segunda-feira, 11 de abril de 2011

O que querem da Fraternidade São Pio X?

Fonte: Online.Baires.com – 01/04/2011
Ontem, sexta-feira , Mons. Bernard Fellay brindou-nos com uma conferência a portas abertas em Buenos Aires.
Parecia estranho que em um clima de profunda calma, pouca gente e a portas abertas estivesse falando um dos homens mais influentes da atualidade eclesial. Oito dos 83 sacerdotes ordenados em toda França em 2010 foram consagrados na Suíça, em julho passado, pelo Superior Geral da Fraternidade, 10 % do total em um país inteiro. Há 20 anos era 1 a cada 100. Tanta é a influência da Congregação fundada por Mons. Lefevbre que o mesmo Papa comentou no ano de 2005 “que a Fraternidade opinará sobre isso”, por causa de uma comunhão administrada a um protestante nos funerais de JPII.
Um movimento de ressurgimento da antiga liturgia está começando a ser notado em muitas partes do mundo – enfatizou o Bispo. É como se tivessem encontrado a chave da sacristia, que estava perdida há muitos anos, ironizou.
Por outro lado, ele quis destacar como tudo isso se produz em um ambiente de contradição; no ano em que Bento XVI promoveu como “Ano Sacerdotal”, pondo como modelo o Santo cura d’Ars. “Se bem notarmos esta situação de uma melhoria no aspecto litúrgico, as conseqüências do concílio parecem não cessar. Assim, o início deste ano foi marcado com duas graves notícias que não alegram aos fiéis cristãos: A nova reunião de Assis e a possível beatificação de JPII.”
Ele se propôs a ver o Santo Padre, que olha com bons olhos à Fraternidade São Pio X, que deseja uma volta à liturgia milenar, mas que não quer desapegar-se do Concilio vaticano II; que não vê neste Concílio as graves conseqüências para a Igreja.
O bispo relatou como cardeais, prelados e membros da Cúria romana, pessoas próximas e amigas da congregação de Lefevbre, contam seguidamente este apreço do Papa para com a Fraternidade, dizendo entre outras coisas, que o Pontífice a reconhece como a única no mundo que defende a doutrina com absoluta resolução e sem preocupações.
Um novo dado saudado pelo público na conferência foi o relato de que a excomunhão de Mons. Lefevbre também havia sido levantada. Isso ocorreu quando os 4 bispos da Fraternidade foram reabilitados por ordem e decisão papal, que anulou o decreto no qual não somente os quatro figuravam, mas  também Mons. Marcel Lefevbre e Mons. De Castro Mayer.
Ele denunciou certas manobras arbitrárias por parte da Secretaria de Estado Romana, que atualmente parece controlar grande parte da atividade eclesial. Em diálogo com o secretário da Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei”, recebeu as advertências e o pedido de comunicar aos fiéis “que nem tudo o que sai de Roma, sai do Papa”. Algo contraditório, sem lugar a dúvidas, esclareceu Fellay, mas  que mostra quanta revolução transita pelos corredores  vaticanos.
Em junho passado, quando se planejavam as ordenações de subdiaconato na Alemanha, a conferência episcopal alemã repudiou publicamente a Fraternidade, rogando ao Papa que tornasse a excomungá-la caso as ordenações previstas se realizassem. “Recebemos três chamados consecutivos do Cardeal Castrillón Hoyos, pedindo em nome do Papa, que não realizássemos as ordenações.” Nós, os 4 bispos da Fraternidade, nos reunimos para decidir e escrevi  uma carta anunciando a Bento XVI que não as realizaríamos na Alemanha, mas todos seriam ordenados no mesmo dia no seminário de Suíça. Santidade — escrevi — entendemos isso como uma medida de sobrevivência nessas situações complexas e difíceis”, relatava ontem na conferência Monsenhor Bernard Fellay.
Logo ao falar também sobre a conversão do grupo anglicano e do modus galicanus do rito que lhes foi concedido, Monsenhor referiu-se à situação atual da Igreja francesa, como exemplo do que ocorre na Europa. Situação bastante opressiva e estarrecedora, de que revelou algumas cifras;
- A idade média hoje em dia dos sacerdotes franceses é de 70 anos. Cifra que pelas poucas ordenações, a cada ano é um mais, porque não há um número representativo de novos sacerdotes.
- Os sacerdotes têm a seu cargo entre 20 e 60 paróquias cada um. “Conheci um sacerdote de 74 anos, que havia sido nomeado Vigário de outro de 86, para que ambos se encarregassem de 92 paróquias.
-E a bancarrota não é somente espiritual, é também física, pela quantidade de sentenças judiciais milionárias em conseqüência dos escândalos de pedofilia, etc.
“Dentro de poucos anos, não existirá igreja na França –- enfatizou o Superior da Fraternidade — Deus não o permita”.
O último relato que brindou à concorrência foi sobre a basílica de São Pedro em Roma, onde há alguns anos, às 7:15h da manhã, se pode encontrar muitas missas tradicionais. Muitos desses sacerdotes têm se aproximado da Fraternidade. Primeiramente com um pouco de receio, contou o bispo, mas logo foram tornando suas missas públicas. “A princípio eram entre 10 e 15, hoje já são entre 20 e 30. Entre 20 e 30 missas tradicionais a cada dia.” “Tive a oportunidade de falar com a maioria desses sacerdotes jovens e lhes perguntei o que eles esperavam da Fraternidade? A resposta foi muito alentadora, entre outras coisas, muitos deles me responderam: A doutrina, Monsenhor, queremos a doutrina”.

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