sexta-feira, 5 de agosto de 2011

As Origens da Maçonaria

[lojaantoniojoao]

"As origens reais da maçonaria se perdem nas brumas da antiguidade. Os escritores maçônicos do século dezoito especularam sua história sem o espírito crítico, baseando seus conceitos numa crença literal na história e cronologia do Antigo Testamento, e nas lendas curiosas da Ordem, oriundas dos tempos operativos das Antigas Observâncias  ou Constituições. Assim é que com toda seriedade foi formulado pelo Dr. Anderson em seu Livro das Constituições que Adão  nosso primeiro pai , criado à imagem de Deus, o grande Arquiteto do Universo, deve ter tido as Ciências Liberais , e particularmente a Geometria, escritas em seu coração", enquanto que outros , menos fantásticos, atribuem sua origem a Abraão, Moisés ou Salomão. E o Dr. Oliver, mais recente, pois data  da primeira parte do século dezenove, chegou a escrever que a Maçonaria, tal qual a temos hoje, é a única verdadeira relíquia da religião dos patriarcas antes do Dilúvio, ao passo que os antigos Mistérios do Egito e de outros países, que tão estreitamento se assemelhavam a ela, foram apenas corrupções humanas da única e pura tradição. 

A medida que os conhecimentos científicos e históricos progrediram em outros campos de pesquisas, e especialmente na análise crítica das Escrituras,  os métodos científicos foram gradativamente sendo aplicados ao estudo da Maçonaria, de sorte que atualmente existe um vasto acervo de informações positivamente exatas e das mais interessantes sobre a história de nossa Ordem. Em conseqüência disto e de outras linhas de investigação, já existem quatro principais escolas ou tendências do pensamento maçônico, ainda não necessariamente definidas ou organizadas como escolas, porém agrupadas, segundo suas relações, a quatro importantes departamentos de conhecimentos, primitivamente não incluídos no campo maçônicos. Cada um desses grupos tem características próprias, afins com a Maçonaria; cada um deles tem seus próprios cânones de interpretação dos símbolos e cerimônias maçônicos, conquanto seja claro que muitos dos modernos escritores maçônicos são influenciados por mais de uma escola.
I - A Escola Autêntica: 
Consideremos primeiro o que se convencionou chamar a Escola Autêntica, que surgiu na primeira metade do século dezenove, em resposta ao desenvolvimento do conhecimento crítico em outros campos. As antigas tradições da Ordem foram minuciosamente examinadas à luz de documentos autênticos ao alcance do historiador. Empreendeu-se uma enorme soma de pesquisas nas atas das Lojas em documentos de todas as espécies tratando do passado e do presente da Maçonaria, em arquivos de municipalidade e povoações, em decretos e sentenças judiciais. Com efeito, consultaram-se e classificaram-se todos os arquivos acessíveis. Neste setor os Maçons muito a R. F. Gould, o grande historiador maçônico; a W. J. Hughan, G. W. Speth, David Murray-Lyon, o historiador da Maçonaria Escocesa; ao Dr. Chetwod Crawley, cujo tratado sobre  a primitiva ordem Irlandesa se tornou clássico; e a outros do Círculo Interno da famosa Loja Quattour Coronati, nº 2076, cujos Anais fascinantes são uma mina de preciosos ensinamentos históricos e arqueológicos. 

Na Alemanha, dois grandes nomes são J. F. Fludelo, historiador; e Dr. Wolhelm Begemann, que fez as mais minuciosas e, esmeradas pesquisas nas Antigas Constituições da Ordem.  Urna vasta soma de material de permanente utilidade para os estudiosos de nossa Ordem tornou-se assim acessível graças ao labor dos cultores da Escola Autêntica.

Todavia, esta escola tem suas limitações, resultantes do seu próprio método de investigação.  Numa sociedade secreta como o é a Maçonaria, há de haver muita coisa que jamais foi escrita, mas apenas transmitida oralmente nas Lojas, e assim os documentos e registros têm apenas um valor parcial.  Os registros da Maçonaria especulativa pouco antecedem sua reformulação em 1717, ao passo que as atas mais primitivas e raras pertencem ao ano de 1598, segundo D. Murray-Lyon (History of the Lodge of Edinburgh, p. 9).  A tendência desta escola é, portanto, muito naturalmente, de fazer a Maçonaria derivar das Lojas e Guildas operativas da Idade Média, e fazer supor que os elementos especulativos foram enxertados no tronco operativo - hipótese esta não contraditada pelos arquivos existentes.  Afirma o Irmão R.F. Gould           que se pudermos admitir que o simbolismo (ou cerimental) da Maçonaria é anterior a 1717, não haverá, praticamente,  limites na computação de sua idade (Concise History of Pree-rnansory, p. 55).  Mas muitos outros escritores não vão além dos construtores medievais, na procura da origem de nossos Mistérios. 

Entre os adeptos desta escola há a tendência, também muito natural quando se sustenta tal teoria de origem, de negar a validade dos graus superiores e de declarar, de acordo com o Ato Solene de União entre as duas Grandes Lojas Maçônicas da Inglaterra, em 1813, que a "pura Maçonaria Antiga consiste de três graus e não mais, I. é., os de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, inclusa a Ordem Suprema do Santo Real Arco" (Book of Constitutions, 1884, p. 16).  Todos os demais graus e ritos são encarados pelos mais rígidos adeptos desta escola como sendo Inovações continentais e são, conseqüentemente, rejeitados como sendo Maçonaria "espúria". 

No tocante à Interpretação, os autênticos pouco mais avançaram do que uma moralização dos símbolos e cerimônias da Maçonaria, como acessória do Cristianismo Anglicano. 
II - A Escola Antropológica:
Uma segunda escola, ainda em processo de desenvolvimento, aplica as descobertas da antropologia aos estudos da história maçônica, com notáveis resultados.  Os antropologistas têm reunido um vasto cabedal de informações sobre os costumes religiosos e lniciatórios de muitos povos, antigos e modernos; e os Maçons estudiosos neste campo têm encontrado muitos de nossos símbolos, tanto da Ordem como de graus superiores, nas pinturas murais, gravuras, escultura e edifícios das principais raças do mundo.  Portanto, a Escola Antropológica concede à Maçonaria uma antigüidade muito maior do que a tida pela Autêntica, e assinala surpreendentes analogias com os antigos Mistérios de muitas nações, os quais possuíram claramente nossos símbolos e sinais, com toda a probabilidade, cerimônias análogas às executadas atualmente nas Lojas Maçônicas. 

Os antropologistas não confinam seus estudos apenas ao passado, mas têm investigado os ritos iniciatórios de numerosas tribos selvagens existentes tanto na África como na Austrália, e os têm encontrado possuírem gestos e sinais ainda em uso entre os Maçons.  Entre os habitantes da Índia e da Síria têm sido encontradas impressionantes analogias com nossos ritos maçônicos, entremeados com suas filosofias Religiosas, de tal maneira que torna inteiramente impossível a idéia de que tivessem sido copiados de fontes européias.  Os Maçons estudiosos de modo algum esgotaram os fatos que ainda se podem descobrir neste interessantíssimo campo de pesquisas, porém mesmo com nossos atuais conhecimentos é evidente que ritos análogos aos que chamamos maçônicos existem entre os mais antigos do globo, e podem ser encontrados sob uma forma ou outra em quase todas as partes do mundo.  Nossos sinais existem no Egito e México, na China e Índia, na Grécia e Roma, nos templos de Burma e nas catedrais da Europa medieval.  Além de que no sul da Índia existem santuários onde são ensinados os mesmos segredos sob compromissos de juramento tal como nos são comunicados na Ordem e nos graus superiores da Europa e América modernas. 

Entre os pioneiros neste campo devemos mencionar o Irmão Albert Chuchward, autor de interessantes livros sobre a origem egípcia da Maçonaria, conquanto pareça nem sempre ser ele suficientemente crítico; o Irmão J. S. M. Ward, autor de Freemasonry and the Ancient Gods, Who was Hiram Abiff?, e numerosas outras obras, encara a Síria como sendo o berço da Maçonaria, embora haja compilado uma massa de valiosas Informações de outros países; e o Sr.  Bernard H. Springett, autor de Secret Sects of Syria and Lebanon, o qual coligiu muito material sobre ritos maçônicos entre os árabes. 

À obra da Escola Antropológica se deve uma clara revelação da imensa antigüidade e difusão daquilo que atualmente chamamos simbolismo maçônico.  No entanto, essa escola tende a situar a origem dos antigos Mistérios nos costumes iniciatórios de tribos selvagens, os quais, embora admissivelmente de incalculável antigüidade, freqüentemente não são nem dignificantes nem espirituais.  Outra importante obra lograda por seus esforços, é a justificação de muitos dos graus superiores serem considerados "pura Maçonaria antiga"; pois, a despeito do pronunciamento da Grande Loja da Inglaterra, acima citado, há precisamente provas cabais da extrema antigüidade dos sinais da Rosa-Cruz, da Ordem e do Real Arco, tanto quanto também de muitos outros graus.  Das pesquisas dos antropologistas resulta perfeitamente claro que, quaisquer que sejam os exatos elos na cadeia da descendência, na Maçonaria somos os herdeiros de uma tradição antiqüíssima, que durante incontáveis idades tem estado associada com os mais sagrados mistérios do culto religioso.
III - A Escola Mística:
Uma terceira escola do pensa mento maçônico, que podemos  mística, encara os mistérios da Ordem de um outro ponto de vista, vendo neles um plano  para o despertar espiritual do homem e seu desenvolvimento interno. Nos anais de suas experiências espirituais, adeptos desta escola declaram que os graus da Ordem são simbólicos de certos estados de consciência, que devem ser despertados no iniciado Individual, se ele aspira ganhar tesouros do espírito. Eles dão testemunho de uma outra muito superior natureza da validade de nossos ritos maçônicos; um testemunho que pertence mais à religião do que à ciência. A meta do místico é a união consciente com Deus, e para um maçom desta escola a Ordem objetiva representar a Senda para essa meta, oferecer um mapa, por assim dizer, para guiar os passos do buscador de Deus. 

Comumente êstes estudiosos estão mais interessados em interpretações do que em pesquisas históricas.  Sua preocupação principal não consiste em perquirir uma exata linha de descendência proveniente do passado, mas, antes, em viver a vida indicada pelos símbolos da Ordem, com o fim de atingir a realidade espiritual de que estes símbolos são apenas pálidos reflexo Todavia, eles sustentam que a Maçonaria tem pelo menos parentesco com os antigos Mistérios, que visavam precisamente mesma finalidade: a de oferecer ao homem uma via pela que possa encontrar Deus.  E eles deploram o fato de que a maioria de nossos Irmãos modernos tenha de tal modo se esquecido da glória de sua herança maçônica, que deixou os antigos ritos tornar-se pouco mais que formas vazias.  Um bem conhecido representante desta escola é o Irmão A. E. White, um dos mais requintados e cultos maçons da atualidade, e uma autoridade em história dos graus superiores.  Outro também é o Irmão W. L Wilmshurts, que tem produzido algumas formosas e profundamente espirituais interpretações do simbolismo maçônico, Muito te feito esta escola para espiritualizar a chamada Maçonaria masculina, e sem dúvida uma das marcas de sua influência é mais profunda e cada vez mais destacada reverência por nossos Mistérios. 
IV - A Escola Oculta:
A quarta escola de pensamento está representada por uma corporação sempre crescente de estudiosos na Ordem Comaçônica (ou Ordem Maçônica Mista Internacional Le Droit Humain), que está progressivamente atraindo também aderentes da Maçonaria masculina.  Como um de seus principais e característicos postulados é a eficácia sacramental do cerimonial maçônico, quando devida e fielmente executada, talvez nos seja lícito chamá-la a Escola Sacramental ou Oculta.  O termo ocultismo tem sido muito mal interpretado, por ser definido como o estudo e conhecimento do lado Interno da natureza por meio dos poderes existentes em todos os homens, porém ainda não despertos na maioria deles.  Esses poderes podem ser acordados e treinados no estudante ocultista, por meio de uma longa e cuidadosa disciplina e meditação. 

O objetivo do ocultista, não menos que o do místico, é a união consciente com Deus, porém diferem seus métodos de busca.  O ocultista visa atingir essa união por meio do conhecimento e da vontade, preparar toda a sua natureza física, emocional e mental, até torná-la uma perfeita expressão do espírito divino em seu interior.  Ele pode ser empregado como um Instrumento eficiente no grande plano de Deus para a evolução da humanidade, plano esse tipificado na Maçonaria pela construção do Santo Templo.  O místico, por outro lado, aspira antes a união extática com o nível da consciência divina que seu estágio evolutivo lhe permite atingir. 

O método ocultista se desenvolve através de uma série de etapas gradativas, de uma Senda de Iniciações conferindo sucessivas expansões de consciência e graus do poder sacramental.  O místico é freqüentemente mais de caráter Individual um "vôo do solitário para o Solitário", segundo uma formosa expressão de Plotino.  Para o ocultista é de suma Importância e exata observância de uma forma, e por meio do emprego da magia cerimonial ele cria um veículo através do qual se pode atrai


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