A programação de Jesus para a igreja antes de Sua segunda vinda deve ser maravilhosa. Ele certamente vai purificar os Seus escolhidos de modo a que reflitam mais plenamente e mais puramente a Sua glória e Ele certamente vai testar, provar, a fibra da nossa fé pelas tribulações.
Em face das ilusões de Satanás, Ele poderá soberanamente restaurar o Seu povo, restaurar a graça e o poder sobrenatural em Seu povo para uma época de reavivamento e uma colheita espiritual sem precedentes.
Podemos também esperar ver uma unção especial em nossos jovens e uma fome pelas coisas mais profundas do espírito. Deus está preparando os servos comprometidos para enfrentar os desafios dos últimos anos do século. Ele está restaurando a plenitude da graça, dons, sabedoria, autoridade, necessários para enfrentar um inimigo que sabe que seu tempo é curto e cuja ira vai se desencadeando de uma maneira terrível, conforme nós vemos à nossa volta.
Nessas circunstâncias, um aspecto da programação do Senhor para a igreja, nesses tempos que precedem a Sua segunda vinda, é que o Seu povo entenda o que é o combate espiritual, que Seu povo aprenda a detectar e a lidar com as sutilezas de Satanás. Abertamente nós enfrentamos uma maré de imoralidade, de violência, grande variedade de comportamentos destrutivos da dignidade humana mas, de uma maneira oculta, escondida, nós encontramos grupos cíclicos espirituais, aparentemente intermináveis, que negam o Evangelho e deificam a humanidade.
Muito freqüentemente a igreja é reativa, quer dizer, reage simplesmente na sua resposta a esse fluxo, a essa maré de lama, mas o papel daqueles que são redimidos pelos sangue de Jesus é não estar apenas reagindo a essas situações, mas estar corajosamente antecipando a sua ação, quer dizer, tomando a iniciativa da aç ão, descobrindo e praticando estratégias que penetrem e enfraqueçam a influência do mal.
Não é mistério, já foi revelado, na palavra de Deus que, em algum ponto, Deus permitirá que o adversário construa o que a 2a Tessalonicenses 2,11, chama de poderosa ilusão, acompanhada de sinais e maravilhas sobrenaturais, destinados a enganar e a levar à condenação todos os que se recusem a abraçar a verdade. Haverá prodígios tão grandes que todos esses, que não querem amar a verdade que é Jesus, serão levados de roldão e realmente é triste nós vermos a quantidade de pessoas que vão se deixando levar por esse canto de sereia da Nova Era.
O papel de um filho de Deus, que está em Cristo Jesus, iluminado pelo Espírito Santo, é despertar, é fazer soar um alarme, um grito de "às armas" e ativamente lutar contra esses esquemas no no me e no poder de Deus. A nossa finalidade não é impedir a manifestação do mal. É preciso saber que nós vamos enfrentá-las.
O nosso propósito é redentor, quer dizer, permitir ao Espírito Santo que desamarre as pessoas, libertando-as das armadilhas, das ilusões de Satanás. Mas não se iludam porque é um combate corpo-a-corpo.
São Bento, na sua Regra, diz que o monge, depois de experimentado na luta em comunidade, na madureza da sua vida em Cristo Jesus e sua entrega ao Espírito Santo, pode então se lançar ao combate singular com o inimigo.
Quando se trata do combate espiritual, a maioria dos cristãos não se importa com o drama cósmico. Ficam pensando nas pequenas coisas, nas pequenas escaramuças de cada dia. Nós tratamos dos assuntos relativos à nossa própria sobrevivência espiritual, proteção para os nossos filhos, procuramos encontrar o poder de Deus para tratar das necessidades e das servidões daqueles que nos rodeiam. Como é que nós podemos receber a proteção contra o espírito maligno, proteção prometida por Jesus? Como é que podemos lidar com um amigo da vizinhança que está envolvido em mediunidade ou, como diz a Nova Era, em canalização por transe? Como orar por um jovem fisgado pela droga? E as minhas orações movem a mão de Deus no combate espiritual?
As escaramuças de cada dia são o ponto final, a conseqüência final de um combate muito maior que se trava em outro nível. E é nesse nível mais amplo e mais universal que o combate espiritual é mais relevante. O objetivo, então, é ajudar cristãos a aprender a rezar mais eficazmente e equipá-los com instrumentos para libertarem eles próprios e os outros dos ataques do inimigo. O que precisamos aprender? as dicas para o combate corpo-a-corpo, como discernir e lidar com a opressão pessoal, como rezar eficazmente por nossas famílias, como separar o problema demoníaco dos problemas emocionais, psicológicos e físicos. Como libertar maior poder espiritual em face do mal. Como saber quando as forças malignas atrapalham minha vida familiar, os relacionamentos importantes, a vida na igreja, os compromissos do ministério, a vida de devoção.
Só que a dimensão da vida no reino não deve ser deixada para combatentes isolados, solitários, em ministérios individuais. Nós somos um corpo, nós somos igreja. Resistir ao mal é um aspecto central do ministério de evangelização para todo aquele que crê e deve ser praticado dentro da autoridade protetora da igreja local.Diz o Salmo 97,10: "O Senhor ama os que detestam o mal. Ele vela pelas vid as de seus servos e os livra das mãos dos ímpios. A luz resplandece para o justo e a alegria é concedida ao homem de coração reto."
Na nossa preparação para o combate espiritual convém que ponhamos em prática sempre a palavra da Sagrada Escritura. Uma pergunta que sempre nos vem é "Como podemos saber se um determinado problema é causado por espíritos malignos?" É sempre melhor ser prudente e evitar a tentação de atribuir atividade demoníaca a qualquer problema.
A natureza humana tem certa fascinação pelo mal sobrenatural.
Os níveis de Combate espiritual
O combate corpo-a-corpo
São vários os níveis de combate espiritual. Esse primeiro conflito é o conflito pré-histórico, é um conflito que nasceu antes de a história começar, quer dizer, antes do tempo. Está escrito, nós vimos em Isaías e Ezequiel em que eles descrevem essa queda daquele anjo de luz. Em Isaías 14,12-14, Ezequiel 28,11-19, esse conflito pré-histórico não acabou porque é antes do tempo e continua com o tempo. Portanto, é atual, conflito entre o Criador e os seus anjos fiéis de um lado e a hierarquia rebelde das forças malignas sob Satanás, do outro.
Nós podemos apenas especular sobre o combate corpo-a-corpo que se supõe ocorrer nesse nível. A Bíblia não diz exatamente como anjos e demônios combatem. O Livro de Jó revela um tipo d efinido e mais formal de interação entre Satanás e Deus. Como adversário, oponente da justiça, Deus permite ao Diabo uma certa latitude para fazer o seu trabalho sujo de iludir o homem e provocar desastres na terra. No entanto, ele está preso a uma corda soberana, servindo como tentador e testador moral dos homens.
É impressionante essa disposição de Deus. Como São Pedro diz que o diabo é como um leão que ruge buscando quem devorar e, uma comparação, é de um cachorro que está preso a uma árvore por uma corda comprida. Então, ele fica rodeando ali mas não pode sair daquele círculo, daquela coisa. E procura atrair os homens a esse círculo dele. Esse é o seu trabalho. Ele tem uma certa latitude, Deus permite, como nós lemos no Prólogo do Livro de Jó, que ele vá até um certo ponto. Diz "faça, pode fazer, mas não lhe to ques na vida." Quer dizer, Deus permite até um certo ponto. E por que Deus permite isso? Porque essa ação do inimigo pode fortalecer a nossa fé, pode fortalecer o nosso comportamento moral. A tentação é permitida por Deus tendo em vista o bem que Ele pode tirar daí.
Dom Cipriano Chagas, OSB, é monge beneditino, fundador da Comunidade Emanuel, escritor, pregador e um dos precursores da Renovação Carismática Católica no Brasil.
http://www.comunidadeemanuel.org.br/
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