sexta-feira, 1 de julho de 2011

Confissões de Bento XVI nos 60 anos de sacerdócio

Sintetizadas em Já não vos chamo servos, mas amigos. 

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 30 de junho de 2011 (ZENIT.org) – Nesta quarta-feira, dia em que comemorava seu 60º aniversário de sacerdócio, Bento XVI deu espaço às confidências na Basílica Vaticana, na Concelebração Eucarística da solenidade dos santos Pedro e Paulo, padroeiros da diocese de Roma.
“Já não vos chamo servos, mas amigos”: estas palavras de Jesus constituem, como ele mesmo confessou, a lembrança mais íntima daquele maravilhoso dia de verão em que, junto a 43 seminaristas, entre os quais se encontrava seu irmão Georg, recebeu a ordenação sacerdotal das mãos do cardeal Michael von Faulhaber (1869-1952), na catedral de Frisinga, perto de Munique.

As palavras de Jesus foram pronunciadas pelo prelado, grande opositor ao nazismo, aos novos sacerdotes no final da cerimônia de ordenação, e Joseph Ratzinger sentiu que o próprio Cristo as dirigia a ele.
“Eu sabia e sentia que, nesse momento, esta não era somente uma palavra 'cerimonial', e era também algo mais que uma passagem da Sagrada Escritura. Era bem consciente: nesse momento, Ele mesmo, o Senhor, a disse a mim de maneira totalmente pessoal”, confessou diante dos peregrinos que lotavam o maior templo do catolicismo.
Entre eles, encontravam-se os 41 arcebispos metropolitanos do mundo inteiro nomeados no último ano, a quem Bento XVI entregou o pálio, símbolo de sua comunhão com o Papa, nesse mesmo rito.
Da mesma forma, estava presente uma delegação do patriarcado ecumênico de Constantinopla, um gesto com o qual o patriarca Bartolomeu I se une, todos os anos, ao “dia do Papa”, conferindo ao encontro, assim, um claro caráter ecumênico.
Bento XVI lembrou como, em sua ordenação, compreendeu que Cristo “me chama de amigo”.
“Ele me acolhe no círculo daqueles aos quais havia se dirigido no Cenáculo – explicou na homilia –, no grupo dos que Ele conhece de forma particular e que, assim, chegam a conhecê-lo de forma particular. Confere-me a faculdade – que quase dá medo – de fazer aquilo que somente Ele, o Filho de Deus, pode dizer e fazer legitimamente: eu te perdoo os teus pecados.”
“Ele se fia de mim: 'Já não vos chamo servos, mas amigos'. Confia-me as palavras da consagração da Eucaristia. Considera-me capaz de anunciar sua Palavra, de explicá-la retamente e de levá-la aos homens de hoje. Ele se abandona a mim”, continuou dizendo, ao sintetizar, seis décadas depois, a emoção da sua primeira Missa.
Esta evocação se converteu depois em uma súplica humilde e muito pessoal: “Senhor, ajuda-me sempre a conhecer-te melhor. Ajuda-me a estar cada vez mais unido à tua vontade. Ajuda-me a viver a minha vida, não para mim mesmo, mas junto a Ti, para os outros. Ajuda-me a ser cada vez mais teu amigo”.
O Papa teve a alegria de poder comemorar este aniversário com o seu irmão, o Pe. Georg, grande músico, quem foi, durante anos, diretor dos meninos cantores da catedral de Ratisbona (Domspatzen). Certamente, a música sacra ambientou os momentos do seu encontro no Palácio Apostólico, ajudando-os a reviver mais intimamente o dia mais importante das suas vidas.
(Jesús Colina)

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