[IHU]
17/9/2011
As religiosas americanas voltam a elogiar,
através de um documento tornado público nas últimas horas, a reforma da saúde
de Obama. Já haviam feito
o mesmo há alguns meses quando foram criticadas pelos bispos norte-americanos
que julgavam esta reforma de maneira negativa, porque a consideravam
“abortista”.
A reportagem
é de Giacomo Galeazzi está publicada no sítio Vatican Insider,
16-09-2011. A tradução é do Cepat.
Segundo as
religiosas, “pelo menos 500.000 jovens adultos (com idade entre 18 e 24 anos)
obtiveram, por exemplo, um seguro médico no ano passado”. Até agora, desde que
a reforma foi aprovada, não faltou polêmica inclusive dentro da própria Igreja.
“A posição dos católicos americanos em relação à reforma da saúde de Obama
trouxe à tona um grande problema da Igreja atual: as indicações dos pastores
não chegam a alcançar uma unidade de iniciativas nem de práticas e muitos
sacerdotes, religiosas e leigos se distinguem, se dissociam, acreditam que
estão no seu direito de consciência para pensar e agir à sua maneira – declarou
o arcebispo Giampaolo Crepaldi, Presidente do Observatório
Internacional Cardeal Van Thuan sobre a Doutrina Social da Igreja. O
bispo Thomas Tobin de Providence (Rhode Island) pediu que o St.
Joseph Health Services, hospital católico financiado pela diocese, saia da Catholic
Health Association, entidade que reúne as instituições de saúde católicas.
A
solicitação do bispo foi expressa em uma carta enviada no dia 29 de março à irmã
Carol Keehnan, Chief Executive Officer da Catholic Health
Association e o motivo é que a associação foi “causa de grave escândalo
para muitos fiéis”. O que havia acontecido? A irmã Keehan pediu
publicamente ao Senado que aprovasse a reforma da saúde, declarando que, apesar
de alguns pontos fracos, a lei não introduzia nem aumentava os fundos federais
para o aborto. Os bispos americanos haviam se pronunciado no sentido contrário.
No dia 21 de março de 2010, a lei foi definitivamente aprovada
e seguidamente o presidente Obama prometeu que assinaria uma ordem
executiva para evitar o financiamento federal do aborto, salvo nos casos de
violação, incesto e doença da mãe.
O bispo
Tobin sustenta que o apoio da associação à lei, em evidente contrate com as
indicações dos bispos, fez com que os membros do Senado a aprovassem. “Mas o
apoio à reforma da saúde por parte da Catholic Health Association,
em contraste com as recomendações dos bispos, não foi a única coisa que
aconteceu – fez saber o arcebispo Crepaldi. O bispo Lawrence E. Brant,
de Greensburg, proibiu as Irmãs de St. Joseph de Baden de usarem
os meios de comunicação diocesanos para apoiar a reforma de Obama.
Poucas horas antes do voto do Senado, a irmã Simone Campbell, diretora
do Network que reúne a maior parte das instituições religiosas
femininas, publicou uma declaração apoiando a Catholic Health Association
e enviou uma carta aberta ao Congresso pedindo que a lei fosse aprovada”. Foi
assinada por muitas superioras das ordens religiosas femininas, inclusive a
presidente da Leadership Conference of Women Religious. Voltando à
diocese de Greensburg, no dia 8 de abril de 2010, o vigário geral enviou uma carta
a todos os sacerdotes estabelecendo que as instituições diocesanas, os jornais
e as paróquias não poderiam defender posições de comunidades religiosas que
foram contrárias às dos bispos.
O arcebispo
Raymond Burke, antes arcebispo de Saint Louis e atualmente chefe da Assinatura
Apostólica vaticana, disse: “Não foi a Speaker da Câmara, Nancy
Pelosi, que se vangloriou de que um número tão grande de religiosas
apoiasse a lei que ela estava propondo? Não foi uma religiosa que carregou a
tinta com a qual o Presidente dos Estados Unidos assinou a reforma de saúde?
Chegou o momento para todos nós e em particular as pessoas consagradas de nos
colocarmos do lado da verdade e de pedir que, caso não for assim, aqueles que
não o fazem deixem de se chamar de católicos”.
Em setembro
de 2009, alguns porta-vozes da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados
Unidos (USCCB), louvaram os comentários sobre o aborto e as pessoas sem
seguro de saúde feitos pelo presidente Barack Obama durante a
discussão no Congresso da reforma da saúde. “De modo particular, apreciamos o
compromisso do Presidente de excluir o uso de fundos federais para o
aborto e de manter as leis federais existentes que defendem a liberdade de
consciência no exercício da atividade sanitária”, declarou Richard Doerflinger,
diretor associado das atividades pró-vida da USCCB. “Trabalharemos com o
Congresso e com a Administração para garantir que estas formas de proteção
sejam claramente refletidas em uma nova legislação, para que ninguém tenha que
pagar ou ajudar o aborto em consequência da reforma do sistema de saúde”,
acrescentou.
Kathy Saile, diretora de Desenvolvimento Social Nacional da Conferência
Episcopal, por sua vez, reconheceu: “Estamos de acordo com o fato de que
ninguém tem que acabar na ruína por causa de uma doença”. “Por este motivo os
bispos trabalham há décadas para obter uma assistência sanitária digna para
todos”, declarou. “A Igreja católica oferece cuidados médicos a milhões de
pacientes – e, frequentemente, faz o que um sistema de saúde que tem grandes
lacunas é incapaz de fazer – e possui uma longa tradição de ensino em matéria
de ética e assistência médica. Uma reforma da saúde que respeite a vida e a
dignidade de todos é um imperativo médico. Uma reforma da saúde que respeite a
vida e a dignidade de todos é um imperativo moral e uma prioridade nacional
urgente”, acrescentou. Por isso, garantiu, “acolhemos o discurso do Presidente
como uma contribuição importante para este debate fundamental e para este dever
nacional”.
“Estamos de
acordo com o Presidente no fato de que ainda é preciso definir os
detalhes”, concluiu Saile. “Após seu discurso vemos a oportunidade de
trabalhar a favor de uma política da saúde universal que respeite a vida e a
dignidade humana, dê acesso a todos, com uma preocupação especial pelos pobres,
e que inclua os imigrantes regulares”.
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