segunda-feira, 20 de junho de 2011

O que pedimos a Deus quando rezamos pela unidade dos cristãos?

[fratres in unum]

Assembléia Geral da CNBB em Aparecida.
Assembléia Geral da CNBB em Aparecida.
Para alguns católicos incautos, a chamada Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que se celebra anualmente entre o domingo da Ascensão e o do Pentecostes, tem por finalidade rezar para que todos reconheçam a verdade ensinada pela Igreja Católica e retornem à Comunhão com o Papa. São os otimistas de sempre, incapazes de perceber o óbvio diante de si: pois estes encontros não visam a conversão de ninguém, antes, pretendem colocar no mesmo pé de igualdade todas as igrejas e relativizar a adesão total ao dogma cristão, especialmente sobre a Eucaristia, o Sacerdócio, o Papado, a Virgem Maria, etc.

Até quando estes adoradores do Vaticano II vão defender este ecumenismo doentio que acaba por destruir os fundamentos do Catolicismo em nome duma unidade quimérica em torno da “caridade”, entendida de forma desvinculada da verdade? Vivem numa utopia que minimiza todos os pontos doutrinários e morais, olhando avidamente para o que une, tal como se alguém defendesse uma nota falsa de dinheiro, dizendo que devemos olhar para as semelhanças com uma nota autêntica (sic!). Este ecumenismo responde a uma visão autenticamente protestante, já que para o Protestantismo, a Igreja de Cristo é essencialmente invisível e está presente onde se prega o Evangelho e se celebram os sacramentos (cf. Lutero). Sendo assim, todos os que se dizem cristãos já pertencem por direito e de fato à Igreja de Cristo, diferentemente da visão católica que supõe a comunhão de fé, de sacramentos e de submissão hierárquica numa unidade visível.
A única unidade que eles desejam ao estilo tradicional, i.e., com submissão total ao Papa e adesão a toda a doutrina que se ensina hoje, é para a Fraternidade São Pio X e não para os protestantes. Poderíamos nos perguntar: por que tanta vontade de submeter a FSSPX aos princípios do ecumenismo, da liberdade religiosa e da adesão ao Vaticano II e ao Novus Ordo, enquanto que para com as outras religiões se oferece sempre misericórdia e compreensão?
Alguém já acenou um dia: “Se eu for a um culto protestante, ou chamar um pastor para pregar na minha paróquia, na Igreja me chamarão de ecumênico e me parabenizarão; se me encontrar com muçulmanos, chamar-me-ão de aberto ao diálogo inter-religioso; se eu for a uma cerimônia numa Loja Maçônica, dirão que tenho o espírito aberto ao diálogo com o mundo; mas, se pelo contrário for amigo de um padre da Fraternidade São Pio X, se me aproximar duma de suas capelas ou seminário, imediatamente gritarão: excomungados, cismáticos, rebeldes… Por que uma reação tão contraditória?” Se alguém puder decifrar este enigma que no-lo conte.
Vide alguns exemplos tirados das últimas semanas:
No Rio de Janeiro:
“Muitas igrejas que não compartilham desse sentimento ecumênico pensam que é todos os cristãos estarem debaixo da mesma instituição, isso não é possível. A unidade acontece justamente dentro da diversidade de dons que existe. Essas diferenças são o que as enriquecem. Juntos, como igrejas unidas, podemos construir um novo tempo para nossa sociedade, por isso somos chamados discípulos e discípulas do Senhor, no batismo.” Leia do restante dessa matéria aqui.
Em Recife:
 “Unir-se em torno do ensinamento dos apóstolos chama as Igrejas a se constituírem como Igrejas pascais, abertas à missão e capazes de dialogar com o mundo atual. A comunhão fraterna e a repartição do pão recordam que a vocação da Igreja cristã é ser profecia de um mundo novo e de partilha’, enfatizou dom Fernando [arcebispo de Olinda e Recife]. Em seguida, o pastor Milton reforçou a unidade proposta por Jesus. “Meu sentimento é que como povo de Deus somos um. Somos parte do corpo de Cristo, que nos faz um. Nós somos irmãos.”
 “Os discursos sobre o desenvolvimento escondem o que está acontecendo. Há pessoas de todos os lugares trabalhando em condições questionáveis e longe da família. Além do desenvolvimento de redes de prostituição infanto-juvenil e tráfico de drogas nos canteiros de trabalho. Eu acredito muito numa coisa: o único caminho que leva à unidade é o serviço à vida, aos mais necessitados”.
Leia do restante dessa matéria aqui.
* * *
Assim, por exemplo, muitíssimos destes negam a necessidade da Igreja de Cristo ser visível e perceptível, pelo menos na medida em que deva aparecer como um corpo único de fiéis, concordes em uma só e mesma doutrina, sob um só magistério e um só regime. Mas, pelo contrário, julgam que a Igreja perceptível e visível é uma Federação de várias comunidades cristãs, embora aderentes, cada uma delas, a doutrinas opostas entre si.”
“Assim, de que vale excogitar no espírito uma certa Federação cristã, na qual ao ingressar ou então quando se tratar do objeto da fé, cada qual retenha a sua maneira de pensar e de sentir, embora ela seja repugnante às opiniões dos outros?
E de que modo pedirmos que participem de um só e mesmo Conselho homens que se distanciam por sentenças contrárias como, por exemplo, os que afirmam e os que negam ser a sagrada Tradição uma fonte genuína da Revelação Divina?
Como os que adoram a Cristo realmente presente na Santíssima Eucaristia, por aquela admirável conversão do pão e do vinho que se chama transubstanciação e os que afirmam que, somente pela fé ou por sinal e em virtude do Sacramento, aí está presente o Corpo de Cristo?
Como os que reconhecem nela a natureza do Sacrifício e a do Sacramento e os que dizem que ela não é senão a memória ou comemoração da Ceia do Senhor?
Como os que crêem ser bom e útil invocar súplice os Santos que reinam junto de Cristo – Maria, Mãe de Deus, em primeiro lugar – e tributar veneração às suas imagens e os que contestam que não pode ser admitido semelhante culto, por ser contrário à honra de Jesus Cristo, “único mediador de Deus e dos homens”? (1 Tim. 2,5)”
Carta Encíclica Mortalium Animus de Sua Santidade, o Papa Pio XI.


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