segunda-feira, 9 de maio de 2011

O sacro show de Wojtyla. Assim o ex-mestre de cerimônias (Piero Marini) revela que era o Papa Polaco quem desejava todas aquelas novidades.

fratres in unum

Por Paolo Rodari
Na cúria romana de Karol Wojtyla, Monsenhor Piero Marini não foi simplesmente o mestre de cerimônias pontifícias. Foi o continuador de uma escola que nos anos do pós- Concílio reformou a liturgia, dirigindo-a para além dos cânones e das regras da antiga tradição. Em substância, o que começou o Padre lazarista Annibale Bugnini com Paulo VI, Marini continuou na era do Papa polaco.

Procurou, a seu modo, sem conseguir se esconder de uma série de críticas ferozes manobrada principalmente pela ala conservadora da Cúria, que via nas inovações “impostas” ao Papa uma traição à Tradição.
Aqui está o ponto. Piero Marini impôs a espetacularização da liturgia pontifícia ao seu principal protagonista, o Papa, ou se adequou a um desejo expresso pelo mesmo chefe da Igreja universal? Três anos e meio após a demissão do mestre de cerimônias do Papa — em seu lugar, Bento XVI desejou um outro Marini, Guido, da nobre e rigorosa escola do Cardeal Siri — é o próprio Monsenhor Piero quem toma papel e caneta e escreve em “Io sono un Papa amabile. Giovanni Paolo II” [“Eu sou um Papa amável. João Paulo II”], um livro recém-publicado pela editora San Paolo e escrito juntamente com Bruno Cescon, a sua versão dos fatos.
Marini dedica muitas páginas à controvérsia que o envolveu nos últimos anos, até dizer que o avanços das liturgias papais foram desejados por Wojtyla, que, na verdade, “queria algo mais” no caminho que levava as suas celebrações litúrgicas a integrar elementos pertencentes às diferentes culturas do mundo, mas estranhas aos rídigos cânones romanos. Este, diz Marini, foi Wojtyla: um Papa que quebrou a rigidez da liturgia romana introduzindo novas culturas no espaço sagrado.
Cada viagem, uma nova liturgia. Cada viagem, os resmungos da comitiva papal. Estamos em 1991. Em São Luís do Maranhão, Brasil, o bispo local propõe introduzir na Missa papal uma dança. No momento do Evangelho, aparecem duas dançarinas em roupas finas, talvez de seda. Dançam. O vento agita as vestes e revela muito das respectivas nudezas.
Na sacristia, os cardeais comentam: “É possível que esses fatos devam acontecer?”. Marini disse que assim comentou o presidente da Conferência Episcopal Brasileira, Luciano Mendez de Almeida: “Mas eu vi os anjos da ressurreição”. E que várias vezes o Papa se virou dizendo: “Belo, belo”. Como se dissesse: o Papa sabia e aprovava a novidade. Muitos reclamavam. Entre estes, talvez, até Joseph Ratzinger, que hoje, tornado Papa, está habituando sua Igreja a outra liturgia.

II Visita do Papa João Paulo II ao Brasil - 1991


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