ROMA,
sexta-feira, 16 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – Hoje foi apresentada,
na Sala de Imprensa do Vaticano, uma coletiva sobre a viagem de Bento
XVI à Alemanha, programada para os dias 22 a 25 deste mês, com diversos
eventos públicos.
Somente em Berlim, serão cinco e depois será a
viagem a Turíngia e Friburgo. Haverá mais de 245 mil participantes, dos
quais 70 mil lotarão o estádio olímpico de Berlim – 6 mil vindos do
exterior.
A Alemanha é um país no qual um terço da população é protestante,
outro terço, católica e o terço restante, ateu, com uma pequena
porcentagem de muçulmanos.
Esta é a terceira viagem do atual Pontífice à sua terra natal, depois das realizadas em agosto de 2005 e setembro de 2006.
Em ambientes vaticanos, considera-se que o clima será de
receptividade, entre o neutro e o positivo, no qual o Papa terá uma
agenda lotada e levará unidade a uma nação que foi dividida durante
várias décadas e na qual sobreviveram ao comunismo muitos católicos, por
quem Bento XVI tem uma imensa gratidão.
Certamente, não faltarão protestos, desde o dia 22 de setembro, na frente do Bundestag,
o parlamento alemão, onde o partido social-democrata SDP e um terço dos
Verdes convocaram um boicote, junto com o partido da esquerda radical Die Kinke.
Sobre este assunto, o arcebispo de Friburgo, cardeal Robert Zollitsch,
disse que “seria melhor escutar o que o Papa quer dizer antes de
criticá-lo”.
Segundo os especialistas, no mundo juvenil pensante, a palavra de
Bento XVI será valorizada, precisamente porque se trata do ato de uma
Igreja não nacional.
Não se pode esquecer, além disso, que a Alemanha é um país com um
“mundo” protestante muito definido, que tem uma interpretação sobre o
cristianismo bem diversa da católica, ainda que exista um diálogo que a
Conferência Episcopal Alemã mantém há anos e um contínuo estudo sobre as
diversas temáticas.
Existe também no país um importante “mundo” acadêmico, no qual há
muitos teólogos não religiosos, além das faculdades estatais, nas quais
ainda se mantém um intenso debate sobre a Reforma.
Não por acaso, no livro “Jesus de Nazaré”, Bento XVI dá respostas a
problemáticas da teologia protestante e é mediante este diálogo que o
Papa quer chegar ao essencial.
A viagem se realizará dois dias depois de duas organizações – a SNAP (Survivors network of those abused by priests) e a CFCR (Center for Constitutional Rights)
– apresentarem uma petição ao Tribunal Penal Internacional, com sede em
Haia, contra Bento XVI, o secretário de Estado, cardeal Tarcisio
Bertone, seu antecessor, cardeal Angelo Sodano, e o prefeito da
Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William Levada.
A acusação, para além dos problemas de jurisdição, chega ao limite da
alucinação: “Delitos de uma gravidade indescritível, comparável aos
crimes contra a humanidade”, afirmaram as associações. O SNAP, em seu
site, explica que decidiu isso para proteger “todas as crianças
inocentes e os adultos vulneráveis”. E acusa a hierarquia de “ter
tolerado e tornado possível o encobrimento sistemático e amplamente
difundido de estupros e crimes sexuais contra crianças do mundo
inteiro”.
O cardeal Crescenzio Sepe, arcebispo de Nápoles e prefeito emérito de Propaganda Fide,
não hesita: “Aqui existe – devemos dizer isso de maneira concreta – a
típica tentativa anticatólica, que busca, de alguma forma, ofuscar uma
imagem que, do ponto de vista humano, é a mais prestigiosa que temos na
nossa sociedade”.
“Estas são coisas absurdas porque, se existe alguém que é apaixonado
pela humanidade, por vocação natural de ser cristão e por formação
também cultural e social, este é o Papa atual. E a Igreja é mãe e mestra
da humanidade. No entanto, depois se chega a esses absurdos.”
Pessoas de peso próximas de Bento XVI, disseram que, sem dúvida, para
o Papa, os casos de abusos foram uma surpresa, quase inimaginável, como
para a geração pós-bélica. E provavelmente na Alemanha se falará também
sobre isso.
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