quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A inveja, a paz e a morte!

 
Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Escolhi como tema desta pregação: a inveja. A inveja é um vício capital que se espalhou pelo mundo inteiro e que invadiu todos os ambientes; e por isso, não se pode tirar a razão ao provérbio Italiano que diz: “Se a inveja fosse febre, o mundo todo a teria”.
Alguém poderia perguntar-me: o que é a inveja? Eu lhe daria a seguinte definição: A inveja é o vício pelo qual o homem experimenta tristeza profunda em face do bem alheio, acompanhada do desejo de que esse bem seja destruído.
Está claro que o invejoso é amigo do demônio. Ele nunca se contenta com aquilo que possui ou recebe, e fica revoltado com os benefícios, elogios ou felicidade de qualquer tipo atribuídos à outra pessoa. Veja que grande mal é a inveja!
Quem foi o primeiro a ter inveja? Você sabe? Foi o demônio. Das chamas do inferno, ele contemplou os nossos primeiros pais Adão e Eva, felicíssimos no jardim das delícias, e, não podendo gozar da alegria deles, quis que eles sofressem do seu tormento. Transformou-se em serpente, e fez Eva comer o fruto da perdição. No livro da Sabedoria 2, 24 diz: “Foi pela inveja do diabo que a morte entrou no mundo, mas desde esse dia todos os invejosos não fazem senão imitá-lo”.
O invejoso imita ao demônio. O Frei Pedro Sinzig diz: “A inveja assemelha o homem a Satanás”.
A Bíblia fala sobre algumas pessoas que imitaram o demônio.
Quem imitou ao demônio na família de Adão? Foi Caim, ele tinha inveja de seu irmão Abel. Abel cuidava das ovelhas e Caim cultivava a terra; no livro de Gênesis 4, 3-5 diz: “Passado o tempo, Caim apresentou produtos do solo em oferenda a Deus, Abel, por sua vez, também ofereceu as primícias e a gordura de seu rebanho. Ora, Deus agradou-se de Abel e de sua oferenda. Mas não se agradou de Caim e de sua oferenda, e Caim ficou muito irritado e com o rosto abatido”. E Caim, cheio de inveja e irritado disse para Abel: “Vamos ao campo” (Gn 4, 8), e no mesmo capítulo e versículo diz: “E, como estavam no campo, Caim se lançou sobre seu irmão Abel e o matou”. O Bem-aventurado José Allamano diz: “A inveja matou Abel: de fato, Caim o matou porque viu que os sacrifícios do irmão eram preferidos por Deus”. Cuidado! O invejoso é capaz de cometer loucuras, por isso, escreve o Pe. Orlando Gambi: “Deus te salve do invejoso!”.
E na família de Jacó, quem imitou ao demônio? Foram os onze irmãos que o imitaram. Os onze irmãos, vendo como seu velho pai, Jacó, amava José mais do que a todos os seus outros filhos, começaram a odiar seu irmão e não mais lhe falavam com amor… E, um dia, apenas o viram chegar ao campo, disseram uns aos outros: “Eis que chega o tal sonhador! Vinde, matemo-lo, joguemo-lo numa cisterna qualquer; diremos que um animal feroz o devorou. Veremos o que acontecerá com seus sonhos!” Veja só a loucura que o invejoso pode cometer; tome cuidado com ele. Santo Agostinho via na inveja o “pecado diabólico por excelência”.
No livro do Gênesis 26, 12-15, fala sobre a inveja dos Filisteus contra Isaac: “Isaac semeou naquela terra e, naquele ano colheu o cêntuplo. Deus o abençoou e o homem se enriqueceu, enriqueceu-se cada vez mais, até tornar-se extremamente rico. Ele tinha rebanhos de bois e ovelhas e numerosos servos. Por causa disso os Filisteus ficaram cheios de inveja. Todos os poços que os servos de seu pai haviam cavado, do tempo de seu pai Abraão, os Filisteus os haviam entulhado e coberto de terra”. Está claro que o invejoso comete loucuras contra o invejado.
Caríssimo católico, a inveja do rei Saul contra o jovenzinho Davi foi monstruosa, preste atenção. Quem sabe com você já aconteceu ou acontece o mesmo.
Saul sempre fora um rei forte e vencedor; mas eis que um dia, dos campos em que apascentava o seu rebanho, chega Davi. Este também, forte e vencedor. Depois do jovenzinho Davi ter matado o Filisteu, o gigante Golias, as mulheres fizeram festa, vinham de todas as cidades de Israel para cantar na presença do rei Saul. Elas cantavam dizendo: “Saul matou mil, mas Davi matou dez mil” (1 Sm 18, 7).
O rei Saul escuta o cântico e sente inveja. Desde aquele dia, ele não pôde mais ver Davi, senão com olhos maus; a Palavra de Deus em primeiro Samuel 18, 8-9 diz: “Então Saul se indigou e ficou muito irritado e disse: ‘A Davi deram dez mil mas, a mim só mil: que mais lhe falta senão a realeza?’, desse dia em diante, Saul sentiu inveja de Davi”.
Saul ouviu o cântico e tornou-se intratável, insociável, triste até ficar louco. No primeiro livro de Samuel 18, 10 diz: “… Saul começou a delirar no meio da casa”, e a inveja de Saul contra Davi era tão grande, que ele o tentou matar por várias vezes.
Em primeiro Samuel 18, 10-11 diz: “Davi tocava a lira como nos outros dias, e Saul estava com a lança na mão. Saul atirou a lança e disse: ‘Encravarei Davi na parede!’, mas Davi lhe escapou duas vezes”; no versículo 29 do mesmo capítulo diz: “Então Saul teve mais medo ainda de Davi, e todos os dias, alimentava a hostilidade que tinha contra ele”.
No mesmo livro, primeiro Samuel 19, 1 diz: “Saul comunicou a seu filho Jônatas e a todos os seus oficiais a sua intenção de levar Davi à morte”, e no versículo 10 do mesmo capítulo diz: “Saul procurou transpassar Davi contra a parede, mas Davi se desviou e a lança se encravou na parede. Então Davi fugiu e escapou”. Prezado católico, tome cuidado com o invejoso, ele é capaz de cometer loucuras; a inveja não é um mistério, mas o invejoso sempre é misterioso. O invejoso encontra um jeito de disfarçar sua inveja, mas nunca consegue escondê-la.
Quem sabe na sua família você sofre a mesma perseguição que Abel sofreu por parte de seu irmão Caim. Você faz de tudo par agradar a Deus: reza, participa da Santa Missa, busca a santidade, etc., e os seus próprios familiares tentam de destruir, te convidando para “passear no campo”, que é o mundo, inimigo da nossa alma; e nesse campo te matarem espiritualmente, ou quem sabe até fisicamente.
Você pergunta se isso é possível? Claro que é possível. A mãe de São Venceslau, uma tal de Draemira, matou por inveja a sua sogra, que havia educado cristãmente a São Vencelalu, e mandou o seu filho Boleslau, irmão menor de São Venceslau, matá-lo a punhaladas. E se você não tomar cuidado, um dos invejosos poderá te pegar de surpresa, eles são milhões e milhões.
Católico, quem sabe na sua casa você sofre a mesma perseguição que José sofreu por parte de seus onze irmãos. No livro de Gênesis 37, 3 diz: “Israel amava mais a José do que a todos os seus outros filhos”, e como já foi falado, eles tentaram matá-lo por inveja.
Ás vezes você é aquele filho educado, bondoso e carinhoso com os seus pais; que se preocupa em alegrar os mesmos com presentes e os ajuda dando-lhes atenção de um verdadeiro filho; e os seus pais dão mais atenção para você, do que para os outros filhos; então o “caldeirão” começa a ferver de inveja, e você acaba sendo criticado e até ameaçado pelos demais. Não fique assustado e nem se recue, continue fazendo o bem para os seus pais, e assim quem sabe diante desse seu bom exemplo, os invejosos acabarão acordando.
Quem sabe, católico, você sofre a mesma perseguição que Isaac sofreu por parte dos Filisteus invejosos.
Como já foi falado, no livro de Gênesis 26, 12-15 diz: “Isaac cultivou bem a terra e fez uma ótima colheita. Deus o abençoou e ele ficou muito rico, ele possuía também bois e ovelhas”, e diante desse seu sucesso, diz a Palavra de Deus, “… os Filisteus ficaram com inveja”.
Ás vezes você trabalha honestamente para construir uma casa, sofre muito para comprar o material; enquanto isso, os vizinhos invejosos e preguiçosos que não gostam de trabalhar, os Filisteus de hoje, ficam torcendo para que a sua casa caia ou então roubam o material, só por inveja, para não deixar você construí-la.
Às vezes você resolve com muito sacrifício montar um comércio, e a vizinhança com inveja da sua iniciativa, te calunia no bairro, só com a intenção de afastar os fregueses da sua loja.
Caríssimo católico, quem sabe você sofre no seu emprego, aquela mesma perseguição que Davi sofreu por parte do rei Saul, como já foi explicado há pouco.
Ás vezes, no colégio onde leciona, você é dedicado e responsável, e o diretor começa a te perseguir; ele inventa defeitos e te critica; tudo isso é fruto podre da inveja.
Você trabalha em uma loja e é muito procurado pelos fregueses, com certeza, os outros funcionários fazem fofocas a seu respeito para o gerente, com a intenção de te prejudicar. Cuidado prezado católico, cuidado com o invejoso; os coveiros enterram os mortos, enquanto que o invejoso enterra os vivos. Os porcos fuçam as coisas, o invejoso fuça as vidas! E dificilmente o invejoso fica sem ir até ao ridículo!
Citei apenas dois exemplos: sobre o professor que é perseguido pelo diretor, e sobre o funcionário de uma loja, que é perseguido pelos colegas de trabalho; mas a perseguição por causa da inveja acontece em todos os ambientes: no futebol, no exército, nas fazendas, enfim, em todos os lugares; também na religião, entre os leigos e entre o clero, como escreve o Bem-aventurado José Allamano: “Nas comunidades, as faltas mais freqüentes são contra a caridade, depois as da inveja”, e o mesmo acrescenta: “A inveja não é apenas um vício das mulheres, mas também dos homens, dos jovens e velhos. É alem disso, muito comum entre os religiosos”.
Atenção, muita atenção católico, você precisa conhecer bem suas amizades, para saber se são pessoas invejosas ou não.
Indicarei quatro sinais para você saber se uma pessoa é invejosa; preste atenção:
 
1º sinal para saber se uma pessoa é invejosa:
Alegrar-se com mal alheio. Se você percebe que uma pessoa se alegra com a desgraça do próximo, que sente prazer por qualquer insucesso ou fracasso do próximo, então já descobriu uma pessoa invejosa. Na primeira Carta de São Pedro 2, 1 diz: “Rejeitai… qualquer espécie de inveja”. Cuidado com esse tipo de gente; isto é, cuidado com a pessoa que se alegra com o mal alheio, a mesma é pior que o diabo, como escreve São João Crisóstomo: “Os invejosos são piores que o diabo, pois o diabo não inveja os outros diabos, ao passo que os homens não respeitam sequer os participantes da sua própria natureza”.
 
2º sinal para saber se uma pessoa é invejosa:
Entristecer-se com o bem alheio. Se você percebe que uma pessoa se entristece, só porque você subiu de cargo, ela é invejosa, tome cuidado, ela é venenosa.
O invejoso não consegue se controlar diante do sucesso do próximo, ele fica inquieto e se transforma num monstro da seguinte forma: Enruga a testa, cerra os dentes, torce o nariz, fica com o semelhante azedo e olhos fixos no chão; sobre esse monstro pior que Satanás escreve o Pe. Orlando Gambi: “A inveja quando não destrói o invejado, tira a paz do invejoso!”
 
3º sinal para saber se uma pessoa é invejosa:
Reprimir os louvores dados aos outros.
O invejoso não suporta ouvir ninguém ser elogiado, logo diz algo contra a pessoa que foi elogiada, ele encontra defeito em tudo, como escreve o Pe. Orlando Gambi: “Aos olhos do invejoso qualquer defeito dos outros é grande!”, e o mesmo padre diz também: “O invejoso também vê o bem, mas sempre com maus olhos”, até das pessoas santas o invejoso tenta tirar alguma coisa, não podendo negar o louvor aos santos, ele o faz com avareza e reserva. Quanta maldade!
 
4º sinal para saber se uma pessoa é invejosa:
Falar mal do próximo.
A língua do invejoso se assemelha a uma metralhadora incontrolável; a sua inveja é tão grande, que ele fala mal do próximo publicamente e também em segredo, e quanto aos defeitos dos outros, o invejoso sempre aumenta ou inventa. São Gregório Magno escreve o seguinte: “Da inveja nascem o ódio, a maledicência e a calúnia”.
O invejoso se assemelha ao cachorro louco, porque com a sua boca maligna morde a fama do próximo.
Caríssimo católico, a inveja não é uma brincadeira ou um passa tempo, a inveja é pecado. A inveja, plenamente consentida, é pecado mortal, porque é diretamente oposta à virtude da caridade, que exige que nos regozijemos do bem dos outros. Quanto mais importante é o bem que se inveja, tanto mais grave é o pecado. Ter inveja dos bens espirituais do próximo, entristecer-se dos seus progressos e dos seus triunfos apostólicos é pecado gravíssimo; mas é evidente que quando os movimentos da inveja não passam de impressões, de sentimentos irrefletidos, o pecado ou não existe, ou, ao máximo, é pecado venial.
O Catecismo da Igreja Católica, no nº 2538 diz: “A inveja pode levar às piores ações”.
Alguém poderia perguntar-me se existem remédios para combater a inveja! Eu diria que sim; e é justamente sobre esses remédios que falarei em seguida, para ajudar aqueles que possuem esse veneno no coração, a tirá-lo o mais rápido possível, antes que venham a falecer.
O primeiro remédio para combater a inveja, segundo o Bem-aventurado José Allamano é a oração. Ele escreve: “O primeiro remédio é sempre a oração: pedir a Nosso Senhor que nos faça conhecer que somos invejosos e nos dê a graça de vencer-nos”.
O segundo remédio para combater a inveja é dado por São Basílio Magno: “Avaliar as coisas mundanas pelo que valem”; está claro, que as coisas mundanas não dão a felicidade: são porventura felizes e ricos, são acaso mais contentes do que nós as pessoas honradas pelo mundo? Lembre-se também, de que as coisas mundanas não são eternas. Pensai que na hora da morte, nenhuma soma de dinheiro não vos alongaria a vida nem por um minuto.
O terceiro remédio para combater a inveja é dado pelo Bem-aventurado José Allamano: “(Devemos) examinar-nos sobre a inveja, especialmente na confissão, arrependendo-nos e fazendo o propósito de usar os meios práticos para nos emendar”. O exame de consciência sobre a inveja deve ser sincero e rigoroso, somente assim emendaremos de vida, porque alguns sentem preguiça de aprofundar nos exames de consciência, com medo de conhecê-lo, e, conseqüentemente, ter que se corrigir.
O quarto remédio para combater a inveja nos é proposto por São Bernardo de Claraval: “Considerar a inutilidade da inveja”.
Realmente, é uma tolice invejar os outros. Quem tem, tem, e não lhe podemos tirar.
Assim como a ferrugem consome o ferro, assim também a inveja não faz outra coisa senão roer o invejoso. A inveja é como um caruncho, é como uma serra, é como uma víbora na alma do invejoso. O que ganham, pois, os invejosos? Ganham o que as borboletas ganham quando voam em torno da chama de uma vela, como que para apagá-la raivosamente com as suas asinhas: giram e tornam a girar, batem e se debatem até que, cansadas e queimadas, caem mortas, enquanto a chama continua a brilhar. Assim também aqueles que se iludem, com as ânsias de apagar aos outros a chama da virtude ou da fortuna, acabam por cair queimados. E queira Deus que não seja no fogo do inferno. O invejoso é realmente estúpido e ridículo.
O quinto remédio para combater a inveja é dado pelo Bem-aventurado José Allamano: “Considerar os prejuízos que a inveja causa à alma e ao corpo”. Sabemos, católico, que a inveja é uma tristeza, uma melancolia, uma espécie de doença de coração, por isso, escreve São Bernardo de Claraval: “A inveja não traz nenhum proveito à alma ou ao corpo, mas muitos prejuízos”, e o Padre Bruno dizia: “O mundo está repleto de mártires, mas nem todos por causa da fé; a maioria o são por causa da inveja”.
O sexto remédio para combater a inveja nos é proposto pelo Bem-aventurado José Allamano: “Alegrar-nos com o bem que Deus concedeu a outros, como se fosse nosso”; realmente, se não somos capazes de fazer o bem, devemos ao menos alegrar-nos de que haja alguém capaz de suprir as nossas imperfeições e de atrair as bênçãos de Deus.
O sétimo e último remédio para combater a inveja é dada por São Bernardo de Claraval: “É preciso desejar e pedir para os outros o bem que desejamos para nós, e mais copioso ainda”, isto é, mais abundante ainda. Lê-se no livro da Sabedoria 7, 13: “Eu estudei lealmente e reparto sem inveja”. Precisamos com alegria, repartir as nossas idéias com os outros, nossas qualidades e dons, sem inveja e sem engano.
Caríssimo católico, concluo essa pregação sobre a inveja, dizendo que Nosso Senhor Jesus Cristo foi entregue por inveja, como está no Evangelho de São Mateus 27, 18: “Ele (Pilatos) sabia, com efeito, que eles o haviam entregue por inveja”.
Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos tinham visto como a multidão ia atrás de Cristo. Esta situação enchia-os de inveja que se convertera gradualmente em ódio de morte, como está no Evangelho de São João 11, 47-48: “Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o conselho e disseram: ‘Que faremos?’ Esse homem realiza muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão nele e os romanos virão, destruindo o nosso lugar santo e a nação”.
Observa Santo Tomás de Aquino que assim como no princípio foi a inveja que perdeu o homem (Cfr. Sb 2, 24), assim também foi a inveja que entregou Cristo.
Católico, tome cuidado com o invejoso, ele é perigoso, ridículo e estúpido; ele é pior que Satanás.
Quereis saber se sois discípulos do Senhor ou discípulos do demônio?
“Os meus discípulos”, disse Jesus, “conhecer-se-ão pelo amor recíproco”. Por isso São Paulo recomendava aos cristãos se alegrarem com os que se alegram, e sofrerem com os que sofrem.
“Os meus discípulos”, diz o demônio, “conhecer-se-ão pela inveja recíproca” (Sb 2, 24). Por isso, eles se alegram quando os outros sofrem, e sofrem quando os outros se alegram.
Cuidado com o invejoso, ás vezes você pensa que possui um amigo de verdade, sendo que na realidade anda com uma serpente venenosa, que não vê a hora de te picar mortalmente, como escreve São João Maria Vianney: “Não creio que exista um pecado pior e mais terrível do que o da inveja, porque é um pecado oculto e muitas vezes encoberto por um belo traje de virtude e de amizade… uma serpente coberta por algumas folhas que vos picará sem que vos apercebais disso”.
Fuja do invejoso, porque no coração desse monstro não existe caridade.
Depois não diga que não te avisei.


Prezado católico, vivemos num mundo violento e cheio de discórdia, que caminha apressadamente para a destruição. Só existe uma maneira de frear a violência no mundo e de brecar a caminhada do mesmo para a destruição: promover a paz, promover a verdadeira paz, como está na primeira Carta de São Pedro 3, 11: “Afasta-te do mal e pratique o bem, busque a paz e siga-a”, e São Josemaría Escrivá diz também: “O apostolado cristão… consiste na difusão do bem, no contágio do desejo de amar, numa semeadura concreta de paz e de alegria. E desse apostolado derivarão sem dúvida benefícios espirituais para todos: mais justiça, mais compreensão, mais respeito do homem pelo homem”.
Hoje, milhões e milhões falam de paz, são faixas e mais faixas sobre a paz; os meios de comunicação pedem continuamente a paz; são realizadas reuniões e mais reuniões para discutirem sobre a paz. Mas, será que o homem sabe realmente o que é a paz? Será que o mesmo saberia dar uma definição exata sobre a paz? Penso que não, penso que o homem pede algo que nem ele sabe o que é.
Se fizéssemos uma entrevista com mil pessoas, pedindo que cada uma definisse a paz; com certeza ouviríamos muitas bobagens, como por exemplo: paz é ter saúde, paz é possuir muito dinheiro, paz é dançar, paz é adulterar e outras besteiras que nem vale a pena mencionar.
E você católico, saberia definir o que é a paz? Ou faz parte desse grupo de pessoas que pede algo que nem sabe realmente o que é.
O que é realmente a paz? Santo Agostinho a define assim: “A paz é a tranqüilidade na ordem”.
É muito difícil entender essa definição de paz dada por Santo Agostinho: “A paz é a tranqüilidade na ordem”, mas para que todos a entendam e fiquem conhecendo realmente o que é a paz, citarei em seguida um comentário feito pelo Bem-aventurado José Allamano sobre essa definição. Ele a explica da seguinte forma: “Quando em nós e ao nosso redor tudo está em ordem, então temos paz. Devemos, pois, ter paz com Deus, conosco e com o próximo”.
A paz com Deus, explica o Bem-aventurado José Allamano: “… consiste em viver na graça de Deus e cumprir a santa vontade do criador”.
Para conosco, ele explica: “… necessitamos muito desta paz, porquanto trazemos em nós aquilo que a pode prejudicar, isto é, as distrações e muitas outras perturbações. Cuidemos, pois, que nada, absolutamente nada desgaste a nossa paz: reprimamos as paixões, freemos e cortemos também os desejos”. Ele diz também: “Ai de quem se deixa levar pelos desejos! Deveríamos ter somente um desejo: cumprir com exatidão o nosso dever de cada dia. Se fosse assim, gozaríamos de paz imperturbável”.
Ainda explicando a definição dada por Santo Agostinho, o Bem-aventurado José Allamano fala da paz para com o próximo: “… que devemos tolerar os defeitos alheios. Se, pelo fato de alguém ter defeitos, nós o desprezamos, ferimos a caridade e a paz se afasta. Devemos compadecer-nos e tratar bem a todos, sem distinção; se todos agissem desta forma, a paz reinaria soberana nos indivíduos e nas comunidades”. É essa a explicação dada pelo Bem-aventurado José Allamano, sobre a definição da paz, dada por Santo Agostinho: “A paz é a tranqüilidade na ordem”.
Caríssimo católico, há anos que o mundo grita pela paz e a busca com ansiedade, e no entanto, o mundo não possui a paz tão desejada e procurada; ele anseia e clama pela paz, mas não a encontra. Poucas vezes como no nosso tempo se mencionou tanto a palavra paz, e talvez poucas vezes como no nosso tempo a paz esteja tão longe do mundo.
Se você analisar com sinceridade a cidade onde mora, o bairro e o quarteirão onde fica a sua casa, verá que não existe ali a verdadeira paz. Fala-se muito de paz, mas ela está longe, muito longe. Você abre um jornal, só encontra violência; liga o rádio, só ouve violência; liga a televisão e só vê violência. Onde está a paz, a paz tão desejada pela humanidade? Onde ela está? Um jogador de futebol marca o gol e mostra a camiseta com a palavra “Paz”, outro jogador une as mãos como se fosse um pombinho para lembrar a paz, etc., e a paz não vem, pelo contrario, a violência aumenta. A palavra de Deus em Jeremias 6, 14 diz: “Paz, paz, paz, dizem. E não há paz”.
Não há paz na sociedade, nas famílias nem nas almas. Caríssimo católico, por que não há paz? Porque tanta violência, tanta inquietação e tristeza nas almas, se todos desejam a paz? Se pedem e lutam pela paz?
Com certeza as pessoas estão buscando a paz onde não a pode encontrar, isto é, no mundo e nas suas vaidades, por isso, vivem tão vazias e angustiadas, porque o mundo inimigo de Deus não pode satisfazer uma alma imortal, como escreve o Padre João Colombo: “O mundo não é a sociedade em que viveis, mas aquela parte da sociedade que vive como inimiga de Cristo e do seu Evangelho: esquecido de Deus, acorrentada às paixões e inebriada de prazer sensual. Propriamente falando, o mundo é o gado de Satanás: Satanás lhe é o pastor e o príncipe”.
Todo esse trabalho em busca da paz torna-se cansativo e inútil, porque a buscam  uma maneira errada, deixando Deus de lado.
As nações pedem paz e colocam canhões nas ruas, o governo pede a paz, e distribui metralhadoras, a família pede paz e compra armas de fogo, e vive a socos e pontapés. Seria isto uma sincera busca pela paz? O resultado é desastroso, e a violência aumenta a cada dia.
Prezado católico, o homem só terá a verdadeira paz, depois que abandonar essas manifestações exibicionistas e ridículas, e aproximar de Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele é a Fonte da verdadeira paz; a paz vem d’Ele e é um dom divino que sobrepuja todo o entendimento, e que se concede somente aos homens de boa vontade, e aos que procuram com todas as suas forças, conformar sua vida com o querer divino.
Jesus Cristo é a Fonte da verdadeira paz, unicamente n’Ele encontraremos a paz de que tanto necessitamos e também para os que estão mais perto de nós. Mostrarei em seguida, citando a Bíblia, que somente em Jesus Cristo encontraremos a paz de que o mundo tanto necessita.
Católico, a história da salvação é a história da paz entre Deus e os homens. Paz oferecida pelo Pai à humanidade por meio de seu divino Filho. Nosso Senhor veio ao mundo para “guiar os nossos passos no caminho da paz” (Lc 1, 79). Assim o previu Zacarias: “Ele anunciará a paz às nações…” (Zc 9, 10), e assim o anunciaram os anjos, cantando no seu nascimento: “Paz na terra aos homens” (Lc 2, 14).
Jesus Cristo ao enviar os discípulos a pregar, quis que fossem mensageiros da paz: “Em qualquer casa aonde entrardes, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa” (Lc 10, 5). Na véspera de sua morte, deixou aos discípulos, como conforto e penhor de amor, a paz: “Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz” (Jo 14, 27). E, ressuscitado, apresentou-se-lhes com a saudação: “A paz esteja convosco!” (Jo 20, 21).
Está claro católico, que Jesus Cristo é a Fonte da verdadeira paz. Mas os poderosos do mundo, isto é, os presidentes das nações e os donos dos grandes meios de comunicação, torcem o nariz e enrugam a testa quando ouvem falar que Nosso Senhor é a Fonte da paz, e que sem Sua ajuda não haverá paz verdadeira; eles dizem não entender de religião, e assim, como loucos, apoiados no orgulho e na auto-suficiência, continuam gritando pedindo a paz, e a paz não vem.
Será que existe paz fora de Jesus Cristo? Vejamos a resposta da boca do próprio Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como o mundo dá” (Jo 14, 27).
A paz que vem de Jesus Cristo é verdadeira, ela ultrapassa por completo a paz do mundo, que é superficial e de aparência, compatível com a injustiça. A paz de Cristo é sobretudo reconciliação com Deus e entre os homens, um dos frutos do Espírito Santo, como está em Gálatas 5 , 22: “Mas o fruto do Espírito Santo é a paz”. E Santo Agostinho escreve: “A paz é serenidade da mente, tranqüilidade da alma, simplicidade do coração, vínculo de amor, união de caridade: não pode adquirir a herança de Deus quem não cumpre o seu testamento de paz, nem pode viver unido a Cristo quem está separado do cristianismo”.
Está claro, que a paz que Cristo veio trazer, é completamente diferente da paz oferecida pelo mundo. Ele não veio trazer uma paz terrena e falsa, a mera tranqüilidade tão desejada pelo egoísmo humano, e sim, a luta contra as próprias paixões, contra o pecado e todas as suas conseqüências.
Como já foi falado, em São João 14, 27 diz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá”. É totalmente diferente a paz de Cristo com a paz do mundo; somente Cristo é o Senhor da paz, como está na Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 3, 16: “O Senhor da paz vos conceda a paz, em todo tempo e lugar”, e na Carta aos Efésios 2, 14 diz: “Cristo é a nossa paz”.
Milhões querem promover a paz no mundo, correndo desenfreadamente, mas deixando Cristo de lado, deixando o Senhor da paz de lado, essa promoção é falida e terá nota zero como resultado, porque se Jesus Cristo, o Senhor da paz (Cfr. 2 Ts 3,16), não estiver na frente, o que o homem vazio e violento conseguirá? Nada, simplesmente nada; só cansaço, angústia e perda de tempo.
Como alguém pode se atrever em querer semear a paz, se o mesmo não se comporta como filho de Deus, se carrega Satanás no coração e não trata o próximo como filho de Deus? É pura ilusão e perda de tempo. Quem vive mergulhado nas trevas, jamais conseguirá semear a verdadeira paz.
Caríssimo católico, todos anseiam pela paz e todos querem possuí-la: o que devemos fazer?
Indicarei cinco meios para você adquirir a verdadeira paz.
O primeiro meio para adquirir a paz é viver na graça de Deus.
Você possui uma alma imortal. No dia do batismo você recebeu a graça santificante pela primeira vez. Graça santificante é um dom sobrenatural que Deus concede para alcançar a vida eterna. A graça santificante nos faz filhos de Deus e herdeiros do céu. Deus estabelece a sua morada em nós. Com sua presença, comunica à alma essa qualidade sobrenatural que faz com que Deus de uma maneira grande e misteriosa se veja em nós e, conseqüentemente, nos ame. E posto que esta graça santificante nos foi ganha por Jesus Cristo, por ela estamos unidos a Ele, compartilhamo-la com Cristo – e Deus, por conseguinte, nos vê como a seu filho – e cada um de nós se torna filho de Deus.
O Catecismo da Igreja Católica, no nº 1266 diz: “A Santíssima Trindade dá ao batizado a graça santificante”.
Prezado católico, possuir Deus como Hóspede da alma, é possuir a verdadeira paz; por isso, viva sempre na graça de Deus, e assim, viverás sempre na paz.
O segundo meio para você adquirir a paz, é evitar, custe o que custar, o pecado mortal. Se um homem espeta uma faca no coração, morre fisicamente. Se comete um pecado mortal, morre espiritualmente.
Pelo batismo, fomos resgatados da morte espiritual em que o pecado de Adão nos submergiu. No batismo, como já foi falado no primeiro meio, Deus uniu a Si a nossa alma. O amor de Deus – o Espírito Santo – derramou-se nela, preenchendo o vazio espiritual que o pecado original havia produzido. Como conseqüência desta íntima união com Deus, a nossa alma se eleva a um novo tipo de vida, a vida sobrenatural que se chama “graça santificante” e que é nossa obrigação preservar; e não só preservar, mas incrementar e intensificar.
Deus, depois de unir-nos a Si pelo batismo, jamais nos abandona. O único modo de nos separarmos d’Ele é cometendo a desgraça do pecado mortal, como a palavra indica, causa a morte da alma. Esta desobediência a Deus consciente e voluntária em matéria grave é, ao mesmo tempo, a rejeição de Deus. E se você expulsar o Deus da paz da sua alma cometendo o pecado mortal, então é impossível a mesma ter paz, por isso, evite o pecado mortal, custe o que custar.
O terceiro meio para adquirir a paz é a confissão.
São Josemaría Escrivá diz: “A confissão é o sacramento da paz”.
Caríssimo católico, sabemos que Deus é bondade, e acha a Sua alegria em habitar entre os homens; mas, quando o homem prefere os seus prazeres à Lei de Deus e cai em pecado, Deus não pode suportá-lo; e o Pe. João Colombo diz: “Deus foge do homem, como nós fugimos da serpente: já não o conta mais entre os fiéis, entre os seus amigos, entre seus filhos”. Então o homem busca a paz desesperadamente, mas não pode achá-la, porque não há paz quando se está em falha com Deus.
Na alma daquele que pecou, o pecado fez o deserto onde antes era o reino de Deus. E a alma geme porque é amaldiçoada por Deus; porque o pecado a queimou e a tornou árida como um deserto. Essa alma precisa de água que a lave, da água que jorra da confissão. Confessar-se, quer dizer fazer paz com Deus. Por isso, escreve o Pe. Francisco Fernández-Carvajal: “Não há paz sem contrição”.
Feliz do católico que se aproxima da confissão com freqüência.
O quarto meio para adquirir a paz é a mortificação.
Grande parte dos homens, no desejo insaciável de felicidade, procura matar essa sede entregando-se aos prazeres deste mundo, mas não acham a paz. Talvez consigam com distrações e divertimentos fazer calar a voz da consciência por algum momento. Mas isso não é paz, é um entorpecente, cujo efeito dura pouco, e em breve a voz da consciência gritará desesperadamente.
O homem jamais encontrará a paz no vazio e no prazer que o mundo oferece, e sim, na mortificação por amor a Deus.
Em Jo 20, 19-20 diz: “Jesus veio e, pondo-se no meio deles, lhes disse: ‘A paz esteja convosco!’ Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado”.
Jesus Cristo, depois de desejar-lhes a paz, mostrou as chagas das mãos e do lado, para ensiná-los que a verdadeira paz só é possível através da mortificação e do sofrimento.
Milhões de pessoas buscam a paz longe da mortificação e da renúncia, por isso, jamais a encontrarão. Porque paz, não significa viver na moleza com as pernas para cima, vivendo no oba-oba e na burguesia, e sim, percorrer o caminho da cruz.
Muitos buscam a paz em noitadas, no sexo fora do casamento, nas revistas pornográficas, nas drogas, nas músicas barulhentas, na bebedeira, no fumo, etc., e a paz não vem; porque o lixo do mundo não pode satisfazer uma alma imortal.
O quinto meio para adquirir a paz é a oração e o silêncio.
Caríssimo católico, rezar é dialogar com o Deus da paz, é mergulhar nesse Oceano de Paz e de Amor, é unir-se ao Deus Onipotente, como escreve São João Maria Vianney: “A oração é simplesmente a união com Deus. Se alguém tem o coração puro unido a Deus, sente uma suavidade e doçura que inebria , envolve-o uma luz maravilhosa. Nesta íntima união, Deus e a alma são como que duas ceras fundidas juntas, que ninguém pode separar”.
Se você deseja realmente a paz, reze, reze muito, dialogue com o Deus da paz, através de uma oração humilde, confiante e fervorosa, e nesse diálogo você encontrará a paz tão desejada, como escreve a Bem-aventurada Elisabete da Santíssima Trindade: “Como gostaria de dizer a todas as almas que só é possível possuir força, paz e também felicidade vivendo na intimidade”, isto é, nesse diálogo sincero e amoroso com Deus. É impossível adquirir a paz longe da oração, como escreve São João da Cruz: “Árido está o meu espírito, porque se esquece de apascentar-se em ti”, e o mesmo Santo nos aconselha: “Não apascente o espírito senão em Deus. Despreze as advertências das coisas e traga no coração a paz e o recolhimento”. Feliz do católico que reserva um ou mais horários por dia para dialogar com Deus, como escreve São Francisco de Sales: “Nunca se deve omitir esta oração da noite, assim como a da manhã; pois como, pela oração da manhã, se abrem as janelas da alma para o sol da justiça, assim pela oração da noite elas se fecham para as trevas do inferno”.
O silêncio também faz parte desse quinto meio para adquirir a paz, porque é necessário para escutar a Deus, como escreve a Bem-aventurada Elisabete da Santíssima Trindade: “Silenciemos tudo para ouvir somente a Deus. É tão bonito o silêncio aos pés do divino Crucificado!”
É possível adquirir a verdadeira paz num ambiente onde reina a algazarra e a gritaria. Em muitas casas, ligam a televisão, o rádio no último volume, todos gritam ao mesmo tempo, batem portas e janelas, arrastam móveis e jogam objetos; e querem paz, querem paz, querem paz; pura ilusão! Quem vive nessa algazarra, se alimentará do vazio e da angústia.
Caríssimo católico, faça momentos de silêncio durante o dia, para dialogar fervorosamente com a Santíssima Trindade que está presente em vossa alma, como aconselha São Francisco de Sales: “Lembra-te de retirar-te muitas vezes à solidão do teu coração , ao passo que as tuas tarefas e conversas o ocupam exteriormente, para estares a sós com teu Deus”.
Como é importante amar o silêncio; se a escada é longa e a subida penosa, paramos para respirar um pouco. Na vida também são necessárias paradas para retomar fôlego: silêncio, reflexão e oração. Em seguida, recomeçamos a subir com mais coragem; por isso, seja silencioso, e não barulhento.
Existem outros meios para adquirir a verdadeira paz, mas citei somente esses cinco; e rezarei para que você adquira a paz o mais rápido possível. Que o Senhor da paz esteja na vossa alma.


Caríssimo ouvinte, a Palavra de Deus no Livro de Eclesiástico, capítulo 14, versículo 12 diz: “Lembra-te de que a morte não tarda”. Por isso, ouvinte, ouça atentamente essa pregação sobre a morte, e com certeza você levará a sua vida mais a sério, buscando fervorosamente a santidade.
Fique atento e faça bastante silêncio, e assim, você entenderá melhor esta pregação sobre a morte.
Ouvinte, hoje infelizmente, milhões de pessoas vivem como se a morte não existisse, e como se nunca fossem morrer, como escreve Santo Afonso Maria de Ligório: “A morte é certa. Tantos cristãos sabem disso… entretanto, vivem no esquecimento da morte como se nunca tivessem que morrer!”, repito o que escreve Santo Afonso Maria Ligório.
Prezado ouvinte, não brinque com algo tão sério; todos havemos de morrer, a morte é certa, como escreve Santo Agostinho: “Só a morte é certa; os demais bens e males nossos são incertos”, e São Bernardo de Claraval escreve também: “A morte vos espera em toda à parte; se fordes prudentes, esperai vós por ela em todo o lugar”. Repito
Ouvinte, você sabe o que é realmente a morte? Não sabe? Lembre-se de que você não escapará da mesma.
O que é a morte? O que é a morte? A morte, ouvinte, é o fim da vida, a separação da alma do corpo. É um adeus para sempre a tudo que nos cerca; é um separar, sem remédio, de amigos, de irmãos, de pai e mãe, de bens da fortuna, de dignidade, de ofícios… enfim, de tudo, de tudo, de tudo! Ouvinte, ouvinte, não brinque com coisa séria.
O Pe. Leo Trese escreve: “A morte é a separação da alma e do corpo.Pelo desgaste da velhice ou da doença, por acidente, o corpo decai, e chega um momento em que a alma não mais pode operar por seu intermédio isto é, por intermédio do corpo. Então abandona-o, e dizemos que tal pessoa morreu.Raras vezes se pode determinar o instante exato em que isso ocorre.O coração pode cessar de bater, a respiração parar, mas a alma pode ainda estar presente”, escreve o Pe. Leo Trese.
Ouvinte, na Carta de São Paulo aos Hebreus, capítulo 9, versículo 27, diz que todos havemos de morrer: “E como é um fato que os homens devem morrer uma só vez”, diz a Palavra de Deus em Hebreus 9,27.Todos havemos de morrer; é esta a sentença a que todos vivemos condenados neste mundo. Não há a menor dúvida. Todos, todos sem exceção, estamos condenados a morrer. Santo Agostinho diz: “A vida não é mais que uma morte lenta; cada dia morremos; cada dia a morte leva-nos parte da nossa vida”, diz Santo Agostinho.
Como já foi falado, todos havemos de morrer.
Morrem os ricos e morrem os pobres; morrem os sábios, como está no Salmo 48, versículo 11: “Morrem os sábios e os ricos igualmente” e morrem os analfabetos; morrem os que possuem saúde e morrem os doentes; morrem os velhos e morrem as crianças, os adolescentes e os jovens; todos morrerão: uns aos 10 anos de idade; outros aos 30 anos, outros aos 50, outros aos cem anos, mas todos morrerão, ninguém ficará para semente.Você também que está me ouvindo, você também morrerá, você também será colocado dentro de um caixão e levado ao cemitério para ser devorado pelos vermes.Não se iluda! Você também morrerá, e os vermes te devorarão, como está em Isaías capítulo 14, versículo 11: “Sob o teu corpo os vermes formam como um colchão, os bichos te cobrem como um cobertor”. Repito
Não adianta fugir da morte!Quer vivas na fazenda ou na cidade; em terra firme ou no mar, em clima frio ou quente, trabalhando ou vivendo na ociosidade, um dia a morte te visitará.
Caríssimo ouvinte; é uma verdade dolorosa e tremenda; mas não a podemos modificar. O Monsenhor Tihamer Tóth escreve: “Quer pensemos na morte quer não; quer nos preocupemos com ela, quer a esquecemos, quer nos preparemos para morte ou não, o Senhor há de bater-nos à porta, quando menos o pensarmos. E o mesmo Monsenhor acrescenta:És rei? Morrerás.És Papa? Morrerás. És pobre e lutas pelo pão de cada dia? Morrerás. És rico? Apesar das tuas riquezas, morrerás! Também tu morrerás pobre esfarrapado.Também tu morrerás rico opulento”, escreve o Monsenhor Tihamer Tóth.
Ouvinte, esta sentença, ou melhor, esta lei de morte é nos intimada pela natureza da nossa vida. Este passar acelerado dos anos, dos dias e das horas, indica que há de haver um termo de paragem. Por isso, Jó viu uma bela imagem da vida, na folha seca, que o vento arrebata, na flor do campo, que num dia nasce e nesse mesmo dia morre, na ligeira brisa, que passa veloz sobre a capa das árvores; no livro de Jó, capítulo 14, versículo 1 e 2 diz: “O homem, nascido de mulher, tem a vida curta e cheia de tormentos. É como a flor que se abre e logo murcha, foge como sombra sem parar”. Repito
Prezado ouvinte, o aviso de que havemos de morrer é nos dado por toda a criação, isso mesmo, você sabe que tudo nela tem fim.
Vê como as árvores, chegando a uma certa idade, enfraquecem, perdem a folha e a seiva que os alimentava, e ficam no meio dos campos, no fundo dos vales, no cume dos montes, como esqueletos sem vida.Essa árvore seca nos avisa que tudo passa, e que também nós morremos um dia.
Vê os animais, como morrem um após o outro.Tudo serve de aviso para você, avisa que você também morrerá.
Vê como o seu vizinho ou o seu parente, hoje morre um, amanhã morre outro, isto é, vão deixando a tua companhia para se irem associar aos que estão no cemitério.
E você vive como se a morte não existisse; como se nunca fosse morrer. Cuidado! Acorde enquanto é tempo; não brinque com algo sério.
O mesmo se passará contigo! Um dia virá em que se há de desmoronar a casa do teu corpo. Hão de fechar-se teus olhos, hão de gelar-se as tuas mãos, hão de, enfim, desatar-se os teus ossos dos liames da carne, como escreve Santo Afonso Maria de Ligório: “… há de chegar um dia, e nesse dia uma hora, que te será a última”, e São Cipriano também escreve: “Todos fomos condenados à morte. Todos nascemos com a corda ao pescoço, e a cada passo que damos, mais nos aproximamos da morte”. Repito
Ouvinte!Queira ou não, você terá de receber um dia a visita da morte!Aquele momento será terrível! Você ficará aflito! É o momento do desenlace fatal, é a hora mais solene da vida humana!Chegou ao último capítulo da memória, que todos tem de escrever no tempo da viagem! Vai por o selo a todos as nossas obras, vai acabar a carreira, vai terminar o combate.Ou vitorioso ou vencido, o homem vai ser citado perante o tribunal divino e receber o prêmio ou o castigo de seus atos! Vai deixar tudo! Tudo! Tudo!
Caríssimo ouvinte, o que você tinha no mundo, nele fica para os seus herdeiros.E quanta briga por causa desses bens! Só lhe resta um adeus final a terra onde nasceu, à casa que lhe serviu de abrigo, aos parentes e amigos que o rodeiam, e a maioria, com lágrimas de crocodilo, isto é, de fingimento.
Ouvinte! Que momento terrível o da morte! Momento de dúvidas e de agonias, de espanto e de incertezas: Se me salvarei!… Se me condenarei!… Ponto terrível, em que o tempo se junta a eternidade, passo arriscado deste para o outro mundo, tão novo e desconhecido!
Momento de aflição para o pobre doente!Se ele olha para o passado, vê a série de todos os atos nascidos de sua liberdade.Se ele olha para o futuro, vê duas eternidades: uma , o céu , prêmio das virtudes; a outra, o inferno, castigo dos vícios.
Prezado ouvinte; a hora da morte é tremenda e amarga. Fica tudo tão diferente! Que juízo tão diverso não se forma da vida. Como aparecem vãos todos os prazeres e bens mundanos, como a virtude se mostra preferível ao vício, o sacrifício mais meritório que o prazer, a vida dos santos mais sábia que a dos pecadores.
No momento terrível da morte, todo aquele que viveu mal, isto é, que jogou o tempo fora e que chutou a graça de Deus, que preferiu servir o mundo e a satanás, desejará não ter nascido ou poder tornar a nascer, para corrigir na segunda vida os erros da primeira. Mas já será tarde! Ou bem ou mal, gasta, a vida vai terminar, porque o homem morre somente uma vez, e logo em seguida ele é julgado, como está na Carta de São Paulo aos Hebreus, capítulo 9, versículo 27: “… os homens devem morrer uma só vez, depois do que vem um julgamento”.
 
E você, ouvinte, você está tranqüilo para comparecer diante do tribunal de Deus? Você vive preparado para passar desta vida para a outra? Acorde enquanto é tempo, porque a morte não avisa, ela não manda recado e nem telefona. São Francisco de Sales escreve: “Considera, minha alma, a incerteza do dia da morte. Um dia sairás do teu corpo. Quando será? Será no inverno ou no verão ou em alguma outra estação do ano? … de noite ou de dia?” , escreve São Francisco de Sales. Não sabemos, ouvinte, não sabemos, só sabemos que um dia a morte baterá à nossa porta.
Ouvinte, como já foi falado, você não sabe nem o dia e nem a hora de sua morte; e também não sabe onde vai morrer: se será num quarto ou na rua; na sua casa, ou no hospital; em terra firme ou no mar. Você não sabe. A única certeza que você tem, é que um dia a morte te visitará.
Você também não sabe como será a sua morte. Se será depois de longo e doloroso sofrimento ou de repente. De morte natural, ou desastre, debaixo das roda de um carro; rodeado de parentes, de amigos, ou num ambiente estranho, abandonado por todos; com certeza você não sabe. A única coisa que você sabe, é que um dia a morte te visitará.
Caríssimo ouvinte, no final das contas, tudo isto tem pouca importância. Quando, onde e como você morrerá. O que é realmente importante; e em que estado de alma te surpreenderá a morte? Repito, Isto é que tem importância. Isto, sim, que tem importância. Pode dizer-se que morrerás naquele estado de alma em que tiveres vivido. O Monsenhor Tihamer Tóth diz: “A nossa morte costuma ser o eco da nossa vida”, e o mesmo Monsenhor acrescenta: “Não podemos esperar que Deus faça um milagre. Se durante a vida inteira nunca freqüentamos os sacramentos, não devemos supor que os havemos de receber nos últimos instantes”, escreve Monsenhor Tihamer Tóth; e Santo Afonso Maria de Ligório escreve também: “Não merece a misericórdia de Deus àquele que se serve da mesma para ofendê-lo”. Repito
Ouvinte, se uma pessoa, durante toda a vida, bebeu tranqüilamente pecados sobre pecados, como se fosse água, sem se preocupar com a sua alma, sem nunca se aproximar da confissão; não devemos supor que Deus a salve com um milagre, ou que a mesma possa fazer no meio de terríveis dores físicas, aquilo que não quis fazer quando tinha saúde; Deus não é político e nem palhaço de pessoas caprichosas. São João Crisóstomo escreve: “Judas se condenou, porque se atreveu a pecar confiando na clemência de Jesus Cristo”, e Santo Afonso Maria de Ligório, também escreve: “Se o Senhor sempre nos tolerasse, ninguém se condenaria”. Repito
Ouvinte, tal vida, tal morte! Ai de ti, se a morte te encontrar em pecado!
Caríssimo ouvinte; acorde enquanto é tempo, não brinque, não perca tempo; antes que venha a morte, morra para todos os divertimentos pecaminosos que o mundo oferece: os bailes, o carnaval, as novelas, etc., morra para a vida cômoda e preguiçosa, e como já foi falado, morra principalmente para o pecado.
Não fique adiando para depois a vossa mudança de vida, lembre-se de que a morte não tarda, como está no livro do Eclesiástico, capítulo 14, versículo 12: “Lembra-te de que a morte não tarda”. Repito
Ouvinte, a morte vem correndo para nós a passos de gigante, isso mesmo, a passos de gigante. Cada ano que passa, cada dia que passa é terreno, isso mesmo, é terreno conquistado pela morte no campo da nossa vida. Cada hora que bate o relógio, é um aviso, é isto mesmo, é um aviso de que a morte já está mais perto.
A morte vem para uns mais depressa, para outros mais devagar, mas a todos chega, como escreve Santo Afonso Maria de Ligório: “O que sucedeu a teus antepassados, também sucederá a ti”. Repito
Ouvinte, o grande mal da morte é não se repetir, isso mesmo. Se ela se repetisse, poderíamos na segunda corrigir os erros da primeira, mas a morte não se repete, por isso, viva santamente, não jogue o tempo fora, não viva como pagão.
Caríssimo ouvinte, deixe de tanta correria e aprenda da doutora morte, da mestra morte, algumas lições, isso mesmo, algumas lições, como escreve o grande Santo Agostinho: “Sirva-nos a morte de mestra e de doutora”, repito o que escreve Santo Agostinho: “Sirva-nos a morte de mestra e de doutora”.
Ouça com atenção o que a “doutora morte” quer lhe ensinar. A morte sabe falar todas as línguas e tem direito de ensinar em todos os países do mundo. Ouvinte, há, porventura, alguma região sem campos, isto é, sem pedras que cobrem as sepulturas? E onde há pedras que cobrem as sepulturas, aí tem a morte a sua cátedra, isto é, a sua cadeira professoral. Nela senta a grande mestra da vida, e nos ensina três grandes lições:
Primeira lição: A vida é nada, é um vazio.Repito
A morte, mestra e doutora, diz para você: Viajante deste mundo, pára! Deixe de tanta correria. Espera um pouco e lembra-te de que tudo é vazio e passageiro. Tudo! Tudo! Só Deus onipotente é eterno.
Ouvinte, como voa a vida, como se escapa das nossas mãos, por mais que a queiramos segurar! A vida passa como a flecha despedida pelo arco, e como a ave que voa. Ainda que vivesses em palácios de mármore, tratado pelos médicos mais experientes, com os remédios mais caros, pouco ou nada te aproveitaria. Ninguém escapará da morte.
Agora, ouvinte, a “doutora morte”, desce da sua cadeira professoral; passa entre os túmulos, e faz falar os mortos que neles descansam.
Os jovens são os primeiros a falar: eles dizem o seguinte: enganamo-nos ao contar com muitos anos de vida e em não acreditar no que se lê com freqüência nos relógios antigos: “Cada hora traz-nos um aviso”.
Os velhos dizem: Que pouca coisa foi a nossa vida neste mundo. Vários qüinqüênios, isto é, espaço de cinco anos, que passaram como a sombra e o fumo. Agora, diz os velhos dentro do túmulo:compreendemos a razão daquela inscrição tumular: “O homem é só barro , a fama é fumo, o fim de tudo é cinza”.
Dizem os pobres: Para nós, a morte foi uma libertação.
Falam os ricos: Todos os nossos tesouros não foram capazes de nos livrar do sepulcro. No Salmo 48, versículo 8, diz: “Ninguém se livra de sua morte por dinheiro”.
Caríssimo ouvinte, a “doutora morte” ensina-nos que nossa vida é nada, mas que é também o nosso tesouro. Ensina-nos que não devemos ser orgulhosos, porque a vida é muito breve; mas que devemos alegrar-vos, porque a vida eterna não tem fim. Ensina-nos que neste mundo não podemos ter morada perpétua, e que só no outro poderemos instalar-nos definitivamente. Ensina-nos, que neste mundo somos viajantes; na outra vida, espera-nos um lar definitivo. Aqui, é um sonho; lá, a realidade. Aqui, a sombra; lá, a plenitude da luz.
E a “doutora morte”, de sua cadeira professoral fala: Homens, se isto é assim, como podeis viver como se tudo fosse ao contrário? Como podeis viver como se a vossa única e exclusiva preocupação fosse este mundo, o pão de cada dia, os negócios, os prazeres e as distrações? Estes são os vossos únicos desejos, os vossos únicos cuidados, as vossas únicas preocupações. Não pensais no que vem depois, no que segue o mudo surdo da terra que cai e o vosso caixão. E no entanto, só isso é realmente importante e decisivo.
Ouvintes, ouçamos os ensinamentos da morte e não esqueçamos nunca o que somos e aquilo em que nos havemos de tornar. O nosso coração é de Deus e não do mundo. Não permitamos que ele se apegue aos pecados do mundo. Não apresentaremos a Deus o nosso dinheiro, as nossas riquezas, a nossa casa, o nosso automóvel. Que levaremos? Somente a nossa alma.
O único tesouro, a única fortuna, o único valor que levamos, são as nossas obras, o bem ou o mal que fizemos.
A primeira lição ensinada pela “doutora morte”, é que a vida é nada, é um vazio.
A segunda lição ensinada pela “doutora morteé: A vida é curta, mas contém um tesouro imenso. Repito, o passado já não te pertence. O futuro ainda não te pertence. Aproveita, pois, o que te pertence. Aproveita o momento presente.
Ouvinte, o passado já se foi. O futuro ainda não está em vossas mãos. Mas o dia de hoje te pertence, é teu. Hoje ainda você pode amar a Deus… não sabe até quando! Hoje ainda você pode servir a Deus… não sabe até quando! Hoje ainda você pode fazer penitência pelos seus pecados… não sabe até quando!
A morte, ao mostrar o nada da nossa vida, ensina-nos também que a vida é um grande tesouro. É um campo de batalha, uma arena, uma prova de paciência que dura 30, 50, 70 anos. Da maneira como aproveitarmos a nossa vida, depende toda a eternidade.
Prezado ouvinte; o terceiro ensinamento da morte é o seguinte: A grande responsabilidade da vida.
Ouvinte, você pensa que a grande responsabilidade da vida, consiste em nos separarmos das pessoas que amamos? Dos nossos projetos? ,etc.; não! Não é nada disso.
Ou então, ter que deixar a mulher e os filhos pequenos; ou então ter que deixar os pais idosos, ou então ter que deixar a fortuna?, etc.; não! Não é nada disso.
O que será então que mais nos há de custar na morte? A última e dolorosa luta da vida contra a morte? Isto também será doloroso. Também, por este motivo, é muito amarga à morte. Mas ainda não é o que mais nos há de custar.
Caríssimo ouvinte! Você sabe qual será o maior tormento? Não sabe? Será o balanço da vida que faremos na hora da morte. O pensamento de termos de prestar contas no instante imediato, sabendo que não será possível mentir, isso mesmo, não será possível mentir.
O tribunal diante do qual teremos de comparecer. Ali ninguém poderá se desculpar ou enganar. A nossa responsabilidade diante de Deus por todas as palavras e obras de nossa vida terrena, eis, ouvinte, o que mais nos amargurará no momento da morte. A pergunta que nos faremos a nós mesmos: agora, o que será de nós? Aonde iremos parar?
Responde ouvinte à minha pergunta. Tens consciência desta responsabilidade? Tens em ordem todos os teus negócios? Estás sempre preparado para a morte?
Os homens não fazem outra coisa senão morrer… e a morte sempre os surpreende desprevenidos. E você, ouvinte, se hoje tivesses de fechar as contas da tua vida, estarias preparado? Você tem tudo em ordem?
Estão em ordem os teus negócios matérias? Será que os credores não gritarão em volta do seu caixão? Não possuis bens alheios? Não se encontra nenhuma irregularidade nos teus negócios profissionais? Com tua morte não virão abaixo as aparências exteriores de toda a tua vida, e os teus familiares não se verão obrigados a exclamar, junto da tua sepultura: “Porque assim procedeste conosco?”.
Mas, prezado ouvinte; há ainda uma pergunta mais importante a fazer-lhe: está a tua alma em ordem? Isso mesmo, lembra-te com freqüência da advertência de São Paulo Apóstolo, na Primeira Carta aos Tessalonicenses, capítulo 5, versículo 2: “Porque vós sabeis, perfeitamente, que o Dia do Senhor virá como ladrão noturno”.
Ouvinte, não levaremos nada conosco para vida misteriosa, para a sepultura, para essa cova de um metro de profundidade e um de largura. O Salmo 48, versículo 11, diz: “… e deixam tudo o que possuem aos estranhos”.
Não levaremos nem os livros de contos! Nem os automóveis! Nem os vestidos de seda. Nem os perfumes. Nem os amigos, nem os parentes, nem os irmãos, nem os pais…
Que terrível, ouvinte, que terrível! Quem nos há de acompanhar naquele caminho incerto? Os diplomas e o saber? Não! Os músculos treinados e resistentes como o aço? Também não!
Alguma coisa nos acompanhará. Alguma coisa nos acompanhará até à sepultura e mais para além, até à presença do Deus eterno. Essa coisa falará em nosso favor, e será nossa advogada.
Que coisa é essa?
A resposta está no livro do Apocalipse, capítulo 14, versículo 13: “… suas obras os acompanham”. Repito
As nossas obras serão a única coisa que levaremos conosco; Bosse escreve: “E então te acompanha inevitavelmente para a eternidade o que viveste, o que fizeste, o que creste, o que devias fazer, o que lutaste e o que quiseste”.
Sim, ouvinte, o que fizeste acompanhar-te-á para a outra vida. O copo de água que deste a quem tinha sede, acompanhar-te-á e será o teu advogado. O pedaço de pão e a roupa com que socorreste o teu próximo necessitado, acompanhar-te-ão, e levantarão a sua voz em teu favor. Os bons conselhos que você deu e todos as tuas obras de misericórdia, todos os teus olhares de compaixão, todo o teu amor e as suas vitórias nas lutas contra a tentação e o pecado… tudo isso te seguirá e será o teu único tesouro, como está no livro do Apocalipse, capítulo 14 ,versículo 12: “…as obras os acompanham”.
Caríssimo ouvinte, lembre-se de que a morte não tarda, viva santamente cada momento presente, e não se esqueça das lições que a morte nos dá, e esta também: verdadeiramente só morre, quem morre longe de Jesus Cristo.



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