06 Sep 2011
Rudolf Allers — ou o "Anti-Freud", como o chamou Louis Jugnet — foi psicólogo eminente: discípulo direto de Freud, trabalhou mais de 13 anos com Alfred Adler, e exerceu considerável influência em figuras tais como Victor Frankl, que foi seu aluno. Católico, vienense, desde cedo manifestou oposição às idéias de Sigmund Freud, que considerava anticientíficas. Em 1940 publicou seu famoso trabalho "The Successful Error— A Critical Study of Freudian Psychanalysis", de onde tiramos o capítulo que se vai ler, e que constitui um pungente libelo contra os erros da psicanálise.
O naturalismo e o materialismo são, necessariamente antagônicos da
religião. Uma atitude mental que introduz fatores imateriais e
trans-mundanos, que sustenta uma noção como a de uma alma espiritual e
que acredita na revelação, torna-se, para o espírito materialista,
ininteligível, estranha e perigosa. Tal mentalidade é, verdadeiramente, o
oposto do materialismo e, ao passo que as atitudes religiosas existem e
permanecem eficazes na vida humana, o materialismo sente a sua posição
ameaçada. Os defensores de uma explicação "científica" da realidade vêem
na religião, ou um inimigo, ou, pelo menos, um estádio rudimentar da
evolução, que tem de acabar por triunfar para assegurar o "progresso"
definitivo da raça humana.
A
psicanálise é profundamente materialista e não pode mesmo professar
outra filosofia. A sua base é o materialismo. Se os sequazes de Freud
abandonassem o seu credo materialista, ver-se-iam obrigados a deixar de
ser psicanalistas. Há alguns que estão convencidos de que podem
acreditar, ao mesmo tempo, na verdade da religião e na verdade da
psicanálise, sem incorrerem em auto-contradição. Esses homens imaginam
isso, ou porque não conhecem suficientemente uma coisa e outra, ou
porque o seu espírito é de tal natureza que se acomoda às contradições,
ou ainda talvez porque não são bastante críticos para se aperceberem de
tais contradições.
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