sábado, 4 de setembro de 2010

TRADICIONALISTA OU OPORTUNISTA!

É pecado ser tradicionalista ou é pecado ser oportunista?

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa
Parece que o aumento do número de católicos que tomam consciência nestes
últimos anos dos problemas doutrinários que flagelam a Igreja sobretudo
a partir do Vaticano II incomoda a certos senhores.
Observa-se hoje que há católicos que começam a perceber que a crise da
Igreja atualmente é tão grave e se revela uma crise de identidade. Quer
dizer, não se sabe mais o que é ser católico e perdeu-se uma linha de
continuidade entre a Igreja de ontem e a Igreja de hoje. Não só nas
formas exteriores acidentais mas também no núcleo doutrinário. O
problema é tão sério que o Papa Bento XVI chegou a falar de uma
hermenêutica da descontinuidade na leitura do Vaticano II (cf. seu
discurso de Natal à Cúria Romana) e a admitir que se fizesse uma crítica
construtiva a esse concílio pastoral. Ora, isto significa dizer que os
documentos do Vaticano II são, no mínimo, ambíguos.
Notando tantas mudanças na Igreja, não são poucos os católicos que se
perguntam sobre a solidez e perenidade da doutrina. Assim, são levados a
comparar o que se ensina hoje com o que se ensinava antes e a
prognosticar o que se ensinará amanhã, se o ?evolucionismo? continuar.
Qualquer católico medianamente instruído em rudimentos da sua fé
verifica ao menos duas coisas que se apresentam como novidades inauditas
na vida da Igreja: uma nova liturgia e um novo ecumenismo. E como hoje
em dia, graças à Internet, as informações estão mais acessíveis a todos,
sãos inúmeros os católicos que tomam conhecimento dos documentos
clássicos da Igreja sobre esses assuntos (por ex. Mediator Dei de Pio
XII, sobre a liturgia, a qual condena a prática do altar em forma de
mesa ou Mortalium ânimos de Pio XI que define o verdadeiro ecumenismo
católico, um esforço para trazer de volta ao seio da única Igreja de
Cristo, a Católica, todos os dissidentes, e não um diálogo que visa à
edificação de uma nova igreja no futuro, fruto de um consenso entre
todos que se dizem cristãos).
Meditando sobre esses documentos do magistério, muitos católicos chegam
à conclusão de que, efetivamente, há uma crise na Igreja resultante de
uma ruptura senão doutrinária por uma negação explícita do dogma, mas ao
menos uma ruptura da tradição na prática religiosa. Com efeito, qualquer
católico dotado de uma capacidade mínima de reflexão vê que a ?política
ecumênica? dos nossos dias não tem a menor preocupação com a unidade e
unicidade da Igreja, mas se reduz a um congraçamento entre as várias
?denominações? com objetivos filantrópicos, ecológicos seja o que for,
menos a séria questão doutrinária com a afirmação clara e corajosa do
dogma (que hoje causa horror) fora da Igreja não há salvação. E como,
quanto à questão moral, não há consenso entre as ?religiões? e prevalece
hoje um relaxamento geral dos costumes, há, por parte da maioria dos
católicos, uma clamorosa omissão a respeito. Por causa de um rio, um
bispo quase comete suicídio. Mas em defesa da inocência das nossas
crianças corrompidas pelas aulas de pornografia promovidas pelo governo
Lula, não se move uma palha. Nem sequer se fala em penitência por um
pecado que brada aos céus e pede a Deus vingança, segundo a expressão do
catecismo de São Pio X.
Digo mais: qualquer católico medianamente inteligente chega à conclusão
de que hoje a religião não é mais uma resposta ao problema da salvação
eterna, porque isto não é mais considerado nenhum problema. A religião
hoje é aceita numa perspectiva utilitarista ou pragmática, quer dizer,
vale enquanto ajuda a resolver problemas imediatos de qualquer ordem e
deve descartada ou reformada na medida em que estorva a vida aqui na
terra. As ?religiões? valem enquanto se unirem e se entenderem para
combater o terrorismo, a intolerância, os preconceitos e tabus. E quem
recusar essa religião pragmática que usa a Deus para servir e cultuar o
homem deve ser perseguido, proscrito, esmagado, atirado a um gueto como
infame, misantropo e inimigo da humanidade. Este é o católico a quem se
chama pejorativamente ?tradicionalista? ou ?integrista?, porque
simplesmente quer a continuidade integral da religião que os apóstolos
receberam de Cristo e se desenvolveu de forma orgânica sob a custódia
dos papas. Mas ser taxado de tradicionalista não é vitupério. Ao
contrário, é uma honrosa distinção, pois São Pio X escreveu: ?Os
verdadeiros amigos do povo não revolucionários nem inovadores, mas
tradicionalistas.?
Entretanto, devo dizer: há católicos que são capazes de ver que é
verdade tudo que disse aqui mas preferem silenciar negar ou até
justificar a triste realidade. O problema não está na inteligência mas
na vontade. Não querem indispor-se com ninguém, muito menos com a
autoridade. Vendem a sua alma por um prato de lentilha ou pela
perspectiva de uma carreira brilhante ou por razões mais sórdidas ainda.
A propósito, lembro-me de que meu professor de Bioética, na Pontifícia
Universidade da Santa Cruz de Roma nos disse um dia que, quando Paulo VI
publicou a encíclica Humanae Vitae em 1968, ele (meu professor) estava
presente numa reunião numerosa de bispos e somente ele e seu bispo
manifestaram-se a favor do documento pontifício. A maioria preferiu
hipocritamente guardar silêncio e fazer um trabalho de sapa a fim de não
perder as benesses da sua posição. Hoje vemos a doutrina da Humanae
Vitae negada escandalosamente pela maioria dos católicos.
Portanto, o pecado, o erro, não é ser tradicionalista. O pecado, o
indecente, é ser oportunista.
--
"Lembre-se, Jesus se fez maldição no nosso
lugar para nos resgatar do reino das trevas e nos
tornar Bendito e justificados para o seu Reino de Luz."
<João Batista>

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