[ihu]
5/9/2011
Pe. Roberto Repole |
Rosto de
criança, um discurso que às vezes se transforma em poesia, uma fé rochosa. E um
olhar feliz, despreocupado com as láureas e os títulos acumulados pelo seu
proprietário. Esse é o Pe. Roberto Repole, turma de 1967, de Turim,
novo presidente (eleito por unanimidade) da Associação Teológica Italiana
(ATI), que nestes dias reuniu seus membros em seu congresso (reúne 300
especialistas de toda a Itália) em um hotel província turinense para
discutir Eucaristia e Logos. Repole sucede outro turinense, Piero Coda.
A reportagem
é de Mauro Pianta, publicada no sítio Vatican Insider,
02-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a
entrevista.
Comecemos
com o fundamental. Estranho ofício o do teólogo. Benedetto Croce definia a
teologia como uma ciência chamada a se ocupar de algo que não sabe muito bem se
existe... Qual é a tarefa do teólogo hoje?
A fé em
Jesus Cristo só é autenticamente humana se for pensada. Por isso, a teologia
serve precisamente para dar razões da fé. É um serviço para
"alimentar" o povo de Deus, para mostrar ao homem contemporâneo que a
fé tem a ver com a vida em todas as suas dimensões...
Mas fé e
razão podem realmente entrar em acodo, como Bento XVI se esforça para repetir?
O divórcio
entre fé e razão é uma opção cultural, mas a fé não é absolutamente antitética
à razão. Acreditar não significa não pensar, ao contrário...
Já teve a
dúvida de que tudo o que o senhor acredita pode não ser verdade? Como se pode
ter certeza?
Às vezes, pode
acontecer que tenhamos dúvidas, não é preciso se escandalizar. O ponto é que a
nossa concepção de certeza deriva das ciências modernas. Somos acostumados a
dizer que é certo só aquilo que podemos medir. Mas a certeza científica não é o
único tipo de certeza. Estou certo de muitas coisas que eu não posso
"medir"...
Que relação
deve haver entre a teologia e a cultura contemporânea?
Penso que a
teologia certamente tem um tipo de dívida para com a cultura contemporânea. Ao
mesmo tempo, no entanto, acho que a tarefa da teologia é a de
"inquietar" a cultura de hoje, de estimulá-la, de não deixá-la jamais
descansar tranquilamente naquelas que, talvez, só aparentemente, são as suas
certezas.
Certezas
que, por exemplo, uma crise econômica como a atual pode pôr em discussão. O que
o teólogo pode dizer diante dessa conjuntura?
Pode
interrogar a Escritura, a Tradição e olhar a realidade com os olhos da fé. E
compreender, por exemplo, que aquilo que aconteceu é o resultado de um modelo,
chamemo-lo, para nos compreender, de "liberalismo selvagem", assumido
– erroneamente - como o único possível. Por que não recomeçar de Jesus, dos
seus critérios, para nos perguntarmos como deveria ser uma verdadeira
convivência civil?
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