Participação Especial de Joseph Ratzinger
Rogério AlexandreDiscurso de São Paulo Apóstolo em Atenas:
Atos dos Apóstolos 17, 22
Paulo, em pé no meio do Areópago, disse:
Homens de Atenas, em tudo vos vejo muitíssimo religiosos.
23.Percorrendo a cidade e considerando os monumentos do vosso culto, encontrei também um altar com esta inscrição: A um Deus desconhecido. O que adorais sem o conhecer, eu vo-lo anuncio!
24.O Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da terra, e não habita em templos feitos por mãos humanas.Trechos da vídeo mensagem de Bento XVI aos jovens de Paris [divulgado em Françês no canal oficial do Vaticano no Youtube no dia 26 de março deste ano. Veja-se o link:http://www.youtube.com/watch?v=OjKHKkDuMoQ], os destaques e comentários entre colchetes são nossos:
25.Nem é servido por mãos de homens, como se necessitasse de alguma coisa, porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas.
26.Ele fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites da sua habitação.
27.Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós.
28.Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser, como até alguns dos vossos poetas disseram: Nós somos também de sua raça…
29.Se, pois, somos da raça de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra lavrada por arte e gênio dos homens.
30.Deus, porém, não levando em conta os tempos da ignorância, convida agora a todos os homens de todos os lugares a se arrependerem.
31.Porquanto fixou o dia em que há de julgar o mundo com justiça, pelo ministério de um homem que para isso destinou. Para todos deu como garantia disso o fato de tê-lo ressuscitado dentre os mortos.
Dou graças ao Pontifício Conselho por ter recebido e dado curso ao meu convite [para que fique claro aos tradicionalistas que culpam sempre a cúria romana, ou algum cardeal]de abrir na Igreja um “átrio dos gentios”, uma imagem que evoca o espaço aberto na ampla explanada junto ao Templo de Jerusalém, que permitia a todos os que compartilhavam a fé de Israel de aproximar-se do Templo e interrogar-se sobre a religião. [ah então o espaço era aos que compartilhavam a mesma fé de Israel, ahhhh entendido]. Naquele lugar, podiam encontrar-se com os escribas, falar da fé e inclusive rezar ao Deus desconhecido. [opa! (?) Não entendi, não era espaço para os que tinham a mesma fé que Israel? Os israelitas criam num Deus desconhecido ou no Deus que se deu a conhecer aos Patriarcas e profetas e ao povo através deles?]. E se, naquela época, o átrio era ao mesmo tempo um lugar de exclusão, já que os “gentios” não tinham direito de entrar no espaço sagrado, Cristo Jesus veio para “derrubar o muro que separava” judeus e gentios. [Sim, e reunir todos no seio da Sua Santa Igreja.“Quotquot autem receperunt Eum dedit eis potestatem filios Dei fieri, his qui credunt in nomine Ejus, qui non ex sanguinibus, neque ex voluntate carnis, neque ex voluntate viri, sed ex Deo nati sunt. A todos aqueles que O receberam, aqueles que creram no Seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Nele é que somos filhos de Deus e irmãos, não todos, mas os que o receberam][O texto completo pode ser lido em espanhol aqui: http://www.oecumene.radiovaticana.org/SPA/articolo.asp?c=473128 ]
(…)
As religiões não podem ter medo de um laicismo justo, um laicismo aberto que permite a cada um e a cada uma viver o que crê, de acordo com sua consciência. [Mesmo que creia que o preservativo é um passo moralizante, ou que Jesus é um avatar de um espírito iluminado, ou se reúne todas as religiões para rezar para a paz da “família humana” (sem Deus Pai revelado em Cristo), se está de acordo com a própria consciência, ainda que desviada, podemos beatificar]
Se se trata de construir um mundo [maçônico]de liberdade, igualdade e fraternidade, crentes e não crentes devem sentir-se livres de o ser, iguais em seus direitos de viver sua vida pessoal e comunitária com fidelidade a suas convicções e tem que ser irmãos entre si. [Esse tipo de cooperação sem a Única fé católica foi condenado pelo Papa São Pio X na Encíclica Notre charge apostolique dirigida ao Sillon, no Apêndice do Artigo citaremos trechos da Encíclica que podem ajudar a compreender a perversidade das palavras de Bento 16]
(…)
Crentes e não-crentes, presentes no átrio do Desconhecido [que místico! Pode-se dizer até teosófico], estais convidados a entrar também no espaço sagrado, a franquear o magnífico pórtico de Notre-Dame e entrar na catedral para fazer um pouco de oração. Esta oração será para alguns de vós uma oração a um Deus conhecido pela fé, mas também pode ser para outros uma oração ao Deus Desconhecido. [para Bento 16, então, a fé é uma moção interior de algumas consciências que experimentam algo de oculto, uma experiência do desconhecido, ou será que para ele a fé é um obséquio racional, uma adesão da vontade a uma verdade revelada que é compreendida pela razão, que os homens receberam sinais dignos de fé e por isso creram e morreram por aquilo que receberam. Maiores esclarecimentos na Encíclica Pascendi de São Pio X, citada em trechos no Apêndice deste artigo]
Não tenhais medo! Caminhando juntos até um mundo novo, buscai o Absoluto e buscai a Deus, inclusive vós para quem Deus é um Deus Desconhecido.
[que se depender desses anticristos continuará desconhecido… ou inexistente]
Que há entre Cristo e Belial? Entre a atitude de Bento XVI e seus discursos e o texto de São Paulo que lemos no início?
Nos tempos de São Paulo ainda o Deus de Abraão Isaac e Jacob era desconhecido, hoje o evangelho foi anunciado em todos os povos. Após 2000 anos de revelação poderia se falar em Deus desconhecido? Especialmente (se) vestido de clérigo católico? O Evangelho foi pregado em todo mundo, para todas as nações, resta a pergunta: Deus desconhecido pra quem?
O que podem fazer os católicos que querem ser fiéis à Igreja e sua Tradição e ao mesmo tempo defender um usurpador com a mitra dos dois chifres de cordeiro, mas que fala como um dragão (Apocalipse 13,11). Talvez a solução esteja na imagem:
Apêndice
O comentário do texto bíblico não tem a mínima pretensão de dar uma interpretação própria à Tradição Escrita (Sagrada Escritura), senão que se submete inteiramente a exegese e interpretação do Magistério da Igreja única capaz de ligar-nos a Palavra da Verdade, depositária da Revelação que recebemos pela Tradição (Oral e Escrita/Bíblia).
Em contrapartida, não há como não interpretar as palavras desse desviado senão como vindas de um espírito maçon saído da Sinagoga de Satanás. Se a interpretação não é a correta, é ele quem deve demonstrar com atos concretos a fé católica a mesma que tinha São Paulo ao anunciar aos Gregos que o Deus que eles desconheciam se revelou e deu provas racionais de sua divindade e que ele não é um deus que ainda permanece oculto; e o Deus revelado perdoa o tempo de ignorância.
Notre charge apostolique
Não, Veneráveis Irmãos, é necessário recordar, de modo enérgico, nestes tempos de anarquia social e intelectual, nos quais todos se levantam como doutores e como legisladores: a cidade não será construída de outra forma senão segundo aquela pela qual Deus a construiu; ela não será edificada se a Igreja na lhe lançar as bases e não lhe dirigir os trabalhos.
Não, a Civilização não está mais para ser inventada e nem uma nova cidade para ser construída nas nuvens. Ela existiu e ela existe: é a Civilização cristã; é a cidade católica.
Trata-se apenas de instaurá-la e de sem cessar restaurá-la sobre os seus fundamentos naturais e divinos, contra os ataques que sempre renascem de uma utopia malsã e da revolta e impiedade: “instaurar todas as coisas em Cristo”.
(…)
A verdade é que os chefes do Sillon proclamam-se idealistas irredutíveis que pretendem reerguer as classes operárias reerguendo antes a consciência humana; que têm uma doutrina social, princípios filosóficos e religiosos para reconstruir a sociedade sobre um novo plano; que têm uma doutrina especial sobre a dignidade do homem, a liberdade, a Justiça e a fraternidade; e que, para justificar os seus sonhos sociais, eles apelam para o Evangelho, mas, interpretado à sua maneira e o que é mais grave, para um Cristo desfigurado e diminuído.
Estas idéias eles as ensinam em seus círculos de estudos e as inculcam aos seus companheiros e as espalham em suas obras. São portanto professores de Moral social, cívica e religiosa, e, quaisquer mudanças que introduzam no movimento sillonista, temos o direito de afirmar que o seu fim, a sua natureza e a sua ação pertencem ao domínio da Moral, o domínio próprio da Igreja. Iludem-se pois eles quando acreditam que se movem um terreno onde cessam os direitos do poder doutrinário e diretivo da autoridade da Igreja.
Se a doutrina deles fosse sem erro já seria falta muito grave subtraírem-se, obstinadamente, à disciplina católica, à direção dos que receberam do céu a missão de guiar os indivíduos e as sociedades no caminho reto da verdade e do bem.
Entretanto, o mal é mais profundo: o Sillon descambou para os erros, arrastado por um mal compreendido amor pelos fracos.
Pascendi dominici grecis, ensinamentos que São Pio X adiante vai chamar de delírios e no fim da Encíclica vai condenar com autoridade divina:
o Sendo Deus o objeto da religião e sendo a Fé o início e o fundamento de toda religião, ela deve vir desse sentimento interior. Donde a origem da religião é uma indigência do divino.
o Não sendo sentida essa indigência senão em algumas circunstâncias, ela não pertence aos limites da consciência.
o Ela se oculta primeiro debaixo da consciência, ou, segundo a Filosofia Moderna, numa subconsciência. Ela aí permanece oculta e a sua raiz não é entendida.
o Como se torna religião essa indigência do divino que o homem percebe em si? Dizem: existem dois limites para a Ciência e a História: o exterior, o do mundo visível e o interior, o da consciência.
o Não é possível ir além desses limites; além deles só existe o incognoscível.
Agradecimentos ao Dr. Homero Johas, de quem seguimos a tradução das encíclicas citadas; um trabalho de tradução mais necessário e meritório que tantos outros pela fonte de que procedem.
http://promariana.wordpress.com/2011/03/30/maconizacao-da-igreja-parte-ii/
Nenhum comentário:
Postar um comentário