domingo, 12 de dezembro de 2010

IGREJAS PARA TODAS AS TRIBOS


OFERECENDO DOUTRINAS MAIS FLEXÍVEIS, ABREM AS PORTAS PARA ACOLHER GENTE QUE NÃO SE ENQUADRA NAS IGREJAS TRADICIONAIS
Aos 18 anos, o estudante Vítor Lima pensava em se mudar para Portugal, onde estudaria para se tornar um frei franciscano. Os dreadlocks no cabelo, os brincos e as tatuagens, porém, não combinavam com a vida eclesiástica. Na época, ainda indeciso, Vítor foi a um show de death metal (um estilo mais pesado que o heavymeta!) no galpão da Comunidade Zadoque, na zona oeste de São Paulo. Ele não sabia que aquele galpão era uma igreja evangélica, fundada e freqüentada por pessoas que também curtiam rock pesado e tatuagens. Naquela noite, a banda escalada para tocar era comandada pelo pastor da igreja, um sujeito cabeludo e cheio de piercings. Durante o show, diz Vítor, hoje com 22 anos, Deus falou diretamente com ele. Não precisava abrir mão do seu modo de ser e de vestir para vivenciar sua fé. Ele não teve dúvida esqueceu a Europa, fez mais dez tatuagens e converteu-se à fé pentecostal.
Assim como Vítor, pessoas que não encontraram abrigo em nenhuma crença religiosa têm se reunido em igrejas próprias. Nos últimos anos, surgiram templos evangélicos para gays, ciganos, góticos, punks, surfistas e outras tribos que não se enquadravam nas doutrinas tradicionais. Em dez anos, o número de fiéis de origem pentecostal mais que dobrou. Os responsáveis por esse aumento foram os jovens, que somam 62% dos 17,6 milhões de evangélicos brasileiros, segundo o IBGE. Boa parte desses recém-convertidos não precisou abandonar suas tradições, convicções ou seu estilo de vida: foram as igrejas que se moldaram ao perfil deles. Os dados do Censo de 2000 confirmam: na última década, surgiram 1 200 novas denominações religiosas, sendo que de 60 a 70% eram igrejas pentecostais. Esse fenômeno de multiplicação de templos foi chamado de "pulverização pentecostal".
"A quase individualização dos templos espirituais é uma marca dos protestantes", afirma o historiador Paulo Siepierski, membro da Igreja Batista do Recife. Segundo ele, a cisão dos evangélicos em núcleos específicos tem origem na Reforma Protestante comandada por Martinho Lutero, em 1517. Desde o momento em que o teólogo alemão fixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittemberg, na Alemanha, contra algumas práticas católicas, foi aberto o caminho para a partilha das igrejas. Ele rompeu com a Igreja para adaptar-se a uma sociedade nascente. "Quando Lutero retirou da instituição cristã a responsabilidade pela salvação e passou-a para o indivíduo, surgiram milhares de templos", diz Paulo. O chamado "individualismo protestante" dá a cada um liberdade para interpretar a Bíblia e alcançar a graça divina.
"Na Igreja Católica tradicional, por exemplo, isso não ocorre. Ela é monolítiica, assim como outras religiões centralizadoras", afirma ele. O Protestantismo, ao contrário, dá liberdade aos seus seguidores para fundar igrejas e adaptar doutrinas. Criar novos templos não é complicado. Bastam alguns passos burocráticos e um regimento interno que não viole a Constituição. De acordo com Paulo, essa possibilidade de fragmentação é o modo de as igrejas evangélicas adquirirem novos seguidores. "Para levar o Evangelho a públicos que ainda não foram alcançados, a igreja se divide de acordo com seus adeptos", diz.
Segundo o pesquisador Lourenço Kraft, do Serviço para a Evangelização da América Latina (Sepal), uma missão evangélica cujo objetivo é propagar a Palavra de Cristo, a história religiosa está repleta de igrejas que surgem para responder a demandas sociais. "Como a sociedaade está em contínua evolução, é mais fácil criar algo diferente que adaptar uma instituição antiga, com tradições obsoletas, para disseminar o Evangelho", afirma ele.

PREGAÇÃO AO SOM DE METAL:
Todos os sábados, às 15 horas, cerca de 50 jovens reúnem-se em um galpão no bairro da Barra Funda, em São Paulo, para estudar os ensinamentos deixados por Cristo. Exceto pelas roupas pretas e Bíblias com adesivos de bandas de rock, tudo ali lembra uma reunião de evangélicos tradicionais. No fim da tarde, no entanto, quando as negras cortinas do palco nos fundos do galpão se abrem e pesados acordes de guitarras ecoam pelo ambiente, esse cenário se transforma. Ensandecida, a platéia formada por 300 punks, skinheads, góticos e metaleiros clama pelo vocalista da banda Antidemon. Ao som de um death metal ensurdecedor, ele grita paara o público: "Se você quer a paz que não encontra em droga, sexo ou bebida, nos dê a mão!" Rapidamente, centenas de braços levantam-se. Em altos brados, a platéia repete: "Morte, fora!" Dezenas de jovens choram ao sentir a presença do sobrenatural, entregando-se completamente ao chamado divino.
"Nossa arma para trazer as pessoas para Deus é a música, diz o pastor Antônio Batista, de 36 anos, o vocalista tatuado e cheio de piercings que estende a mão a seus fiéis. Ele e a mulher, a também pastora Elke Nascimento, são os fundadores da Comunidade Zadoque, uma igreja evangélica que louva a Deus por meio do rock pesado. Seu público, antigos integrantes de grupos rivais, hoje mantém a agressividade apenas no visual. "Buscamos a escória da sociedade, discriminada nas igrejas tradicionais", afirma o pastor Antônio.
Segundo ele, a história do templo começou em 1994, quando, em uma noite, sonhou que era o vocalista de uma banda de heavy metal e cantava para uma platéia com visual agressivo. Evangélico, filho de um pastor presbiteriano e vindo da classe média, Antônio não conhecia nada de heavy metal e sequer tinha tido contato com pessoas desse meio. Depois de enfrentar sérios problemas financeiros, ele se tornou temporariamente catador de papelão. Nas andanças pelas ruas de São Paulo, conheceu punks, hippies, metaleiros, gente envolvida com bebida e drogas. Para Antônio, o "chamado" estava ali: encontrar um jeito de ajudar àquelas pessoas. Foi quando decidiu criar a banda Antidemon.
Na época, o casal fazia parte da Renascer em Cristo, igreja neopentecostal surgida na década de 80, famosa por atrair milhares de jovens em seus cultos. "Mas, pouco a pouco, começamos a sentir que não íamos nunca ter espaço ali. Nosso som e nossa atitude eram muito radicais", diz a pastora Elke. Em 2000, o galpão na Barra Funda passou a receber os seguidores da nova igreja, que hoje lotam o local todos os fins de semana, quando ocorrem cultos e shows.
"Eu achava que só tinha duas opções: morrer ou matar. Mas, no fundo, sempre soube que a vida não poderia ser um vazio completo", diz o fiel Ricardo Souza, de 24 anos. Integrante do movimento punk na adolescência, ele conta que, quando conheceu a Comunidade Zadoque, deixou as drogas e resgatou a Bíblia guardada na gaveta do criado-mudo. ''Agora tenho as respostas que buscava e sei como fazer para encontrar a felicidade", afirma Ricardo.
''A igreja conservadora não comporta esses novos adeptos, daí a necessidade de templos com feições diferentes", diz o sociólogo Ricardo Mariano, da PUC do Rio Grande do Sul. Ritmos profanos e cultos menos tradicionais são estratégias antigas para criar vínculos entre os fiéis e a instituição religiosa. "A Renascer em Cristo foi pioneira no emprego desses recursos: estabelecia um alvo e seduzia o público", afirma o sociólogo. "O argumento de que Cristo pregava para os perdidos é amplamente utilizado nas novas igrejas."
Conhecido também por "christian metal", "unblack metal" ou, simplesmente, "metal cristão", trata-se de um rock geralmente pesado que, visto de fora, em nada difere do seu correspondente mundano, o heavy metal. Na verdade, o "white metal" é um termo genérico, tal como o "heavy metal", para um conjunto mais amplo de sonoridades de rock pesado. Assim, se o heavy metal comporta sub-estilos como death metal, black metal, trash metal, industrial, gothic, grind, etc., também o white metal comporta os correspondes evangélicos destes sub-estilos.
Esses estilos são, mormente, celebrados no interior daquilo que seus cultuadores chamam de "cena underground cristã", ou seja, do conjunto de igrejas, "ministérios", "bares evangélicos", casas de show, estúdios de gravação, etc. dedicados a esse estilo de música. Alguns desses "ministérios" (organizações evangélicas interdenominacionais) ou igrejas já se tornaram referências obrigatórias para esse segmento jovem: Comunidade Zadoque (São Paulo), Caverna de Adulão (Belo Horizonte), Manifesto Underground (Uberlândia), Ministério Metanóia (Niterói), Ministério Milícia (Vila Velha), Ministério Underground Ossos Secos (Florianópolis), Missão Urbana Ossos Secos (João Pessoa), Caverna do Rock Missões Urbanas (Juiz De Fora), Comunidade Alternativa Restaurar (São Gonçalo), Jocum Underground (Goiânia), Ministério Impacto Urbano (Governador Valadares), Verbo Missões Urbanas (Macaé), etc.
surfistas, jovens de classe média e famosos
Poucos metros separam dois points da juventude carioca: a Praia do Pepê e o templo da igreja Bola de Neve Church, ambos na Barra da Tijuca. Na praia, os surfistas usam as pranchas para pegar onda e, nos cultos, elas estão no altar. É isso mesmo. Criada há quase uma década por um surfista de São Paulo, Rinaldo de Seixas Pereira, a igreja nasceu com o objetivo de aproximar os jovens da religião. Hoje, os cultos mostram que a meta foi alcançada. Qualquer um dos 75 templos espalhados pelo País fica lotado de meninas e meninos bronzeados, bonitos, malhados, tatuados. De quebra, ela também está conquistando famosos como os atores Guilherme Berenguer, Fernanda Vasconcellos, Thiara Palmieri, Alexandre Frota e o cantor e ex-Raimundos Rodolfo. O que atrai tanta gente? Há, certamente, mais de um motivo. O púlpito em forma de prancha, a pregação embalada pelo reggae, a Bíblia com imagens de esportes radicais na capa, além de pista de skate. O culto parece uma festa. Mas os preceitos bíblicos, entre os quais virgindade até o casamento, são o centro das atenções. Segundo Eduardo Refkalefsky, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em comunicação religiosa, o sucesso está justamente no equilíbrio entre forma e conteúdo: “A Bíblia é apresentada com uma linguagem jovem. A informalidade é atraente e gera identificação”, afirma.
Tudo é diferente, a começar pelo nome. Bola de Neve quer dizer algo que não pára de crescer. “Acreditávamos que a igreja começaria pequena e ficaria grande, como uma avalanche”, explica Rinaldo, o pastor Rina, 36 anos, ex-usuário de drogas que se tornou evangélico após contrair uma hepatite, em 1992. “O nome é diferente porque a igreja é diferente”, resume. O ator Guilherme Berenguer concorda. Ele encontrou na Bola de Neve um ambiente estimulante: “O que fascina é a possibilidade de receber orientação espiritual de uma forma completamente descontraída e livre. Não tem o peso que eu sentia na escola dominical quando criança. Eu não absorvia tanto os ensinamentos da forma como eram passados. Não tinha essa identificação.” Sempre que pode, o ator vai aos cultos, que são realizados duas vezes por semana, aos domingos e às quartas-feiras.
Cânticos em ritmo de reggae e rock dão início à reunião. Os nossos jovens dançam, acompanhando os passos de duas dançarinas que agitam lenços coloridos. De calça jeans, tênis e camisa florida, o pastor Gilson Mastrorosa, 33 anos, sobe ao altar meia hora depois. “A igreja tá bombando”, diz ao microfone, arrancando palmas dos fiéis, que ainda procuram um lugar para sentar ou mesmo ficar em pé. Ele pára e observa a movimentação. De repente, se joga no chão, simulando um cochilo. As gargalhadas são inevitáveis. “Pára de palhaçada. Vamos prestar atenção”, pede, ainda rindo, ao se levantar. Mas as brincadeiras continuam, mesmo durante o casamento de dois vendedores que superaram uma crise conjugal. “Deixa ver se essa aliança não é dá China”, brinca, antes de celebrar a união de Fernanda de Lucena e Roberto de Azevedo, ambos de 33 anos. “A gente não faz tipo de pastor. No altar somos nós mesmos”, afirma, convencido de que isso é uma vantagem.
O pastor, porém, pára com as gracinhas ao pedir a colaboração dos fiéis. É hora do dízimo. Embora mantenha o tom informal, recheado de gírias, o discurso também é mais sério quando começam os estudos bíblicos. Segundo o professor Refkalefsky, da UFRJ, a Bola de Neve tira proveito das novas tecnologias, muito utilizadas pelos jovens. “Além do site, que mais parece o de uma grife de surfwear, eles são muito populares em páginas como o Orkut. Esse boca a boca virtual a ajuda a crescer”, argumenta. A informalidade, contudo, não se confunde com flexibilidade. Quem é da igreja segue a Bíblia. Ninguém está proibido de ir a festas, mas os jovens fiéis acabam evitando as noitadas, normalmente regadas a bebidas. É o caso da estudante Milla Knesse, 17 anos, que se converteu aos 14 e já começa a fazer pregações para adolescentes. “Não vou mais a alguns lugares aonde ia porque meus objetivos mudaram, mas continuo saindo muito”, diz Milla, que pega onda, faz kitesurf e usa as mesmas roupas das meninas de sua idade. Mas não namorou mais desde que se converteu. “Entrei na igreja namorando um menino que não freqüentava. Eu achava que não íamos terminar, mas não deu certo”, lembra. Terá mais chances com a bela garota um parceiro que também goste de Jesus.
http://www.boladenevechurch.com.br/
cristão pornô

Igreja americana discute indústria do sexo sob a ótica cristã na Rolling Stone,eles querem que a sociedade reflita sobre seu grau de envolvimento com a indústria pornográfica – e todos os malefícios que isso acarreta. Desde 2002, o americano Craig Gross, de 32 anos, mantém a XXXChurch (www.xxxchurch.com), autodenominado primeiro site cristão pornô, que se propõe a discutir a indústria do sexo pela ótica do cristianismo. O fundador da página afirma em reportagem da edição de maio da revista Rolling Stone (www.rollingstone.com.br) não adotar abordagens moralistas e que não quer apontar o dedo para ninguém ou acabar com esta indústria. “Acho que a pornografia machuca, degrada a mulher, atrapalha os relacionamentos e, freqüentemente, substitui a vida sexual de alguém”, afirma Gross. Os debates promovidos pela igreja em universidades e igrejas dos Estados Unidos já ultrapassaram fronteiras e chegaram à Nova Zelândia e têm datas marcadas na Austrália. Quem participa dos debates é o “Rei do Pornô” Ron Jeremy, famoso por sua atuação em mais de 1800 filmes e pela direção de mais cem. A relação entre o astro e o pastor é amigável. “Não quero a vida dele, mas sinto que podemos ser amigos, trabalhos à parte. É o que espero que todos vejam – e coloquem essa questão em uma nova visão de cristianismo. O debate não seria possível se não fôssemos amigos”, diz Gross. O Brasil também possui a sua igreja pornô, a SeXXX Church (www.sexxxchucrch.com), criada no ano passado por membros da Igreja Evangélica Projeto 242. Eles já tentaram, sem sucesso, contato com a produtora da série Brasileirinhas para promover debates sobre o assunto no Brasil. “Não queremos julgar ninguém nem apontar os defeitos, apenas andar ao lado dessas pessoas”, esclarece o idealizador do site Jota Mossad.
MISTURA DE TRADIÇÕES
As ciganas reunidas, domingo à noite, no templo de Campinas, no interior de São Paulo, já não sabem adivinhar a sorte: trocaram a interpretação das linhas das mãos pela leitura da Bíblia. Mas na Assembléia de Deus da Comunidade Cigana, onde se encontram toodos os fins de semana para louvar ao Senhor, elas ainda enfeitam os cabelos com lenços coloridos e cantam em romanês, sua primeira língua.
"No início, ouvíamos essa ladainha evangélica só por educação. Estávamos acostumados a banquetes de três dias em homenagem a santos cristãos, com muita bebida. Não queríamos nem saber de ser crentes", diz o cigano Emílio Hudorovich, de 61 anos, pastor da Assembléia de Deus desde 1990. Na metade da década de 80, um missionário venezuelano evangélico veio ao Brasil trazer a mensagem de Jesus aos ciganos. De uma só vez, batizou cerca de 200 famílias sem que a resistência do restante do clã fosse obstáculo à conversão. Como a demanda era grande, dois membros da comunidade foram consagrados pastores: Emílio e seu primo Henrique Hudorovich, que sabiam pouco da Bíblia, mas concordaram em ser os primeiros ciganos a se tornar clérigos evangélicos no Brasil.
"Historicamente, somos muito ligados a Deus", conta Emílio. O local das reuniões era um salão da Assembléia de Deus, hoje matriz de outras cinco instituições pentecostais ciganas, no Brasil. Os cultos têm forte presença de elementos culturais ciganos, misturados à tradição evangélica. "Algumas concessões precisaram ser feitas, senão ninguém ia aparecer na igreja", afirma o pastor Emílio. "É muito difícil derrubar costumes ancestrais de uma só vez." Danças e bebidas alcóolicas permanecem liberadas aos fiéis, somente os pastores não ingerem álcool. Os rituais são falados na língua de cada tribo e as músicas seguem os ritmos ciganos. A iugoslava Daniela Breschak, de 51 anos, uma das primeiras batizadas em Campinas, afirma que continua tão cigana como era antes de sua conversão. Dos costumes antigos, ela só abandonou a leitura de mãos, que hoje considera algo demoníaco. "A gente nem sabia o que estava lendo, olhava lá e adivinhava", diz ela.

A FÉ NÃO TEM SEXO
A explicação para o nome da Igreja Acalanto é simples: assim como a mãe acalenta seus filhos com carinho e compreensão, esse novo templo também aceita seus fiéis como nasceram. Os cerca de 40 homossexuais que freqüentam os cultos semanais da igreja não precisam modificar sua orientação sexual ou reprimir seus desejos afetivos. Ali; podem estar bem consigo mesmos e com Deus.
O responsável pela fundação dessa igreja para gays e lésbicas é o chileno Victor Orellana,que vem. de uma família de religiosos metodistas. Aos 24 anos, quando se afirmou como homosssexual, rompeu os laços com sua igreja e passou anos buscando um 'lugar para praticar sua espiritualidade." Era como se faltasse um pedaço de mim. Exercia minha afetividade, mas precisava do contato com Deus". afirma. Depois de ser consagrado pastor por Nehemias Marien (o único clérigo favorável à causa homossexual no Brasil, integrante da Igreja Presbiteriana Betesda), encontrou outros gays que também sofriam preconceito em sua igrejas e decidiram se reunir para interpretar passagens da Bíblia com base na doutrina pentecostal. Em julho de 2003, a Igreja Acalanto abriu suas portas e, aos 32 anos, Victor tornou-se seu primeiro pastor. ''As igrejas falharam em seu papel de minimizar o sofrimento. Seu propósito verdadeiro é dar respostas, tornar as pessoas felizes, e não tapar a boca", diz.
Encarada como desvio no meio religioso, a homossexualidade costuma ser reprimida nos templos. "Por dez anos, tentei todos os tipos de terapia e tratamento da igreja de que participava para me tornar heterossexual", conta o evangélico Jefferson Marques, de 30 anos. "Mas isso não é possível. Com o passar do tempo, desenvolvi uma disritmia cerebral e até hoje tomo remédios." Há nove meses, chegou à Acalanto. Segundo ele, temia ser excluído das atividades religiosas, como ocorria na Igreja Cristã Maranata, que freqüentava desde criança. "Mas aqui encontrei abrigo. Nunca me senti tão feliz", afirma ]efferson.
Para conciliar a comunidade homossexual e a Bíblia, o pastor Victor faz uma interpretação "histórico-crítica" das palavras de Cristo. Agumas passagens das escrituras defendem a escravidão ea submissão feminina, situações rejeitadas atualmente. Por que o gay tem de continuar sendo discriminado?", diz. De acordo com ele, as igrejas tradicionais não acompanharam a evolução da sociedade e, por isso, novos templos surgem como resposta a questões contemporâneas - a homossexualidade é um exemplo. "Aqui, não enxergamos pessoas com suas diferenças, mas, sim, seres humaanos e suas almas", afirma Victor.
Rita de Cássia Loiola - Revista das Religiões
 
http://manifestzine.blogspot.com/2009_03_01_archive.html

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