terça-feira, 7 de setembro de 2010

IRMÃOS e IRMÃS de JESUS?

Visão Católica e Ortodoxa
Autor: rev. William G. Most
Trad.: Carlos Martins Nabeto
m Mt 13, 55 e Mc 6,3, as seguintes pessoas estão nomeadas como irmãos de
Jesus: Tiago, José (ou Josés - os manuscritos variam na forma) Simão e
Judas. Mas, Mt 27, 56 diz que, «junto à cruz estava Maria, a mãe de
Tiago e José». Mc 15, 40 diz que «ali estava Maria, a mãe de Tiago, o
menor, e José». Logo, embora a prova não seja conclusiva, parece que os
dois primeiros, Tiago e José, (ou Joses), - exceto se supormos que estes
eram outras pessoas com os mesmíssimos nomes - eram filhos de outra mãe
e não da Mãe de Jesus.
Vemos aqui que o termo «irmão» foi usado para indicar aqueles que não
eram filhos de Maria, a Mãe de Jesus. Do mesmo modo, facilmente poderia
ter ocorrido o mesmo com os outros dois «irmãos», Simão e Judas. Além
disso, se Maria tivesse outros filhos e filhas naturais no tempo da
crucifixão, seria estranho Jesus ter pedido a João para que cuidasse
dela. Especialmente porque Tiago, o «irmão do Senhor» ainda estava vivo
em 49 d.C. (cf. Gl 1, 19); certamente ele poderia ter cuidado dela...
Lot, que era sobrinho de Abraão (cf. Gn 11, 27-31), é chamado de «seu
irmão» em Gn 13, 8 e 14, 14-16. O termo hebraico e aramaico ah era usado
para expressar vários tipos de graus de parentesco (v. Michael Sokoloff,
A Dictionary of Jewish Palestinian Aramaic, Bar Ilan University Press,
Ramat-Gan, Israel, 1990, p.45). O hebraico não tem palavra para
parentes. Eles poderiam dizer ben-dod para expressar filho de um tio por
parte de pai, mas para outros graus de parentesco eles precisavam
construir uma frase complexa, tal como «filho do irmão de sua mãe» ou
«filho da irmã de sua mãe» (para consultar expressões complexas do
aramaico, v. Sokoloff, pp. 111 e 139).
Objeção 1: não deveríamos usar o hebraico, já que o grego possui um
termo para designar primo e outros tipos de parentes, também os
Evangelhos não se utilizam de outras palavras específicas para designar
os parentes de Jesus. Eles usam somente o termo grego adelphos, o que
significa irmão real.
Resposta: A Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento hebraico,
(cuja abreviatura padrão é LXX), usa o grego adelphos para Lot que, como
vimos acima, era, na verdade, sobrinho. Além disso, os escritores dos
Evangelhos e Epístolas sempre tinham em mente as palavras hebraicas,
mesmo quando escreviam em grego. Isto vale principalmente para São
Paulo. E, como podemos ver atualmente, há uma forte evidência de que São
Lucas, em certos pontos, estava traduzindo documentos hebraicos ? dois
tipos de hebraico [hebraico e aramaico] com grande cuidado. A LXX, para
Ml 1, 2-3, traduz: «Eu amei Jacó e odiei Esaú». São Paulo, em Rm 9, 13,
cita exatamente da mesma forma que a tradução grega. Ainda que os
tradutores da LXX conhecessem o hebraico e o grego - e assim também
Paulo - utilizaram um modo muito estranho de expressão, modificando
potencialmente a expressão hebraica.
Como isso aconteceu?
O hebraico e o aramaico carecia dos graus de comparação (tais como: bom,
melhor, o melhor; claro, mais claro, claríssimo) e, então, precisava-se
encontrar outra forma de expressar as idéias. Enquanto nós poderíamos
dizer: «Amo mais a um que a outro», o hebreu diria: «Amo a um e detesto
o outro». Em Lc 14, 26, Nosso Senhor nos diz que devemos «odiar nossos
pais» é óbvio, porém, que quer dizer que devemos amar mais a Cristo do
que a nossos pais. De forma semelhante, em 1Cor1, 17, Paulo afirma:
«Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar»; só que o próprio
Paulo já havia declarado ter batizado algumas pessoas; logo, o que
realmente queria dizer é: «Minha missão mais importante é pregar;
batizar é menos importante». São Paulo, em 1Tes 4, 5 diz que os gentios
«não conhecem a Deus». Ele usa o termo conhecer no sentido do hebraico
yada, um termo amplo que significa conhecer e amar. De fato, não são
raras as vezes em que podemos afirmar que certa palavra hebraica
encontrava-se na mente de São Paulo, que se expressava em grego.
Todos os estudiosos admitem que o Evangelho de São Lucas possui mais
semitismos que os livros escritos por outros semitas (Lucas não era
semita, mas médico de origem grega). Por quê? A princípio, parece que
Lucas escrevia assim para imitar o estilo da LXX, mas, em um estudo que
fiz (v. meu artigo «São Lucas imitava a Septuaginta?», publicado no
Jornal [Internacional] de Estudos do Novo Testamento, jul./1982,
pp.30-41, editado pela Universidade de Sheffied, Inglaterra), mostrei,
estatisticamente, que Lucas não tentava imitar a Septuaginta. Eu fiz um
estudo de um semitismo bem estranho em Lucas: o aditivo kai, que reflete
o aditivo hebraico wau. Eis um exemplo tirado de Lc 5, 1: «E isto
aconteceu quando as multidões se apertavam para ouvir dele a palavra de
Deus e ele se encontrava de pé junto ao Lago [de Genesaré]». A palavra
«e», grifada em itálico, poderia existir no hebraico, mas não no grego,
nem mesmo no aramaico. Pela contagem real, São Lucas usa este «e»
somente de 20 a 25% das vezes que poderia usá-lo, se estivesse imitando
a Septuaginta. Certamente, não foi esta a razão de seu uso.
Então por que ele a empregou assim? Em linhas gerais, São Lucas nos diz
que tomou grande cuidado, conversou com testemunhas oculares e checou
relatos escritos sobre Jesus. Estes relatos escritos poderiam estar em
grego (alguns judeus sabiam se comunicar em grego), hebraico ou
aramaico. Logo, seria possível que São Lucas tivesse usado relatos
escritos nessas linguagens. O problema não seria perceptível no grego se
fossem usadas fontes gregas, é lógico; mas se ele usou, em certos
momentos, documentos hebraicos, e se ele os traduziu com extremo cuidado
- tão extremo a ponto de manter a estrutura hebraica no texto grego,
onde não existiria - então poderíamos afirmar que foi dessa forma que
ele resolveu fazer. As estranhas estruturas que encontramos ? também
anormais no aramaico - usadas por São Lucas em alguns pontos, mas não em
outros, parecem demonstrar a existência de documentos hebraicos,
traduzidos com extremo cuidado. Lucas sabia como escrever em grego
culto, como demonstra certas passagens. Mas por que escreveu assim?
Certamente por causa de seu extremo cuidado, para ser fiel aos textos
originais que usava. Portanto, precisamos conhecer o hebraico
fundamental para compreendermos a questão corretamente (o «e» é omitido
nas traduções das linguagens modernas, como o inglês; o problema só é
verificável quando lemos São Lucas na língua grega original).
Há uma palavra importante em Rm 5,19, que diz que «muitos» se tornaram
pecadores (= pecado original). É óbvio, porém, que São Paulo se referia
a «todos». De fato, o grego usa polloi; no grego comum, sempre significa
«muitos», mas não «todos». Entretanto, se conhecermos o hebraico que
estava na mente de Paulo, tudo torna-se claro. Havia uma estranha
palavra, rabbim, que aparece pela primeira vez em Is 53, na profecia da
Paixão. Pelo contexto, percebemos claramente que significa todos, ainda
que também signifique muitos, para ser mais exato ela significa todos
dos que são muitos. Por exemplo, se eu estiver em uma sala com outras
três pessoas, eu poderia dizer todos, mas não poderia dizer muitos;
agora, se usarmos uma concordância grega para encontrarmos todas as
citações em que São Paulo usa a palavra polloi como substantivo,
veremos, pelo contexto, que sempre - sem exceção - significará todos; é
o caso de Rm 5, 19. Assim, precisamos retornar ao hebraico para
compreender o termo grego usado aqui por Paulo.
Em outras partes, São Paulo freqüentemente faz uso do termo grego
dikaiosyne não na forma estrita utilizada pelo sentido grego, mas na
forma ampla do sentido hebraico de sedaqah. Há muitos outros lugares no
Novo Testamento onde devemos considerar o fundamento hebraico para obter
o sentido correto do grego. Demos apenas alguns exemplos que são
suficientes para mostrar como os escritores do Novo Testamento
trabalharam e a necessidade de se evitar que entendamos somente o que
diz o grego (que insiste que devemos ignorar o fundamento hebraico,
afirmando que o grego possui palavras próprias para designar primos e
outros parentes, ao contrário do hebraico).
Objeção 2: J. P. Meier, em A Marginal Jew (Doubleday, 1991, pp.325-326)
afirma que «o novo Testamento não é uma tradução grega»; assim, o termo
hebraico usado para referir-se a irmão não pode ter gerado uma
«desastrosa» tradução.
Resposta: Muitos estudiosos crêem que parte ou até mesmo todos os
Evangelhos são traduções gregas. A evidência citada acima, no Jornal de
Estudo do Novo Testamento contribui para demonstrar isso. Em adição,
temos evidências extensivas mostrando que, apesar dos autores não terem
feito uma tradução, eles muitas vezes usavam palavras gregas com o
significado do pensamento hebraico fundamental. Isto é especialmente
notável em Paulo, ainda que Meier afirme que Paulo não estava fazendo
uma tradução, bem como conhecia «Tiago, o irmão do Senhor», em pessoa.
Meier também assegura (pp.327-328) que Josefo, um judeu que escreveu em
grego, várias vezes utiliza a palavra correta para designar primo, mas
usa a palavra irmão para indicar os «irmãos de Jesus». Concordamos que
Josefo assim se expressa. No entanto, será que Josefo possuía informação
direta acerca da real natureza dos «irmãos» de Jesus? É óbvio que não.
Meier também não analisa a questão sob este ponto de vista...
Objeção 3: Meier afirma (p. 323) que se quisermos que ah signifique
primo, então deveríamos ller Mt 12, 50 assim: «Todo aquele que faz o
desejo de meu Pai que está nos céus é meu primo, prima e mãe». De
maneira similar (p.357), ele diz que Mc 3, 35 deveria então ser lido:
«Nem seus primos acreditavam nele».
Resposta: Meier parece ser deliberadamente cego nestes pontos. Ora, se
ah possui um significado amplo, poderíamos então mantê-lo na tradução,
não apenas limitando-o a primo; poderia ser primo, mas também qualquer
outra espécie de parente.
Objeção 4: Em Mt 1, 25, os protestantes apontam para duas palavras: até
que e primogênito.
Resposta: «Até que»: muitas palavras antigas têm diversos significados
possíveis. Às vezes o termo «até que» abrange o tempo posterior ao
indicado mas nem sempre isso acontece. Em Dt 34, 6, Moisés foi enterrado
«e até hoje ninguém sabe onde se encontra sua sepultura». Isto era
verdade no dia em que o autor do Deuteronômio relatou o fato; e continua
sendo verdade ainda hoje. No Sl. 110, 1, conforme interpretado pelo
próprio Jesus, «o Senhor disse ao meu Senhor (= de Davi): 'Senta à minha
mão direita até que eu coloque os teus inimigos sob os teus pés'».
Obviamente, Jesus sempre estará à direita do Pai; logo, a palavra até
que jamais significará uma mudança de estado. O Sl 72, 7, um salmo
messiânico, diz que em seus dias «a paz abundará até a lua não mais
existir». Aqui novamente, o poder do Messias jamais deixará de existir
ainda que a lua deixe de brilhar (Mt 24, 29). Em 2Sm 6, 23, diz-se que
«Mical, esposa de Davi, não terá mais filhos até o dia de sua morte».
Logicamente, ela não os terá mesmo após sua morte! Em Mt 11,3, Nosso
Senhor diz que se os milagres feitos em Cafarnaúm tivessem sido feitos
em Sodoma, «ela teria durado até o presente dia». Isso não significa que
Jesus a destruiria logo a seguir. Em Mt 28, 20, Jesus promete que
permanecerá com sua Igreja e seus seguidores «até o fim do mundo». Será
que deserdará depois, na eternidade? Em Rm 8, 22, São Paulo diz que toda
a Criação suspira, esperando pela revelação dos filhos de Deus até os
seus dias (de Paulo). Nem por isso ele irá para sua missão, mas
continuará até a restauração final. Em 1Tm 4, 13, o apóstolo pede para
que Timóteo se devote à leitura, exortação e ensinamento «até eu (Paulo)
chegar». Isso não quer dizer que Timóteo deveria parar de fazer tais
coisas após a chegada de Paulo. E existe muitos outros exemplos, embora
estas poucas citações sejam suficientes para demonstrar que a expressão
«até que», no Antigo e no Novo Testamento, significa uma mudança de
coisas que está para acontecer segundo o ponto a que se refere.
Até mesmo J. P. Meier, que trabalha estressantemente para tentar provar
que Jesus tinha irmãos naturais, admite que o argumento baseado na
expressão «até que» nada prova (em CBQ - jan/1992, pp.9-11).
Primogênito: Jesus é assim chamado em Lc 2, 7 (e também em Mt 1, 25, se
considerarmos a adição ao texto grego encontrada na Vulgata latina).
Este termo se refere ao hebraico bekor, que expressa principalmente a
posição privilegiada do primeiro filho com relação aos demais filhos.
Não implica, porém, na existência real de outros irmãos. Podemos ler
numa inscrição grega encontrada numa sepultura em Tel el Yaoudieh (cf.
Biblical 11, 1930, pp.369-390) que uma mãe faleceu ao dar à luz ao seu
filho: «Nas dores do parto de meu filho primogênito, o destino me trouxe
o fim da vida». No mesmo sentido, existe outro epitáfio em Leontópolis
(v. Biblical Archaeology Review, Set.-Out./1992, p.56).
Objeção 5: Alguns escritores cristãos primitivos dizem que os irmãos do
Senhor eram irmãos reais.
Resposta: Meier, que tão diligentemente coleta todos os dados que possam
servir para contestar a virgindade de Maria após o nascimento de Jesus,
menciona apenas quatro:
1. Hegésipo, no séc. II - Mas Meier admite (p. 329): «...tal testemunho
não está livre de problemas e possíveis auto-contradições»;
2. Tertuliano - Contudo, Meier reconhece que isto ocorria porque queria
«reforçar sua posição ao ponto de vista docético sobre a humanidade de
Cristo»; tal desejo fez com que fizesse tal afirmação. De fato,
Tertuliano, com a mesma predisposição, afirmou que a aparência do corpo
de Cristo era horrível! (Sobre o Corpo de Cristo, cap.9) Realmente ele
era um extremista, como se comprova pelo fato de que não sendo os
montanistas tão severos quanto à moralidade, acabou por fundar sua
própria sub-seita;
3. Meier também sugere que duas passagens de Santo Ireneu (séc. II)
podem implicar na negação da virgindade pós-parto: na primeira Ireneu
faz um paralelo entre Adão e Cristo, para segurança de sua teologia da
recapitulação; na segunda, Ireneu desenvolve o tema da nova Eva. É
difícil, porém, encontrar nessas passagens qualquer dica que negue a
virgindade pós-parto. O próprio Meier admite que a interpretação desses
textos são improváveis;
4. Helvídio, no séc. IV [totalmente refutado por São Jerônimo]. Estes
textos, contudo, são desprezíveis se comparados com o extenso suporte
patrístico que favorecem a tese da virgindade perpétua (cf. Marian
Studies, VIII, 1956, pp. 47-93).
Por isso, em seu sumário de conclusões (pp. 331-332), Meier não faz
qualquer menção a estes escritores da Igreja primitiva.
Objeção 6: Meier (p.331) diz que devemos seguir o critério do múltiplo
atestado: Paulo, Marcos, João, Josefo e talvez Lucas atestam a
existência dos irmãos de Jesus.
Resposta: Isto nada mais é que o retorno ao início da questão. Méier não
provou que qualquer um destes «irmãos» seja, de fato, um irmão real de
Jesus. Meier acrescenta que o sentido natural de irmão é o que indica
irmão real, mas já vimos na segunda resposta (acima), que tal sentido
não é absolutamente obrigatório. Ele também afirma que não existe outro
caso claro no Novo Testamento que possa admitir outro significado, a não
ser irmão real ou meio-irmão. Novamente ele acaba retornando ao início
do problema pois não consegue provar que algum desses textos possa
significar irmão real.
O próprio Meier reconhece (p. 331) que «todos estes argumentos em
conjunto não podem produzir uma certeza absoluta». Nós acrescentamos: em
Mc 3, 20-21, os parentes de Jesus vão até ele para prendê-lo ? os irmãos
mais novos não poderiam tomar tal atitude na cultura semita, pois Jesus
era o primogênito. E, quando Jesus contava com 12 anos ao visitar o
Templo de Jerusalém, seus irmãos mais novos deveriam acompanhá-lo
(exceto as irmãs), se de fato existissem, de outra forma Maria teria
ficado em casa cuidando dos filhos mais novos. Vemos, assim, que não há
evidências sólidas na Escritura que nos permitam supor que Nossa Senhora
tenha tido outros filhos. Há, por outro lado, respostas lógicas para
todas as objeções formuladas. Porém, a razão decisiva é o ensino da
Igreja; os credos mais antigos chamam Maria de aei-parthenos, ou seja,
«sempre Virgem».
Meier parece querer usar um machado para cavar... Em seu longo artigo
publicado na CQP (1992, pp. 1-28), ele diz, na última página, que
deveríamos perguntar se a hierarquia das verdades não nos deixaria
aceitar protestantes dentro da Igreja Católica sem que pedíssemos a eles
para que acreditassem na virgindade perpétua de Nossa Senhora. De fato,
existe uma hierarquia de verdades, algumas mais básicas que outras. Mas
isso não significa, em absoluto, que possamos incentivar a negação de
uma doutrina que vem sendo repetidamente ensinada pelo Magistério
Ordinário, bem como pelos mais antigos credos (portanto, infalíveis).
Realmente, se alguns protestantes querem aderir à Igreja sem aceitar a
autoridade do Magistério, então jamais serão católicos de fato, ainda
que aceitem todos os demais ensinamentos. Aceitar realmente a autoridade
significa aceitar tudo, e não quase tudo.
Até mesmo Meier, tão inclinado à negação da virgindade perpétua, admite
(pp.340-341) que existe uma estranha tradição rabínica que diz que
Moisés, após seu primeiro contato com Deus, deixou de se relacionar
sexualmente com sua esposa. Isto aparece primeiro em Filo de Alexandria
e foi suportado, depois, pelos rabinos. Ora, se Moisés, em virtude de um
contato externo com Deus, agiu dessa maneira, porque então não poderia
ocorrer o mesmo com Nossa Senhora, que foi preenchida pela divina
presença para a concepção de Jesus e carregou a própria Divindade em seu
ventre durante nove meses? De fato, Lutero e Calvino, como Méier
reconhece (p.319), aceitaram a doutrina da virgindade perpétua de Maria.
Por que, então, Meier luta tanto contra ela? Realmente, os protestantes,
se forem lógicos, não podem apelar para provas bíblicas, a partir do
momento em que nem mesmo têm como determinar quais livros são
inspirados. Lutero achava que, se um livro pregasse a justificação
somente pela fé, então ele era inspirado, caso contrário, não. Mas,
lamentavelmente, ele nunca conseguiu provar que isso era verdade (tanto
ele quanto eu poderíamos escrever livros sobre o assunto e nem por isso
seriam inspirados) eis que vários livros da Bíblia não mencionam a
justificação pela fé... É que, infelizmente, Lutero não sabia o que São
Paulo queria dizer com a palavra fé. (sobre este assunto, consultar a
obra fundamental do Protestantismo: Interpreter's Dictionary of the
Bible, Supplemento, p.333).
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Fonte:
Petersnet

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