domingo, 21 de agosto de 2011

Líderes religiosas olham para o futuro com ''vigorosa força''


[IHU]

21/8/2011  

A irmã franciscana Florence Deacon é a nova presidente da Leadership Conference of Women Religious (LCWR) [Conferência de Lideranças de Religiosas], dos EUA, eleita no encerramento da assembleia anual da organização, entre os dias 9 a 12 de agosto, em que os membros se descreveram como "ativistas contemplativas".
A reportagem é de Doris Benavides, publicada no sítio Catholic News Service, 16-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Deacon, diretora da sua congregação de São Francisco, com sede no Wisconsin, representa os franciscanos nas Nações Unidas e ao redor do mundo, inclusive como diretora do escritório de Nova York dos Franciscanos Internacionais. Ela é uma líder da LCWR há 10 anos nos níveis regional e nacional.
De acordo com as organizadoras e participantes das convenções anteriores, a assembleia deste ano reuniu uma maior variedade de representantes das congregações de todo o país, com um número predominante da Costa Leste.
Mas as participantes concluíram que a diminuição do número de membros em inúmeras comunidades religiosas exige uma revisão da estrutura regional da LCWR.
Uma pesquisa realizada pela Comissão de Planejamento Operacional Estratégico da organização projetou que, em 2012, haverá pelo menos 100 religiosas a menos em cada região. Atualmente, há um total de 46.451 mulheres consagradas à vida religiosa no país, uma diminuição em comparação às 60.642 de 2007.
Uma conversa entre dois membros do Comitê de Vida Contemporânea da LCWR rendeu algumas conclusões sobre "três movimentos" que se desenvolveram dentro da organização.
São eles: uma energia que promove uma forma diferente de entender como desenvolver e abraçar "um novo caminho", uma urgência de estar com o mundo de formas que "estamos transformando", e abraçar a mudança, estando dispostas a colocar tudo sobre a mesa em "prol de realinhar isso a serviço da missão de Deus no mundo, com abnegação completa".
As irmãs compararam o evento com um "reflexo visto através de um espelho" e concluíram que as discussões foram feitas "em parceria com Deus, que está em trabalho de parto dando à luz durante todo o dia".
Para descrever a atitude na sala, as irmãs usaram palavras como "cheia de esperança", "força vigorosa", uma "sensação de paz, mas não de sossego", “determinação, objetivo, unidade, destemor, "menos impaciente", " menos desesperada" e "nova leveza do ser".
As religiosas admitiram que ainda há uma necessidade crescente de solidariedade, de comunhão e de parceria entre elas.
Ao falar sobre o futuro da LCWR e de seus membros, a irmã dominicana e ex-presidente Mary Hughes baseou-se nos exemplos de santos que suportaram o sofrimento e a opressão, mas transmitiram uma mensagem de reconciliação e de perdão.
"O perdão", disse ela, "emana da liberdade, do at obeber em uma fonte de compaixão, e nunca finge que tudo está bem".
Ela ofereceu quatro condições que dão lugar ao perdão: ter a disposição de abandonar o direito ao ressentimento; buscar não a vingança, mas sim a reconciliação; abrir mão de esperar por um passado melhor;e abrir mão do apego negativo à dor.
O palco da assembleia estava montado como uma sala de estar para "apresentações reflexivas", e, ao contrário de assembleias anteriores, não foi realizada nenhuma manifestação este ano. Ela foi substituída por uma oração pelos imigrantes e por uma mesa redonda com militantes leigos que falaram, dentre outras questões, sobre as lutas dos imigrantes ilegais e de suas famílias, forçadas a viver nas sombras ou a enfrentar a deportação.
Sua apresentação ofereceu uma ilustração do discurso central do dia anterior, que, pela primeira vez, foi proferido em outro idioma, e não em inglês. Uma religiosa do México fez o discurso em espanhol.
"Suas contribuições à teologia e à espiritualidade favoreceram os países da América Latina e do Caribe", disse a irmã beneditina Maricarmen Bracamontes, coordenadora de uma equipe de assessoria teológica para a Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas.
Sua comunidade religiosa tem sua sede no estado mexicano de Coahuila, no nordeste do país, que faz fronteira com o Texas e é uma área que se tornou um campo fértil para o crime organizado.
"A visitação apostólica tinha a ver com a sua formação intelectual em diversas áreas e com o seu envolvimento em organizações civis que aumentaram o nosso respeito por vocês", disse a teóloga mexicana.
Depois de apresentar diferenças e semelhanças na forma de fazer as coisas nos EUA e nos países da América Latina, Bracamontes salientou a necessidade de uma maior solidariedade para o crescimento e a maturidade.
"Vivemos em tempos cruciais em todos os sentidos da palavra", disse ela, "não devemos e não podemos voltar atrás, temos que seguir o sonho de Deus em termos de valores, relações, instituições e sistemas. Temos que questionar as formas de enfrentar os problemas e de como respondê-los", afirmou.
Ela salientou a importância de usar a "memória cristã" ao analisar e interpretar os eventos atuais, tendo em mente o que foi significativo no passado e o que poderia ser utilizado no presente.
"Os esforços para compreender os acontecimentos a partir de uma perspectiva cristã são fundamentais para a ação pastoral", ressaltou. "Somos chamadas a ativar a memória da vida, da morte e da ressurreição de Jesus". Ela convidou as participantes a "remover a pedra" para alimentar o crescimento e a maturidade e "enfrentar o mal".
"Há poder em Jesus como criador e recriador da vida, que ajuda a desenvolver um crescimento saudável para alcançar a plenitude da vida; uma fonte do ser e da vida, não para impor ou forçar o domínio ou a liderança, mas sim para desenvolver a capacidade criativa".
Ela deixou às participantes uma pergunta para discussão posterior: como ser participantes ativas nessa mudança de paradigma como uma fonte principal de força?
A assembleia nacional da LCWR em 2012 será realizada em St. Louis.

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