3 dezembro 2010
Desde o século II temos o testemunho de São Justino sobre as grandes linhas do desenrolar da Celebração Eucarística, que permaneceram as mesmas até os nossos dias. O relato, a seguir, data do ano de 155:
“No dia do Sol, como é chamado, reúnem-se num mesmo lugar os habitantes, quer das cidades, quer dos campos. Lêem-se, na medida em que o tempo o permite, ora os comentários dos Apóstolos, ora os escritos dos Profetas. Depois, quando o leitor terminou, o que preside toma a palavra para aconselhar e exortar à imitação de tão sublimes ensinamentos. A seguir, pomo-nos todos de pé e elevamos as nossas preces por nós mesmos e por todos os outros, onde quer que estejam, a fim de sermos considerados justos pela nossa vida e pelas nossas ações, e fiéis aos mandamentos, para assim obtermos a salvação eterna.O Catecismo da Igreja Católica dedica um longo espaço para o estudo e aprofundamento deste sacramento importantíssimo, que é a Eucaristia. Vale a pena ler e refletir os parágrafos do 1345 ao 1419.
Quando as orações terminaram, saudamo-nos uns aos outros com um ósculo. Em seguida, leva-se àquele que preside pão e um cálice de água e de vinho misturados. Ele os toma e faz subir louvor e glória ao Pai do universo, no nome do Filho e do Espírito Santo e rende graças longamente pelo fato de termos sido julgados dignos destes dons.
Terminadas as orações e as ações de graças, todo o povo presente prorrompe numa aclamação dizendo: Amém.
Depois de o presidente ter feito a ação de graças e o povo ter respondido, os que entre nós se chamam diáconos distribuem a todos os que estão presentes pão, vinho e água ‘eucaristizados’ e levam também aos ausentes.”
IV. A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA DA EUCARISTIA
A MISSA DE TODOS OS SÉCULOS
A MISSA DE TODOS OS SÉCULOS
1345 Desde o século II temos o testemunho de S. Justiço Mártir sobre as grandes linhas do
desenrolar da Celebração Eucarística, que permaneceram as mesmas até os nossos dias para
todas as grandes famílias litúrgicas. Assim escreve, pelo ano de 155, para explicar ao imperador
pagão Antonino Pio (138-161) o que os cristãos fazem:
“No dia 'do Sol', como é chamado, reúnem-se num mesmo lugar os habitantes, quer das
cidades, quer dos campos. Lêem-se, na medida em que o tempo o permite, ora os comentários
dos Apóstolos, ora os escritos dos Profetas. Depois, quando o leitor terminou, o que preside toma
a palavra para aconselhar e exortar à imitação de tão sublimes ensinamentos. A seguir, pomo-
nos todos de pé e elevamos nossas preces por nós mesmos (...) e por todos os outros, onde quer
que estejam, a fim de sermos de fato justos por nossa vida e por nossas ações, e fiéis aos
mandamentos, para assim obtermos a salvação eterna.
Quando as orações terminaram, saudamo-nos uns aos outros com um ósculo. Em seguida,
leva-se àquele que preside aos irmãos pão e um cálice de água e de vinho misturados.
Ele os toma e faz subir louvor e glória ao Pai do universo, no nome do Filho e do Espírito
Santo e rende graças (em grego: eucharístia, que significa 'ação de graças' longamente pelo
fato de termos sido julgados dignos destes dons.
Terminadas as orações e as ações de graças, todo o povo presente prorrompe numa
aclamação dizendo: Amém.
Depois de o presidente ter feito a ação de graças e o povo ter respondido, os que entre
nós se chamam diáconos distribuem a todos os que estão presentes pão, vinho e água
'eucaristizados' e levam (também) aos ausentes“.
1346 A liturgia da Eucaristia desenrola-se segundo uma estrutura fundamental que se
conservou ao longo dos séculos até nossos dias. Desdobra-se em dois grandes momentos que
formam uma unidade básica:
ü a convocação, a Liturgia da Palavra, com as leituras,
ü a homilia e a oração universal;
ü a Liturgia Eucarística, com a apresentação do pão e do vinho, a ação de graças
consecratória e a comunhão.
Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística constituem juntas “um só e mesmo ato do culto”;
com efeito, a mesa preparada para nós na Eucaristia é ao mesmo tempo a da Palavra de Deus
e a do Corpo do Senhor.
1347 Por acaso não é exatamente esta a seqüência da Ceia Pascal de Jesus
ressuscitado com seus discípulos? Estando a caminho, explicou-lhes as Escrituras, e em seguida,
colocando-se à mesa com eles, “tomou o p ão, abençoou-o, depois partiu-o e distribuiu-o a
eles”.
A SEQÜÊNCIA DA CELEBRAÇÃO
1348 Todos se reúnem. Os cristãos acorrem a um mesmo lugar para a Assembléia
Eucarística, encabeçados pelo próprio Cristo, que é o ator principal da Eucaristia. Ele é o sumo
sacerdote da Nova Aliança. É ele mesmo quem preside invisivelmente toda Celebração
Eucarística. É representando-o que o Bispo ou o presbítero (agindo “em representação de Cristo-
Cabeça”) preside a assembléia, toma a palavra depois das leituras, recebe a s oferendas e
profere a oração eucarística. Todos têm sua parte ativa na celebração, cada um a seu modo: os leitores, os que trazem as oferendas, os que dão a comunhão e todo o povo, cujo Amém
manifesta a participação.
1349 A Liturgia da Palavra comporta “os escritos dos profetas”, isto é, o Antigo
Testamento, e “as memórias dos Apóstolos”, isto é, as epístolas e os Evangelhos; depois da
homilia, que exorta a acolher esta palavra como ela verdadeiramente é, isto é, como Palavra de
Deus, e a pô-la em prática, vêm as intercessões por todos os homens, de acordo com a palavra
do Apóstolo: “Eu recomendo, pois, antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e
ações de graças por todos os homens, pelos reis e todos os que detêm a autoridade” (1Tm 2,1-2).
1350 A apresentação das oferendas (o ofertório): trazem-se então ao altar, por vezes em
procissão, o pão e o vinho que serão oferecidos pelo sacerdote em nome de Cristo no Sacrifício
Eucarístico e ali se tornarão o Corpo e o Sangue de Cristo. Este é o próprio gesto de Cristo na
última ceia, “tomando pão e um cálice”. “Esta oblação, só a Igreja a oferece, pura, ao Criador,
oferecendo-lhe com ação de graças o que provém de sua criação. A apresentação das
oferendas ao altar assume o gesto de Melquisedec e entrega os dons do Criador nas mãos de
Cristo. E ele que, em seu sacrifício, leva à perfeição todos os intentos humanos de oferecer
sacrifícios.
1351 Desde os inícios, os cristãos levam, com o pão e o vinho para a Eucaristia, seus dons
para repartir com os que estão em necessidade. Este costume da coleta, sempre atual, inspira-se
no exemplo de Cristo que se fez pobre para nos enriquecer: Os que possuem bens em
abundância e o desejam, dão livremente o que lhes parece bem, e o que se recolhe é entregue
àquele que preside. Este socorre os órfãos e viúvas e os que, por motivo de doença ou qualquer
outra razão, se encontram em necessidade, assim como os encarcerados e os imigrantes; numa
palavra, ele socorre todos os necessitados.
1352 A anáfora. Com a Oração Eucarística, oração de ação de graças e de
consagração, chegamos ao coração e ao ápice da celebração. No prefácio, a Igreja rende
graças ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, por todas as suas obras, pela criação, a redenção, a
santificação. Toda a comunidade junta-se então a este louvor incessante que a Igreja celeste, os
anjos e todos os santos cantam ao Deus três vezes santo.
1353 Na epiclese ela pede ao Pai que envie seu Espírito Santo (ou o poder de sua
bênção sobre o pão e o vinho, para que se tornem, por seu poder, o Corpo e o Sangue de Jesus
Cristo, e para que aqueles que tomam parte na Eucaristia sejam um só corpo e um só espírito
(certas tradições litúrgicas colocam a epiclese depois da anamnese). No relato da instituição, a
força das palavras e da ação de Cristo e o poder do Espírito Santo tornam sacramentalmente
presentes, sob as espécies do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue de Cristo, seu sacrifício
oferecido na cruz uma vez por todas.
1354 Na anamnese que segue, a Igreja faz memória da Paixão, da Ressurreição e da volta
gloriosa de Cristo Jesus; ela apresenta ao Pai a oferenda de seu Filho que nos reconcilia com ele.
Nas intercessões, a Igreja exprime que a Eucaristia é celebrada em comunhão com toda
a Igreja do céu e da terra, dos vivos e dos falecidos, e na comunhão com os pastores da Igreja,
o Papa, o Bispo da diocese, seu presbitério e seus diáconos, e todos os Bispos do mundo inteiro
com suas igrejas.
1355 Na comunhão, precedida pela oração do Senhor e pela fração do pão, os fiéis
recebem “o pão do céu” e “o cálice da salvação”, o Corpo e o Sangue de Cristo, que se
entregou “para a vida do mundo” (Jo 6,51): Porque este pão e este vinho foram, segundo a
antiga expressão, “eucaristizados”, “chamamos este alimento de Eucaristia, e a ninguém é
permitido participar na Eucaristia senão àquele que admitindo como verdadeiros os nossos
ensinamentos e tendo sido purificado pelo Batismo para a remissão dos pecados e para o novo
nascimento, levar uma vida como Cristo ensinou”.
V. O SACRIFÍCIO SACRAMENTAL: AÇÃO DE GRAÇAS, MEMORIAL, PRESENÇA
1356 Se os cristãos celebram a Eucaristia desde as origens, e sob uma forma que, em sua
substância, não sofreu alteração através da grande diversidade dos tempos e das liturgias, é
porque temos consciência de estarmos ligados ao mandato do Senhor, dado na véspera de sua
paixão: “Fazei isto em memória de mim” (1 Cor 11 ,24-25).
1357 Cumprimos esta ordem do Senhor celebrando o memorial de seu sacrifício. Ao
fazermos isto, oferecemos ao Pai o que ele mesmo nos deu: os dons de sua criação, o pão e o
vinho, que pelo poder do Espírito Santo e pelas palavras de Cristo se tornaram o Corpo e o
Sangue de Cristo, o qual, assim, se torna real e misteriosamente presente.
1358 Por isso, temos de considerar a Eucaristia:
ü como ação de graças e louvor ao Pai;
ü como memorial sacrifical de Cristo e de seu corpo;
ü corno presença de Cristo pelo poder de sua palavra e de seu Espírito.
A AÇÃO DE GRAÇAS E O LOUVOR AO PAI
1359 A Eucaristia, sacramento de nossa salvação realizada por Cristo na cruz, é também
um sacrifício de louvor em ação de graças pela obra da criação. No sacrifício eucarístico, toda
a criação amada por Deus é apresentada ao Pai por meio da Morte e da Ressurreição de Cristo.
Por Cristo, a Igreja pode oferecer o sacrifício de louvor em ação de graças por tudo o que Deus
fez de bom, de belo e de justo na criação e na humanidade.
1360 A Eucaristia é um sacrifício de ação de graças ao Pai, unia bênção pela qual a
Igreja exprime seu reconhecimento a Deus por todos os seus benefícios, por tudo o que ele
realizou por meio da criação, da redenção e da santificação. Eucaristia significa, primeiramente,
“ação de graças”.
1361 A Eucaristia é também o sacrifício de louvor por meio do qual a Igreja canta a
glória de Deus em toda a criação. Este sacrifício de louvor só é possível através de Cristo: Ele une
os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua intercessão, de sorte que o sacrifício de louvor ao Pai
é oferecido por Cristo e com ele para ser aceito nele.
O MEMORIAL SACRIFICAL DE CRISTO E DE SEU CORPO, A IGREJA
1362 A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a atualização e a oferta
sacramental de seu único sacrifício na liturgia da Igreja, que é o corpo dele. Em todas as orações
eucarísticas encontramos, depois das palavras da instituição, uma oração chamada anamnese
ou memorial.
1363 No sentido da Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos
acontecimentos dos acontecimento do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus
realizou por todos os homens[ag80] . A celebração litúrgica desses acontecimentos toma-os de
certo modo presentes e atuais. É desta maneira que Israel entende sua libertação do Egito: toda
vez que é celebrada a Páscoa, os acontecimentos do êxodo tomam-se presentes à memória
dos crentes, para que estes conformem sua vida a eles.
1364 O memorial recebe um sentido novo no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra
a Eucaristia, rememora a páscoa de Cristo, e esta se toma presente: o sacrifício que Cristo
ofereceu uma vez por todas na cruz torna-se sempre atual: “Todas as vezes que se celebra no
altar o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo nessa páscoa foi imolado, efetua-se a obra de nossa
redenção.”
1365 Por ser memorial da páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício. O
caráter sacrifical da Eucaristia é manifestado nas próprias palavras da instituição: “Isto é o meu
Corpo que será entregue por vós”, e “Este cálice é a nova aliança em meu Sangue, que vai ser derramado por vós” (Lc 22,19-20). Na Eucaristia, Cristo dá este mesmo corpo que, entregou por
nós na cruz, o próprio sangue que “derramou por muitos para remissão dos pecados” (Mt 26,28).
1366 A Eucaristia é, portanto, um sacrifício porque representa (toma presente) o Sacrifício
da Cruz, p orque dele é memorial e porque aplica seus frutos: [Cristo] nosso Deus e Senhor
ofereceu-se a si mesmo a Deus Pai uma única vez, morrendo como intercessor sobre o altar da
cruz, a fim de realizar por eles (os homens) uma redenção eterna. Todavia, como sua morte não
devia pôr fim ao seu sacerdócio (Hb 7,24.27), na última ceia, “na noite em que foi entregue (1
Cor 11,13), quis deixar à Igreja, sua esposa muito amada, um sacrifício visível (como o reclama a
natureza humana) em que seria representado (feito presente) o sacrifício cruento que ia realizar-
se uma vez por todas uma única vez na cruz, sacrifício este cuja memória haveria de perpetuar-
se até o fim dos séculos (l Cor 11,23) e cuja virtude salutar haveria de aplicar -se à remissão dos
pecados que cometemos cada dia.
1367 O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: “É uma só e
mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que se ofereceu a si
mesmo então na cruz. Apenas a maneira de oferecer difere”. “E porque neste divino sacrifício
que se realiza na missa, este mesmo Cristo, que se ofereceu a si mesmo uma vez de maneira
cruenta no altar da cruz, está contido e é imolado de maneira incruenta, este sacrifício é
verdadeiramente propiciatório”.
1368 A Eucaristia é também o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo,
participa da oferta de sua Cabeça. Com Cristo, ela mesma é oferecida inteira. Ela se une à sua
intercessão junto ao Pai por todos os homens. Na Eucaristia, o sacrifício de C risto se torna
também o sacrifício dos membros de seu Corpo. A vida dos fiéis, seu louvor, seu sofrimento, sua
oração, seu trabalho são unidos aos de Cristo e à sua oferenda total, e adquirem assim um valor
novo. O sacrifício de Cristo, presente sobre o altar, dá a todas as gerações de cristãos a
possibilidade de estarem unidos à sua oferta. Nas catacumbas, a Igreja é muitas vezes
representada como uma mulher em oração, com os braços largamente abertos em atitude de
orante. Como Cristo que estendeu os braços na cruz, ela se oferece e intercede por todos os
homens, por meio dele, com ele e nele.
1369 A Igreja inteira está unida à oferta e à intercessão de Cristo. Encarregado do
ministério de Pedro na Igreja, o Papa está associado a cada celebração da Eucaristia em que
ele é mencionado como sinal e servidor da unidade da Igreja universal. O Bispo do lugar é
sempre responsável pela Eucaristia, mesmo quando é presidida por um presbítero; seu nome é
nela pronunciado para significar que é ele quem preside a Igreja particular, em meio ao
presbitério e com a assistência dos diáconos. A comunidade intercede assim por todos os
ministros que, por ela e com ela, oferecem o Sacrifício Eucarístico: Que se considere legítima só
esta Eucaristia que se faz sob a presidência do Bispo ou daquele a quem este encarregou. É pelo
ministério dos presbíteros que se consuma o sacrifício espiritual dos fiéis, em união com o sacrifício
de Cristo, único mediador, oferecido em nome de toda a Igreja na Eucaristia pelas mãos dos
presbíteros, de forma incruenta e sacramenta até que o próprio Senhor venha.
1370 À oferenda de Cristo unem-se não somente os membros que estão ainda na terra,
mas também os que já estão na glória do céu: é em comunhão com a santíssima Virgem Maria e
fazendo memória dela, assim como de todos os santos e santas, que a Igreja oferece o Sacrifício
Eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja, com Maria, está como que ao pé da cruz, unida à oferta e à
intercessão de Cristo.
1371 O Sacrifício Eucarístico é também oferecido pelos fiéis defuntos “que morreram em
Cristo e não estão ainda plenamente purificados”, para que possam entrar na luz e na paz de
Cristo:
Enterrai este corpo onde quer que seja! Não tenhais nenhuma preocupação por ele! Tudo
o que vos peço é que vos lembreis de mim no altar do Senhor onde quer que estejais.
Em seguida, oramos [na anáfora] pelos santos padres e Bispos que faleceram, e em geral
por todos os que adormeceram antes de nós acreditando que haverá muito grande benefício para as almas, em favor das quais a súplica é oferecida, enquanto se encontra presente a santa
e tão temível vítima. (...) Ao apresentarmos a Deus nossas súplicas pelos que adormeceram,
ainda que fossem pecadores, nós (...) apresentamos o Cristo imolado por nossos pecados,
tomando propício, para eles e para nós, o Deus amigo dos homens.
1372 Santo Agostinho resumiu admiravelmente esta doutrina que nos incita a uma
participação cada vez mais completa no sacrifício de nosso redentor, que celebramos na
Eucaristia:
Esta cidade remida toda inteira, isto é, a assembléia e a sociedade dos santos, é
oferecida a Deus como um sacrifício universal pelo Sumo Sacerdote que, sob a forma de
escravo, chegou a ponto de oferecer-se por nós em sua paixão, para fazer de nós o corpo de
uma Cabeça tão grande. (...) Este é o sacrifício dos cristãos: “Em muitos, ser um só corpo em
Cristo” (Rm 12,5). E este sacrifício, a Igreja não cessa de reproduzi-lo no sacramento do altar bem
conhecido pelos fiéis, onde se vê que naquilo que oferece, se oferece a si mesma.
A PRESENÇA DE CRISTO PELO PODER DE SUA PALAVRA E DO ESPÍRITO SANTO
1373 “Cristo Jesus, aquele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, aquele que está à
direita de Deus e que intercede por nós” (Rm 8,34), está presente de múltiplas maneiras em sua
Igreja): em sua Palavra, na oração de sua Igreja, “lá onde dois ou três estão reunidos em meu
nome” (Mt 18,20), nos pobres, nos doentes, nos presos, em seus sacramentos, dos quais ele é o
autor, no sacrifício da missa e na pessoa do ministro. Mas “sobretudo (está presente) sob as
espécies eucarísticas”.
1374 O modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a
Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz com que da seja “como que o coroamento da
vida espiritual e o fim ao qual tendem todos os sacramentos”. No santíssimo sacramento da
Eucaristia estão “contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue
juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo
todo” . “Esta p resença chama-se 'real' não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais',
mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem, se toma
presente completo.”
1375 É pela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que este se
torna presente em tal sacramento. Os Padres da Igreja afirmaram com firmeza a fé da Igreja na
eficácia da Palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo para operar esta conversão. Assim, São
João Crisóstomo declara: Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem
Corpo e Sangue de Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura
de Cristo, pronuncia essas palavras, mas sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o meu Corpo,
diz ele. Estas palavras transformam as coisas oferecidas.
E Santo Ambrósio afirma acerca desta conversão:
Estejamos bem persuadidos de que isto não é o que a natureza formou, mas o que a
bênção consagrou, e que a força da bênção supera a da natureza, pois pela bênção a própria
natureza mudada. Por acaso a palavra de Cristo, que conseguiu fazer do nada o que não
existia, não poderia mudar as coisas existentes naquilo que ainda não eram? Pois não é menos
dar às coisas a sua natureza primeira do que mudar a natureza delas.
1376 O Concílio de Trento resume a fé católica ao declarar “Por ter Cristo, nosso Redentor,
dito que aquilo que oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente seu Corpo, sempre se
teve na Igreja esta convicção, que O santo Concílio declara novamente: pela consagração do
pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de
Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; esta
mudança, a Igreja católica denominou-a com acerto e exatidão transubstanciação”. 1377 A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura
também enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. Cristo está presente inteiro em cada uma
das espécies e inteiro em cada uma das partes delas, de maneira que a f ração do pão não
divide o Cristo.
1378 O culto da Eucaristia. Na liturgia da missa, exprimimos nossa fé na presença real de
Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras coisas, dobrando os joelhos, ou inclinando-
nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. “A Igreja católica professou e professa este
culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia não somente durante a Missa,
mas também fora da celebração dela, conservando com o máximo cuidarem com solenidade,
levando-as em procissão.
1379 A santa reserva (tabernáculo) era primeiro destinada a guardar dignamente a
Eucaristia para que pudesse ser levada, fora da missa, aos doentes e aos ausentes. Pelo
aprofundamento da fé na presença real de Cristo em sua Eucaristia, a Igreja tomou consciência
do sentido da, adoração silenciosa do Senhor presente sob as espécies eucarísticas. É por isso
que o tabernáculo deve ser colocado em um local particularmente digno da igreja; deve ser
construído de tal forma que sublinhe e manifeste a verdade da presença real de Cristo no santo
sacramento.
1380 É altamente conveniente que Cristo tenha querido ficar presente à sua Igreja
desta maneira singular. Visto que estava para deixar os seus em sua forma visível, Cristo quis dar-
nos sua presença sacramental; já que ia oferecer-se na cruz para nos salvar, queria que
tivéssemos o memorial do amor com o qual nos amou “até o fim” (Jo 13,1), até o dom de sua
vida. Com efeito, em sua presença eucarística Ele permanece misteriosamente no meio de nós
como aquele que nos amou e que se entregou por nós[ag119] , e o faz sob os sinais que
exprimem e comunicam este amor: A Igreja e o mundo precisam muito do culto eucarístico.
Jesus nos espera neste sacramento do amor. Não regateemos o tempo para ir encontrá-lo na
adoração, na contemplação cheia de fé e aberta a reparar as faltas graves e os delitos do
mundo. Que a nossa adoração nunca cesse!
1381 “A presença do verdadeiro Corpo de Cristo e do verdadeiro Sangue de Cristo
neste sacramento 'não se pode descobrir pelos sentidos, diz Santo Tomás, mas só com fé,
baseada na autoridade de Deus'. Por isso, comentando o texto de São Lucas 22,19 (“Isto é o meu
Corpo que será entregue por vós”), São Cirilo declara: 'Não perguntes se é ou não verdade;
aceita com fé as palavras do Senhor, porque ele, que é a verdade, não mente”:
Com devoção te adoro,
Latente divindade.
Que, sob essas figuras,
Te escondes na verdade;
Meu Coração de pleno
Sujeito a ti, obedece,
Pois que, em te contemplando,
Todo ele desfalece.
A vista, o tato, o gosto,
Certo, jamais te alcança;
Pela audição somente
Te crêem com segurança;
Creio em tudo o que disse
De Deus Filho o Cordeiro. Nada é mais da verdade
Que tal voz, verdadeiro.
Latente divindade.
Que, sob essas figuras,
Te escondes na verdade;
Meu Coração de pleno
Sujeito a ti, obedece,
Pois que, em te contemplando,
Todo ele desfalece.
A vista, o tato, o gosto,
Certo, jamais te alcança;
Pela audição somente
Te crêem com segurança;
Creio em tudo o que disse
De Deus Filho o Cordeiro. Nada é mais da verdade
Que tal voz, verdadeiro.
VI. O BANQUETE PASCAL
1382 A missa é ao mesmo tempo e inseparavelmente o memorial sacrifical no qual se
perpetua o sacrifício da cruz, e o banquete sagrado da comunhão no Corpo e no Sangue do
Senhor. Mas a celebração do Sacrifício Eucarístico está toda orientada para a união íntima dos
fiéis com Cristo pela comunhão. Comungar é receber o próprio Cristo que se ofereceu por nós.
1383 O altar, em tomo do qual a Igreja está reunida na celebração da Eucaristia,
representa os dois aspectos de um mesmo mistério: o altar do sacrifício e a mesa do Senhor, e isto
tanto mais porque o altar cristão é o símbolo do próprio Cristo, presente no meio da assembléia
de seus fiéis, ao mesmo tempo como vítima oferecida por nossa reconciliação e como alimento
celeste que se dá a nós. “Com efeito, que é o altar de Cristo senão a imagem do Corpo de
Cristo?” - diz Santo Ambrósio; e alhures: “O altar representa o Corpo [de Cristo], e o Corpo de
Cristo está sobre o altar”. A liturgia exprime esta unidade do sacrifício e da comunhão em muitas
orações. Assim, a Igreja de Roma ora em sua anáfora: Nós vos suplicamos que ela seja levada à
vossa presença, para que, ao participarmos deste altar, recebendo o Corpo e o Sangue de
vosso Filho, sejamos repletos de todas as graças e bênçãos do céu.
“TOMAI E COMEI DELE TODOS VÓS”: A COMUNHÃO
1384 O Senhor nos convida insistentemente a recebê-lo no sacramento da Eucaristia: “Em
verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a Carne do Filho do homem e não beberdes o
seu Sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).
1385 Para responder a este convite, devemos preparar-nos para este momento tão
grande e tão santo. São Paulo exorta a um exame de consciência: “Todo aquele que comer do
pão ou beber do cálice do Senhor indignadamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor.
Por conseguinte que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse
cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria
condenação” (1 Cor 11,27-29). Quem está consciente de um pecado grave deve receber o
sacramento da reconciliação antes de receber a comunhão.
1386 Diante da grandeza deste sacramento, o fiel só pode repetir humildemente e com
fé ardente a palavra do Centurião: “Domine, non sum dignus ut mires sub tectum meum sed
tantum dic verbo et sanabitur anima mea - Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha
morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”. E na divina liturgia de São João Crisóstomo os fiéis
oram no mesmo espírito:
Da vossa ceia mística fazei-me participar hoje, ó Filho de Deus. Pois não revelarei o Mistério
aos vossos inimigos, nem vos darei o beijo de Judas. Mas, como o ladrão, clamo a vós: Lembrai-
vos de mim, Senhor, no vosso reino.
1387 A fim de se prepararem convenientemente para receber este sacramento, os fiéis
observarão o jejum prescrito em sua Igreja (Cf CIC cânone 919). A atitude corporal (gestos,
roupa) há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna
nosso hóspede.
1388 É consentâneo com o próprio sentido da Eucaristia que os fiéis, se tiverem as
disposições requeridas, comunguem quando participarem da missa: “Recomenda-se muito
aquela participação mais perfeita à missa, pela qual os fiéis, depois da comunhão do sacerdote,
comungam o Corpo do Senhor do mesmo sacrifício”.
1389 A Igreja obriga os fiéis “a participar da divina liturgia aos domingos e nos dias
festivos” e a receber a Eucaristia pelo menos uma vez ao ano, se possível no tempo pascal,
preparados pelo sacramento da reconciliação. Mas recomenda vivamente aos fiéis que recebam a santa Eucaristia nos domingos e dias festivos, ou ainda com maior freqüência, e até
todos os dias.
1390 Graças à presença sacramental de Cristo sob cada uma das espécies, a
comunhão somente sob a espécie do pão permite receber todo o fruto de graça da Eucaristia.
Por motivos pastorais, esta maneira de comungar estabeleceu-se legitimamente como a mais
habitual no rito latino. “A santa comunhão realiza-se mais plenamente sob sua forma de sinal
quando se faz sob as duas espécies. Pois sob esta forma o sinal do banquete eucarístico é mais
plenamente realçado.” Nos ritos orientais, esta é a forma habitual de comungar.
OS FRUTOS DA COMUNHÃO
1391 A comunhão aumenta a nossa união com Cristo. Receber a Eucaristia na comunhão
traz como fruto principal a união intima o com Cristo Jesus. Pois o Senhor diz: “Quem come a
minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56). A vida em Cristo
tem seu fundamento no banquete eucarístico: “Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo
pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta v iverá por mim” (Jo 6,57):
Quando nas festas do Senhor os fiéis recebem o Corpo do Filho, proclamam uns aos outros
a Boa Nova de que é dado o penhor da vida, como quando o anjo disse a Maria de Mágdala:
“Cristo ressuscitou!”. Eis que agora também a vida e a ressurreição são conferidas àquele que
recebe o Cristo[ag144] .
1392 O que o alimento material produz em nossa vida corporal, a comunhão o realiza
de maneira admirável em nossa vida espiritual. A comunhão da Carne de Cristo ressuscitado,
“vivificado p elo Espírito Santo e vivificante”, conserva, aumenta e renova a vida da graça
recebida no Batismo. Este crescimento da vida cristã precisa ser alimentado pela Comunhão
Eucarística, pão da nossa peregrinação, até o momento da morte, quando nos ser dado como
viático.
1393 A comunhão separa-nos do pecado. O Corpo de Cristo que recebemos na
comunhão é “entregue por nós”, e o Sangue que bebemos é “derramado por muitos para
remissão dos pecados”. Por isso a Eucaristia não pode unir-nos a Cristo sem purificar -nos ao
mesmo tempo dos pecados cometidos e sem preservar-nos dos pecados futuros:
“Toda vez que o recebermos, anunciamos a morte do Senhor”. Se anunciamos a morte do
Senhor, anunciamos a remissão dos pecados. Se, toda vez que o seu Sangue é derramado, o é
para a remissão dos pecados, devo recebê-lo sempre, para que perdoe sempre os meus
pecados. Eu que sempre peco, devo ter sempre um remédio.
1394 Como o alimento corporal serve para restaurar a perda das forças, a Eucaristia
fortalece a caridade que, na vida diária, tende a arrefecer; e esta caridade vivificada apaga os
pecados veniais. Ao dar -se a nós, Cristo reaviva nosso amor e nos torna capazes de romper as
amarras desordenadas com as criaturas e de enraizar-nos nele:
Visto que Cristo morreu por nós por amor, quando fazemos memória de sua morte no
momento do sacrifício pedimos que o amor nós seja concedido pela vinda do Espírito Santo;
pedimos humildemente que em virtude deste amor, pelo qual Cristo quis morrer por nós, nós
também, recebendo a graça do Espírito Santo, possamos considerar o mundo como crucificado
para nós, e sejamos nós mesmos crucificados para o mundo. (...)Tendo recebido o dom de amor
morramos para o pecado e vivamos para Deus.
1395 Pela mesma caridade que acende em nós, a Eucaristia nos preserva dos pecados
mortais futuros. Quanto mais participarmos da vida de Cristo e quanto mais progredirmos em sua
amizade, tanto mais difícil de ele separar -nos pelo pecado mortal. A Eucaristia não é destinada a
perdoar pecados mortais. Isso é próprio do sacramento da reconciliação. É próprio da Eucaristia
ser o sacramento daqueles que estão na comunhão plena da Igreja. 1396 A unidade do corpo místico: a Eucaristia faz a Igreja. Os que recebem a Eucaristia
estão unidos mais intimamente a Cristo. Por isso mesmo, Cristo os une a todos os fiéis em um só
corpo, a Igreja. A comunhão renova, fortalece, aprofunda esta incorporação à Igreja, realizada
já pelo Batismo. No Batismo fomos chamados a constituir um só corpo. A Eucaristia realiza este
apelo: “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o Sangue de Cristo? O
pão que partimos não é comunhão com o Corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós,
embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão” (1Cor 10,16-
17).
Se sois o corpo e os membros de Cristo, é o vosso sacramento que é colocado sobre a
mesa do Senhor, recebeis o vosso sacramento. Respondeis “Amém” (“sim, é verdade!”) àquilo
que recebeis, e subscreveis ao responder. Ouvis esta palavra: “o Corpo de Cristo”, e respondeis:
“Amém”. Sede, pois, um membro de Cristo, para que o vosso Amém seja verdadeiro.
1397 A Eucaristia compromete com os pobres. Para receber na verdade o Corpo e o
Sangue de Cristo entregues por nós, devemos reconhecer o Cristo nos mais pobres, seus irmãos:
Degustaste o Sangue do Senhor e não reconheces sequer o teu irmão. Desonras esta
própria mesa, não julgando digno de compartilhar do teu alimento aquele que foi julgado digno
de participar desta mesa. Deus te libertou de todos os teus pecados e te convidou para esta
mesa. E tu, nem mesmo assim, te tornaste mais misericordioso.
1398 A Eucaristia e a unidade dos cristãos. Diante da grandeza deste mistério, Santo
Agostinho exclama: “Ó sacramento da piedade! Ó sacramento da unidade! Ó vínculo da
caridade!”. Quanto mais dolorosas se fazem sentir as divisões da Igreja que rompem a
participação comum à mesa do Senhor, tanto mais prementes são as orações ao Senhor para
que voltem os dias da unidade completa de todos os que nele crêem.
1399 As Igrejas orientais que não estão em comunhão plena com a Igreja católica
celebram a Eucaristia com um grande amor. “Essas Igrejas, embora separadas, têm verdadeiros
sacramentos - principalmente, em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia -,
que as unem intimamente a nós.” Por isso certa comunhão in sacris na Eucaristia é “não somente
possível, mas até aconselhável, em circunstâncias favoráveis e com a aprovação da autoridade
eclesiástica”.
1400 As comunidades eclesiais oriundas da Reforma, separadas da Igreja católica, “em
razão sobretudo da ausência do sacramento da ordem, não conservaram a substância própria e
integral do mistério eucarístico”. Por este motivo a intercomunhão eucarística com essas
comunidades não é possível para a Igreja católica. Todavia, essas comunidades eclesiais,
“quando fazem memória, na Santa ceia, da morte e da ressurreição do Senhor, professam que a
vida consiste na comunhão com Cristo e esperam sua volta gloriosa”.
1401 Quando urge uma necessidade grave, a critério do ordinário, os ministros católicos
podem dar os sacramentos Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos) aos outros cristãos que
não estão em plena comunhão com a Igreja católica, mas que os pedem espontaneamente: é
preciso então que manifestem a fé católica no tocante a esses sacramentos e que apresentem
as disposições exigidas.
VII. A Eucaristia - “penhor da glória futura”
1402 Em uma oração, a Igreja aclama o mistério da Eucaristia: “O sacrum convivium in
quo Christus sumitur. Recolitur memoria passionis eius; mens impletur gratia etffiturae gloriae nobis
pignus datur - O sagrado banquete, em que de Cristo nos alimentamos. Celebra-se a memória
de sua Paixão, o espírito é repleto de graças e se nos dão penhor da glória”. Se a Eucaristia é o
memorial da Páscoa do Senhor, se por nossa comunhão ao altar somos repletos “de todas as
graças e bênçãos do céu”, a Eucaristia também a antecipação da glória celeste.
1403 Quando da última Ceia, o Senhor mesmo dirigia o olhar de seus discípulos para a
realização da Páscoa no Reino de Deus: “Desde agora não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco beberei o vinho novo no Reino de meu Pai” (Mt 26,29). Toda vez
que a Igreja celebra a Eucaristia lembra-se desta promessa, e seu olhar se volta para “aquele
que vem” (Ap 1,4). Em sua oração, suspira por sua vinda: “Maran athá” (1 Cor 16,22), “Vem,
Senhor Jesus” (Ap 22,20), “Venha vossa graça e passe este mundo!”
1404 A Igreja sabe que, desde agora, o Senhor vem em sua Eucaristia, e que ali Ele está,
no meio de nós. Contudo, esta presença é velada. Por isso, celebramos a Eucaristia
“expectantes beatam spem et adventum Salvatoris nostri Jesu Christi - aguardando a bem-
aventurada esperança e a vinda de nosso Salvador Jesus Cristo”, pedindo “saciar-nos
eternamente da vossa glória, quando enxugardes toda lágrima dos nossos olhos. Então,
contemplando-vos como sois, seremos para sempre semelhantes a vós e cantaremos sem cessar
os vossos louvores, por Cristo, Senhor nosso”.
1405 Desta grande esperança, a dos céus novos e da terra nova nos quais habitará a
justiça, não temos penhor mais seguro, sinal mais manifesto do que a Eucaristia. Com efeito, toda
vez que é celebrado este mistério, “opera-se a obra da nossa redenção” e nós “partimos um
mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto não para a morte, mas para a vida eterna
em Jesus Cristo”.
RESUMINDO
1406 Jesus disse: “Eu sou o pão vivo, descido do céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente...... Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem vida eterna. (...)
permanece em mim e eu nele” (Jo 6,51.54.56).
1407 A Eucaristia é o coração e o ápice da vida da Igreja, pois nela Cristo associa sua
Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e de ação de graças oferecido uma vez
por todas na cruz a seu Pai; por seu sacrifício ele derrama as graças da salvação sobre o seu
corpo, que é a Igreja.
1408 A Celebração Eucarística comporta sempre: a proclamação da Palavra de Deus,
a ação de graças a Deus Pai por todos os seus benefícios, sobretudo pelo dom de seu Filho, a
consagração do pão e do vinho e a participação no banquete litúrgico pela recepção do
Corpo e do Sangue do Senhor. Estes elementos constituem um só e mesmo ato de culto.
1409 A Eucaristia é o memorial da páscoa de Cristo: isto é, da obra da salvação
realizada pela Vida, Morte e Ressurreição de Cristo, obra esta tornada presente pela ação
litúrgica.
1410 É Cristo mesmo, sumo sacerdote eterno da nova aliança, que, agindo pelo
ministério dos sacerdotes, oferece o sacrifício eucarístico. E é também o mesmo Cristo, realmente
presente sob as espécies do pão e do vinho, que é a oferenda do Sacrifício Eucarístico.
1411 Só os sacerdotes validamente ordenados podem presidir a Eucaristia e consagrar o
pão e o vinho para que se tornem a Corpo e o Sangue do Senhor.
1412 Os sinais essenciais do Sacramento Eucarístico são o pão de trigo e o vinho de uva,
sobre os quais é invocada a bênção da Espírito Santo, e o sacerdote pronuncia as palavras da
consagração ditas por Jesus durante a ultima ceia: “Isto é o meu Corpo entregue por vós. (...)
Este é o cálice do meu Sangue (...)”
1413 Por meio da consagração opera-se a transubstanciação do pão e do vinho no
Corpo e no Sangue de Cristo. Sob as espécies consagradas do pão e do vinho, Cristo mesmo,
vivo e glorioso está presente de maneira verdadeira, real e substancial, seu Corpo e seu Sangue,
com sua alma e sua divindade.
1414 Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida em reparação dos pecados
dos vivos e dos defuntos, e para obter de Deus benefícios espirituais ou temporais. 1415 Quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em estado de
graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente, não deve comungar a
Eucaristia sem ter recebido previamente a absolvição no sacramento da penitência.
1416 A santa comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo aumenta a união do
comungante com o Senhor, perdoa-lhe os pecados veniais e o preserva dos pecados graves. Por
serem reforçados os laços de caridade entre o comungante e Cristo, a recepção deste
sacramento reforça a unidade da Igreja, corpo místico de Cristo.
1417 A Igreja recomenda vivamente aos fiéis que recebam a Santa Comunhão quando
participam da celebração da Eucaristia; impõe-lhes a obrigação de comungar pelo menos uma
vez por ano.
1418 Visto que Cristo mesmo está presente no Sacramento do altar, é preciso honrá-lo
com um culto de adoração. “A visita ao Santíssimo Sacramento é uma prova de gratidão, um
sinal de amor e um dever de adoração para com Cristo, nosso Senhor.”
1419 Tendo Cristo passado deste mundo ao Pai, dá-nos na Eucaristia o penhor da glória
junto dele: a participação no Santo Sacrifício nos identifica com o seu coração, sustenta as nossa
forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e nos une já à Igreja
do céu, à santa Virgem Maria e a todos os santos.
Fonte: http://salvemaria.sites.uol.com.br/salv61.htm
http://blog.bibliacatolica.com.br/doutrina-catolica/primeiro-registro-historico-de-uma-santa-missa/
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