[IHU]
3/9/2011
Os padres austríacos dissidentes que desafiam a sua Igreja
Católica com apelos pelo clero casado, mulheres-padre e outras reformas
desfrutam um amplo apoio público, de acordo com uma nova pesquisa sobre uma
disputa que poderia levar à sua demissão.
A reportagem
é de Tom Heneghan, publicada pela agência Reuters, 31-08-2011. A
tradução é de Moisés Sbardelotto.
Três quartos
das pessoas entrevistadas no país tradicionalmente católico apoiaram o Apelo à desobediência, um manifesto que o
cardeal de Viena, Christoph Schönborn, compara a um time de
futebol que se recusa a jogar de acordo com as regras.
A revolta,
abertamente apoiada por 329 sacerdotes, ameaça uma cisão na Igreja austríaca,
poucas semanas antes da visita do Papa Bento XVI à vizinha Alemanha
entre os dias 22 e 25 de setembro. Bento, 84 anos, cresceu em vilarejos da Baviera
perto da fronteira austríaca.
Em vez de
simplesmente apelar pelas reformas, os dissidentes declararam que irão romper
as regras da Igreja dando a comunhão a protestantes e católicos divorciados de
segunda união, além de permitir que os leigos preguem e liderem paróquias sem
padre.
Schönborn
deu a entender que eles serão advertidos se não recuarem nas próximas semanas.
"Isso não pode continuar", disse ele ao jornal de Viena Der
Standard. "Se alguém decidiu ir pelo caminho da dissidência, isso tem
consequências".
O líder
dissidente Pe. Helmut Schueller, que, como vigário-geral de Viena
foi o vice de Schönborn entre 1995 e 1999 e já liderou o capítulo
austríaco da entidade de caridade católica internacional Cáritas, disse
não ter a intenção de desistir.
Ele disse
que muitos padres já estão silenciosamente rompendo as regras de qualquer
forma, muitas vezes com o conhecimento dos seus bispos, e sua campanha visa a
forçar a hierarquia a concordar com a mudança. Cerca de 8% dos padres
austríacos apoiaram o movimento.
Sólido apoio
para Schueller
Os católicos
reformistas austríacos têm desafiado repetidamente as políticas conservadoras
de Bento XVI e de seu falecido antecessor João Paulo II nas
últimas décadas, criando movimentos de base de protesto e defendendo mudanças
que o Vaticano se recusa a fazer.
Paul
Zulehner, importante teólogo católico, disse que a Igreja
deve agir urgentemente se quiser evitar um conflito. "Isso pode levar a um
confronto, a uma divisão", disse ele a uma rádio austríaca.
A pesquisa
publicada nesta semana pelo grupo de pesquisa Oekonsult mostrou que 76%
dos austríacos entrevistados apoiavam Schueller e seus colegas. Cerca de
85% disseram que a Igreja não deve fazer nada para afastar seus membros de
mentalidade reformista.
Embora a
pesquisa não tenha se limitado a católicos, 70% dos entrevistados disseram que
a Igreja e seus líderes são "uma autoridade moral muito importante"
para eles. Cerca de 66% disseram gostar de Schönborn pessoalmente.
Schueller
atualmente é pároco e capelão universitário em Viena. Se ele for
dispensado, disseram 97% dos entrevistados, uma "onda muito grande"
de pessoas iria abandonar a Igreja.
Um número
recorde de 87 mil austríacos deixaram a Igreja em 2010, muitos como reação aos
escândalos dos abusos sexuais no país.
No ano
passado, mais de 800 pessoas registraram denúncias de abuso sexual por padres
depois que os escândalos de abuso sexual que abalaram a Igreja da Irlanda,
da Bélgica e de outros países europeus também eclodiram na Áustria.
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