornou-se carne
e o vinho transformou-se em sangue, que se coagulou em cinco glóbulos
irregulares e diversos pela forma e grandeza.
Das pesquisas realizadas em 1970 por Odoardo Linoli, livre-docente em
anatomia, histologia patológica, química e microscopia clínica na
Universidade de Siena, comprovou-se que a carne surgida por ocasião do
milagre de Lanciano é verdadeiro tecido miocárdico de um coração humano,
e o sangue é autêntico sangue humano do grupo AB. Uma coincidência
muito significativa.
___________
Nota: Para aprofundamentos da matéria: MARINELLI, Emanuela - O Sudário,
uma imagem ?impossível? - Paulus, São Paulo, 1998. Ver também: Emanuela
Marinelli em www.sindone.info.

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