sábado, 24 de setembro de 2011

Papa critica as Igrejas alemães e as ditaduras nazista e comunista da ex-RDA

[bol]

24/09/2011
 
ERFURT, Alemanha, 24 Set 2011 (AFP) -Bento XVI criticou neste sábado as igrejas alemães, segundo ele bem organizadas, mas pouco eficientes, e também afirmou que as ditaduras nazista e comunistas tiveram o efeito de uma chuva ácida sobre a fé cristã, no terceiro dia de visita a seu país, durante a qual já reuniu com as vítimas dos padres pedófilos e elogiou o fervor de Martinho Lutero.

Um incidente ocorrido duas horas antes em Erfurt não chegou a perturbar a missa ao ar livre realizada pelo Papa a alguns quilômetros do local. Um homem disparou com uma arma de ar comprimido sem causar feridos, mas, aparentemente, segundo o Vaticano, o fato não tinha ligação com a presença do Papa, que não foi informado da ocorrência.
Ante 28.000 habitantes reunidos frente à catedral gótica de Erfurt, o Papa saudou a "sede de autenticidade" que levou os cidadãos da República Democrática da Alemanha a buscar a queda do Muro de Berlim.

"A nova liberdade tornou possível dar à Igreja novas possibilidades, enquanto que o regime comunista expurgou a cultura cristã na população, salvo em alguns lugares isolados", acrescentou.

Entre as possibilidade, citou a "reestruturação e a ampliação de igrejas e centros paroquiais".

"Mas essas possibilidades foram acompanhadas por um crescimento da fé? Não é necessário buscar as raízes profundas da fé e da via cristã além da liberdade social?", questionou o Papa.

Bento XVI fez uma crítica aberta à Igreja alemã, considerando que está bem organizada e continua sendo poderosa em suas estruturas, mas que tem dificuldades para transmitir uma mensagem forte e conseguir que as pessoas a acompanhem em uma sociedade individualista e secular.

O Papa 84 anos, que parecia estar cansado, destacou os católicos que preferiram perder vantagens pessoais para continuar professando sua fé ao recordar os 56 anos de ditadura na Alemanha, entre 1933 e 1989.

Essas ditaduras, segundo o Papa, tiveram o efeito de uma chuva ácida sobre a fé cristã na parte oriental da Alemanha, afirmou o Papa Bento XVI na praça da catedral de Erfurt, em pleno território da ex-República Democrática Alemã.

Ao convidar os católicos alemães a renovar com o valor e o fervor que seus parentes manifestaram durante as "dificuldades", o sumo pontífice se dirigiu aos habitantes da ex-República Democrática Alemã, muito descristianizada: "queridos irmãos e irmãs, aqui, em Turíngia e no que então era a RDA, vocês tiveram que suportar uma ditadura parda e uma ditadura vermelha, que produziram sobre a fé cristã o efeito de uma chuva ácida".

O tema das chuvas ácidas é muito sensível na ex-RDA, onde a contaminação industrial sem freio causou em alguns lugares enormes danos para a saúde e meio ambiente.

A homenagem que o Papa fez na véspera ao fundador da Reforma Protestante, Martinho Lutero, ficou, para a imprensa local, relegado a um segundo plano pela falta de avanços concretos em termos de ecumenismo.

"O Papa esfria as esperanças de um maior ecumenismo", foi a manchete do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung neste sábado.

Os protestantes esperavam gestos relativos à "intercomunhão", ou seja, a possibilidade para os casais protestante-católicos de participar na Igreja de seu companheiro.

Mas Bento XVI parece não estar pronto para um gesto desta índole, pela interpretação diferente da comunhão entre as duas Igrejas.

Na véspera, o Papa também se reuniu com vítimas de religiosos pedófilos, outro gesto muito esperado pela sociedade.

A Igreja Católica alemã se viu mergulhada em um escândalo no ano passado, quando centenas de pessoas denunciaram abusos sofridos entre os anos de 1950 e 1980, quando eram menores de idade. 
 

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