reporterdecristo
13 de maio de 2011
Diretor italiano já vencedor da Palma apresentou novo longa em Cannes.
“Decidimos que o nosso Vaticano seria um pouco mais simples. No nosso conclave não existem acordos, complôs, pacotes com votos sendo transportos de um continente a outro, campanhas de autopromoção”, enumerou o diretor. “Não quis mostrar mais uma vez aquele Vaticano já visto tantas vezes no cinema ou na TV. Minha vontade foi de humanizar aquele mundo ali.”
Pois, de fato, desde as primeiras cenas, “Habemus papam” retrata a liturgia da escolha de um novo pontífice, usualmente tão secreta quanto mistificada, da maneira mais informal e engraçada possível. Durante a contagem dos votos, podemos ouvir cada um dos cardeais/candidatos fazendo suas orações: “Por favor, Senhor, não me escolha, não eu, não eu…”. E quando a decisão – mas não o nome do sucessor – é finalmente revelada aos fiéis em vigília a dias, o que se vê é um papa em apuros gritando “Eu não posso!” enquanto foge desesperado pelos corredores da Santa Sé.
13 de maio de 2011
Moretti lança ‘Habemus papam’: ‘No nosso conclave não há complôs.’
Diretor italiano já vencedor da Palma apresentou novo longa em Cannes.
Comédia sobre novo papa que recusa missão ‘humaniza’ o Vaticano, defende.
Quando se soube que Nanni Moretti estava preparando um novo filme sobre o Vaticano muitos esperavam polêmica à vista. Declaradamente avesso ao catolicismo e ao governo atual italiano, o cineasta veterano e popular em seu país já havia pisado no calo da igreja antes, quando escalou a si mesmo para interpretar um jovem padre em crise em “A missa acabou”, de 1985.
De volta a Cannes nesta sexta-feira (13) depois de vencer a Palma de Ouro por “O quarto do filho” em 2001, Moretti pegou os apressadinhos de surpresa. “Habemus papam”, seu novo longa, é uma comédia leve e inteligente que abdica da política em favor de uma história essencialmente humana ambientada no coração do que considera o seu próprio Vaticano. Um lugar onde os recentes escândalos de pedofilia na igreja, por exemplo, ainda não chegaram.“As pessoas esperavam, com esse filme, saber o que já sabiam. Esperavam de mim um filme de denúncia, mas não acho que esse seria um bom motivo para contar a minha história”, disse Moretti em entrevista à imprensa internacional nesta manhã após a exibição do filme. “Os escândalos de pedofilia e todos esses terríveis delitos já foram descobertos. Aquela atmosfera do ano passado desapareceu um pouco e a igreja se sentiu no dever de pedir desculpas”, justificou.
Sempre evitando as saias-justas políticas, o diretor – que também atua no filme na pele de um psicanalista convocado para ajudar o novo e relutante papa a aceitar a missão de Sumo Pontífice – se negou a comentar as críticas que recebeu de alguns poucos setores conservadores da Igreja italiana por conta do filme. “Não vejo sentido em me fazer de vítima. É um papel que nao me agrada interpretar.” Por outro lado, garantiu não ter enfrentado resistência do Vaticano durante as filmagens, que misturaram gravações em estúdio, externas na Praça São Pedro e imagens reais do enterro de João Paulo II.“Decidimos que o nosso Vaticano seria um pouco mais simples. No nosso conclave não existem acordos, complôs, pacotes com votos sendo transportos de um continente a outro, campanhas de autopromoção”, enumerou o diretor. “Não quis mostrar mais uma vez aquele Vaticano já visto tantas vezes no cinema ou na TV. Minha vontade foi de humanizar aquele mundo ali.”
Pois, de fato, desde as primeiras cenas, “Habemus papam” retrata a liturgia da escolha de um novo pontífice, usualmente tão secreta quanto mistificada, da maneira mais informal e engraçada possível. Durante a contagem dos votos, podemos ouvir cada um dos cardeais/candidatos fazendo suas orações: “Por favor, Senhor, não me escolha, não eu, não eu…”. E quando a decisão – mas não o nome do sucessor – é finalmente revelada aos fiéis em vigília a dias, o que se vê é um papa em apuros gritando “Eu não posso!” enquanto foge desesperado pelos corredores da Santa Sé.
O mérito de incorporar um papa de carne-e-osso é do ator franco-italiano Michel Piccoli, que leva no currículo filmes com Godard (“O desprezo”), Buñuel (“A bela da tarde”) e venceu o prêmio de melhor ator em Cannes na década de 80 por “Salto nel vuoto”, de Marco Bellocchio. Ao falar de sua contribuição para o filme de Moretti, no entanto, Piccoli é só modéstia.
“Vocês podem pensar que é complicado fazer o papel do papa. Mas [Melville, o personagem] é um papa que tem dois lados, a ansiedade por ter sido escolhido e a fé em Deus. Só o que fiz foi ouvir a equipe do Moretti. Desculpem-me por dizer isso, mas, honestamente, foi muito fácil”, explicou o veterano, primeiro intérprete masculino a despontar como favorito na categoria ator na competição deste ano.
Para Piccoli, a chave do personagem – e de todo o filme em si – está no fato de que a crise pela qual passa o papa é exatamente a mesma de qualquer mortal comum. “Ele só está tentando dizer: eu não posso assumir essa responsabilidade, como poderia fazer qualquer homem que é chamado para guiar as pessoas, seja na vida religiosa, na política ou mesmo em casa quando a mulher resolve que quer ter um filho dele. É um choro que sai no lugar de uma resposta que não pode ser dada. Todos temos esse sentimento de pânico em face a algum evento especial”, concluiu o ator, do alto de sábios 85 anos.
“Vocês podem pensar que é complicado fazer o papel do papa. Mas [Melville, o personagem] é um papa que tem dois lados, a ansiedade por ter sido escolhido e a fé em Deus. Só o que fiz foi ouvir a equipe do Moretti. Desculpem-me por dizer isso, mas, honestamente, foi muito fácil”, explicou o veterano, primeiro intérprete masculino a despontar como favorito na categoria ator na competição deste ano.
Para Piccoli, a chave do personagem – e de todo o filme em si – está no fato de que a crise pela qual passa o papa é exatamente a mesma de qualquer mortal comum. “Ele só está tentando dizer: eu não posso assumir essa responsabilidade, como poderia fazer qualquer homem que é chamado para guiar as pessoas, seja na vida religiosa, na política ou mesmo em casa quando a mulher resolve que quer ter um filho dele. É um choro que sai no lugar de uma resposta que não pode ser dada. Todos temos esse sentimento de pânico em face a algum evento especial”, concluiu o ator, do alto de sábios 85 anos.
Fonte: G1.
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