quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Papa evoca seus “momentos” na viagem à Alemanha

Destaca a celebração ecumênica em Erfurt e a visita a Etzelsbach

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 28 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – Como é costume após uma visita apostólica, o Papa Bento XVI dedicou a audiência geral de hoje a sublinhar os momentos mais importantes vividos no seu país natal, no último fim de semana.
Em uma Praça de São pedro repleta de peregrinos, o Pontífice quis recordar, um por um, os encontros tidos durante esta viagem à Alemanha, “de norte a sul, de leste a oeste: de Berlim a Erfurt e de Eichsfeld a, finalmente, Freiburg”, que supôs, afirmou, “realmente uma festa da fé”.
Esta viagem ao seu país, reconheceu, foi “um belíssimo presente que nos fez perceber, novamente, como Deus dá à nossa vida o sentido profundo, a verdadeira plenitude, que só Ele nos dá, concedendo a todos um futuro”.

Da sua passagem pela capital, Berlim, o Papa recordou seu encontro com o presidente federal, Christian Wulff, e sobretudo o seu discurso no Bundestag, que, afirmou, “foi um dos momentos mais importantes da minha viagem”, pois, “pela primeira vez, um Papa deu um discurso diante dos membros do Parlamento alemão”.
“Nesta ocasião, eu quis expor o fundamento do direito e do livre estado do direito, isto é, a medida de todo direito, inscrito pelo Criador no próprio ser da sua criação. É necessário ampliar o nosso conceito de natureza, compreendendo-a não somente como um conjunto de funções, mas sim muito além disso, como uma linguagem do Criador para ajudar-nos a discernir o bem e o mal”, afirmou.
Recordando também seus encontros com as comunidades judaicas e muçulmanas, o Pontífice destacou a “importância da liberdade religiosa para um desenvolvimento pacífico da humanidade”. E sobre a Missa no estádio olímpico de Berlim, exclamou: “Alegrou-me muito a numerosa participação das pessoas!”.
Impulso ao ecumenismo
Da sua etapa em Erfurt (Turíngia), o Papa destacou a importância do encontro com a comunidade luterana evangélica.
A Turíngia, explicou Bento XVI, “é a terra da reforma protestante. Portanto, desde o início, eu quis ardentemente dar uma particular importância ao ecumenismo dentro dessa viagem, e foi meu forte desejo viver um momento ecumênico em Erfurt, porque, nessa cidade, Martinho Lutero entrou na comunidade dos Agostinianos e foi ordenado sacerdote”.
O Papa destacou a cordialidade do seu encontro com os membros do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha e do ato ecumênico no ex-convento dos agostinianos: “Vimos novamente a importância do nosso testemunho comum da fé em Jesus Cristo no mundo atual, que muitas vezes ignora Deus e não se interessa por Ele”.
“É necessário nosso esforço comum no caminho rumo à total unidade, mas somos muito conscientes de que não podemos 'fazer' nem a fé nem a unidade tão esperada. Uma fé criada por nós mesmos não tem nenhum valor e a verdadeira unidade é sobretudo um dom do Senhor, o qual rezou e reza sempre pela unidade dos seus discípulos.”
“Somente Cristo pode nos dar esta unidade e estaremos cada vez mais unidos na medida em que voltemos a Ele e nos deixemos transformar por Ele”, sublinhou.
Memória viva
Para o Papa, um momento particularmente emocionante foi a celebração das Vésperas marianas no santuário de Etzelsbach.
“Quando era jovem, ouvi falar da região de Eichsfeld – área que continuou sendo católica nas diversas vicissitudes da história – e dos seus habitantes, que se opuseram corajosamente às ditaduras do nazismo e do comunismo”, reconheceu.
“Por isso, alegrei-me muito por poder visitar Eichsfeld e sua gente em uma peregrinação à imagem milagrosa de Nossa Senhora das Dores de Etzelsbach, onde, durante séculos, os fiéis confiaram a Maria suas próprias petições, preocupações, sofrimentos, onde receberam consolo, graças e bênçãos.”
O Papa sublinhou a importância da Missa celebrada em Erfurt, na memória dos santos padroeiros da Turíngia – Isabel, Bonifácio e Kilian.
Recordando o “o exemplo luminoso dos fiéis que testemunharam o Evangelho durante os sistemas totalitários, convidei os fiéis a ser os santos de hoje, testemunhas válidas de Cristo, e a contribuir para a construção da nossa sociedade”.
Destacou também o comovente encontro comHermann Scheipers, o último sacerdote alemão sobrevivente do campo de concentração de Dachau.
“Em Erfurt, também tive a oportunidade de reunir-me com algumas vítimas dos abusos sexuais por parte de religiosos, a quem quis mostrar minha dor e proximidade diante do seu sofrimento.”
Rosto jovem
De Friburgo, Bento XVI destacou o ambiente festivo que rodeou sua estadia lá. “Pude experimentar isso também na vigília de oração com milhares de jovens. Senti-me feliz ao ver que a fé na minha pátria alemã tem um rosto jovem, que está viva e tem um futuro”, afirmou.
Outro momento singular para ele foi o encontro com os seminaristas, no Seminário de Freiburg, no qual improvisou um discurso sobre “beleza e grandeza do chamado do Senhor e oferecer-lhes alguma ajuda para seguir o seu caminho com alegria e em profunda comunhão com Cristo”.
“Ainda no seminário, pude me reunir, em uma atmosfera fraterna, com alguns representantes das igrejas ortodoxas e ortodoxas orientais, as quais nós, católicos, nos sentimos muito próximos”, acrescentou.
O Papa concluiu recordando que a sua mensagem de confiança no futuro não se dirigiu apenas aos católicos, mas “todo o povo alemão, para convidá-lo a olhar com confiança para o futuro. É verdade, 'onde há Deus, há futuro'”.

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