segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Uma via sacra de beleza muito espanhola

Para colocar-se ao serviço do necessitado
MADRI, domingo, 21 de agosto de 2011 (ZENIT.org) – Uma via sacra de beleza muito espanhola – pelas cenas da Paixão e pelo acompanhamento musical – foi proposta ao Papa e aos jovens do mundo inteiro na última sexta-feira à noite, em lembrança da Sexta-Feira Santa, segundo explicou Bento XVI ao chegar à Plaza de Cibeles de Madri, neste encontro chave da 26ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Cada uma das estações da via sacra, da condenação de Jesus à sua colocação no sepulcro, estava representada por grandes estátuas vestidas de tecidos preciosos, segundo as tradições da Semana Santa na Espanha. Algumas datavam dos séculos XVII e XVIII e eram obras de renomados escultores.


Os sofrimentos dos jovens
Entre as intenções de oração dessa via sacra gigante, orou-se pelas vítimas de abusos sexuais, pelos jovens que sofrem a guerra, por conflitos fratricidas, perseguições pela sua fé, marginalização e dependência química; também se orou pelas vítimas do aborto, do terrorismo, das catástrofes naturais, do desemprego e da crise econômica.
Pelos alto-falantes, escutou-se que Jesus se compadece do sofrimento das vítimas dos genocídios humanos, nos quais o homem se mostra em sua violência brutal; Cristo se compadece diante dos estupros e demais abusos sexuais, diante dos crimes contra crianças e adultos.

Festa do perdão”
A via sacra foi também uma preparação para a “Festa do Perdão” realizada no sábado: o perdão dos pecados foi dado também pelo próprio Papa a alguns jovens, no sacramento da Reconciliação.
Os sacerdotes receberam, para esta ocasião, o poder de perdoar pecados como o aborto. Centenas de confessionários foram instalados para os sacerdotes que estiveram à disposição dos jovens.
No final da via sacra, o Papa pronunciou uma breve homilia, na qual se referiu aos comentários realizados pelas Irmãzinhas da Cruz, que servem os mais pobres e necessitados.

A beleza ao serviço da fé
“Neste itinerário para o Calvário, ajudou-nos também a contemplação destas imagens extraordinárias do patrimônio religioso das dioceses espanholas”, destacou Bento XVI em seu discurso.
“São imagens onde se harmonizam a fé e a arte para chegar ao coração do homem e convidá-lo à conversão”, comentou.
E explicou que, “quando é límpido e autêntico o olhar da fé, a beleza coloca-se ao seu serviço e é capaz de representar os mistérios da nossa salvação a ponto de nos tocar profundamente e transformar o nosso coração, como sucedeu a Santa Teresa de Ávila ao contemplar uma imagem de Cristo coberto de chagas”.
Depois, perguntou aos jovens sobre sua resposta ao amor de Cristo, que dá sua vida por eles: “Àvista de um amor assim desinteressado, cheios de admiração e reconhecimento, perguntamo-nos agora: Que havemos nós de fazer por Ele? Que resposta lhe daremos?”.
E respondeu citando São João: “A paixão de Cristo incita-nos a carregar sobre os nossos ombros o sofrimento do mundo, com a certeza de que Deus não é alguém distante ou alheio ao homem e às suas vicissitudes”.

Estar perto do necessitado
“Queridos jovens, que o amor de Cristo por nós aumente a vossa alegria e vos anime a permanecer junto dos menos favorecidos”, exortou.
E acrescentou: “Vós, que sois tão sensíveis à ideia de partilhar a vida com os outros, não passeis ao largo quando virdes o sofrimento humano, pois é aí que Deus vos espera para dardes o melhor de vós mesmos: a vossa capacidade de amar e de vos compadecerdes”.
Para Bento XVI, “acruz não foi o desfecho de um fracasso, mas o modo de exprimir a entrega amorosa que vai até à doação máxima da própria vida”.
O Pontífice também convidou os jovens a confiar-se à oração de Nossa Senhora, “particularmente quando passarmos pela noite da dor, para conseguirmos permanecer, como Ela, firmes ao pé da cruz”.
A estas reflexões, seguiram manifestações de entusiasmo; alguns jovens haviam chegado na sexta-feira e estavam vendo o Papa pela primeira vez.
Parecia que não queriam deixar que ele fosse embora. O Bispo de Roma olhou para eles sorrindo e fez gestos amistosos, do seu branco carro panorâmico.
Os jovens continuaram aplaudindo-o, cantando, alguns até perder a voz: “Esta é a juventude do Papa”, “Bento”, “Viva o Papa” eram ouvidos por quilômetros lotados de bandeiras, cartazes, até sua chegada à nunciatura, escoltado pelas câmeras, enquanto a noite, vibrante, caía sobre Madri iluminada.

(Anita S. Bourdin)

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