13 de setembro de 2011
Rabino Moshe Averick
É
evidente que no mundo do ateísmo não há nem moralidade, nem
imoralidade; apenas amoralidade. Isso é geralmente mal interpretado como
se ateus não tivessem valores. Essa conclusão seria claramente errônea.
Associar ateísmo com amoralidade não significa dizer que ateus não
possuem valores, pois eles certamente os têm; amoralidade é uma
definição, não da inexistência de valores, mas do significado desses
valores. Uma vez que na visão de mundo ateia nós somos nada além de
primatas bípedes, nosso sistema de valores não tem mais significado do
que o dos nossos parentes que vivem na selva. Na visão darwinista, o
humano é para a barata assim como a barata é para um protozoário.
Imaginar que nós somos algo “mais" é apenas isso: fruto da imaginação
humana.Seria
absurdo então para um ateu sugerir que o pronunciamento de qualquer
indivíduo ou sociedade obrigasse os outros a se comportar adequadamente.
Para o ateu, moralidade é nada mais do que uma palavra usada para
descrever o tipo de sistema que um indivíduo ou grupo de indivíduos
preferem subjetivamente. Cada sociedade determina, mantém e modifica
seus valores para suprir suas necessidades.
"Moralidade
é o costume de um país e o sentimento atual de um indivíduo e seus
semelhantes. O canibalismo é moral em um país canibal". (Samuel Butler)
Torna-se
óbvio que esses valores irão mudar e se transformar para se adaptar a
necessidades, atitudes e preferências em constante mudança. Durante a
minha vida eu testemunhei mudanças sociais radicais do comportamento
moral e de atitudes com relação a casamento e sexualidade,
homossexualidade, assassinato de bebês no ventre na mãe, eutanásia e uso
de drogas ilícitas.
Pode-se
prever que à medida que a paixão pelo ceticismo e ateísmo cresce entre
as “elites intelectuais” influentes na sociedade, também cresce sua
propensão a aceitar mudanças cada vez mais radicais nos valores morais.
Religiosos expressando consternação e terror diante da nefasta
tempestade moral que dá sinais no horizonte são respondidos com risinhos
presunçosos, contra-acusações histéricas ou total indiferença. Não há
nada que as sociedades ateias não sejam capazes de racionalizar e
aceitar – incluindo o abuso sexual de crianças.
Sem
dúvida essa afirmação vai soar absurda e ofender alguns ateus. No
entanto, não há como escapar das consequências lógicas e filosóficas do
conjunto de crenças dos ateus. Quando indagado pelo jornalista William
Crawley se ele achava a pedofilia “inerentemente má”, o Professor Peter
Singer da Universidade de Princeton – mundialmente famoso filósofo de
“ética”—respondeu o seguinte:
“Não
tenho tabus morais intrínsecos. Na minha visão não há nada
inerentemente mau... você está tentando colocar palavras na minha boca.”
Singer
prosseguiu explicando que ele era um “consequencialista”. Para ajudar
os não familiarizados com termos filosóficos, permitam-me uma síntese do
que é "consequencialismo": Se você gosta das consequências, é ético; se você não gosta das consequências, não é ético. Portanto, se você gosta de pornografia infantil ou de fazer sexo com crianças, isso é ético; se você não gosta de pornografia ou de fazer sexo com crianças, não é antiético.
Em um artigo intitulado “Heavy Petting” (poderíamos traduzir
informalmente como “Pegação”), Singer igualmente deu seu selo de
aprovação à zoofilia. Como prêmio por produzir tamanhas pérolas de
sabedoria, foi agraciado com o privilégio de ensinar "ética" aos nossos
filhos nas universidades de Ivy League. Além do mais, Singer não é o
único filósofo ateu incansavelmente engajado na tentativa de empurrar o a
civilização ocidental para essa arriscada ladeira na qual ela bordeja.
Eis a razão do meu “pedido” aos ateus, pois as bases filosóficas para a
aceitação da pedofilia já estão plantadas por esses filósofos.
Joe
Marks, Professor emérito de filosofia da Universidade de New Haven, que
durante 10 anos escreveu para a coluna "Momentos Morais" da revista Philosophy Now, fez esta chocante reviravolta no seu artigo de 2010 intitulado "Um Manifesto Amoral”:
“O
filósofo que vos fala esteve trabalhando sob uma improvada assunção, a
saber, de que há algo como o certo e o errado. Eu acredito que não há...
Sendo curto e grosso, estou convencido de que o ateísmo implica
amoralidade, e uma vez que sou ateu, devo aceitá-la... Passei pela
chocante epifania de que os fundamentos religiosos estão corretos; sem
Deus, não há moralidade. Mas ainda acredito que eles estão errados
quanto a haver um Deus. Acredito, portanto, que a moralidade não existe.
Marks então, de forma bastante franca e ousada, demonstra as implicações de suas crenças recém-descobertas.
“Mesmo
que palavras como "pecaminoso" ou "mal" venham naturalmente na ponta da
língua ao fazer uma descrição do abuso de crianças, o fato é que elas
não descrevem as reais propriedades de absolutamente nada. Não existem
pecados propriamente ditos porque não existe um Deus propriamente
dito... nada é literalmente certo ou literalmente errado porque não
existe uma moralidade... e apesar disso, nós, seres humanos, ainda
podemos descobrir diversos recursos completamente e naturalmente
explicáveis para motivar certas preferências. Por essa razão, a maioria de nós é bastante avessa ao abuso sexual de crianças e continuará sendo...
Nesse
ponto a completa falência intelectual (e moral) da posição de Marks se
torna patente. Depois de concluir corretamente que um mundo sem o divino
está livre das algemas de conceitos ilusórios de moralidade e
imoralidade, ele pateticamente tenta ficar com o toucinho e com o porco
ao mesmo tempo, sugerindo que há algo "bom" ou "melhor" quanto à preferência
de se ser avesso ao abuso de crianças. Difícil saber se rimos ou
choramos desse patente exercício masoquista de dar murro em ponta de
faca. Não constitui esse argumento toda a diferença entre "preferência" e
"moralidade"? O reconhecimento de que há algo inerentemente e
intrinsecamente abominável no abuso sexual de crianças o transforma em imoral, ao invés de meramente algo do qual não se gosta.
A moralidade sugere que há princípios de comportamento que são parte da
própria estrutura da realidade, princípios dos quais o Dr. Marks só vê
significado se vierem do Todo Poderoso. A preferência, por outro lado, é
subjetiva e notoriamente caprichosa. Como por exemplo: Prefiro sorvete de chocolate que de baunilha. Prefiro jazz a hip-hop. Prefiro que adultos façam sexo com adultos ao invés de crianças ou com o animal de estimação da família.
No entanto, como o Dr. Marks admite, outras pessoas têm preferências diferentes,
não menos válidas do que a sua própria. O Dr. John Money da
Universidade de Johns Hopkins proclama: “Se eu visse um caso de um
garoto de 10 ou 12 anos que fosse intensamente e eroticamente atraído
por um homem nos seus 20 ou 30 anos, se o relacionamento fosse
genuinamente e totalmente mútuo, assim como os laços afetivos... então
eu não chamaria isso de patológico de forma alguma" (em vista da sua
opinião profissional, fico imaginando quantos vizinhos teriam coragem de
deixar seus filhos irem brincar na residência dos Money).
Em 17 de agosto de 2011, uma conferência patrocinada por uma associação de profissionais de saúde mental chamada B4U-ACT foi realizada em Baltimore, Maryland, EUA. O panfleto oficial dizia:
“Este dia de conferência irá facilitar a troca de ideias entre pesquisadores, acadêmicos, médicos de saúde mental e indivíduos que sentem atração por menores que
se interessem por assuntos fundamentais acerca da inclusão da pedofilia
no Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais (MDEDM)”.
De
forma mais clara, essa conferência cujo objetivo é facilitar a remoção
da pedofilia da classificação oficial de desordens mentais da Associação
Americana de Psiquiatria. A B4U-ACT
já inventou um termo insosso, inócuo e inofensivo para tornar a ideia
de sexo com crianças mais palatável. “pessoas que sentem atração por
menores” Essa frase soa quase agradável, distintamente diferente
daquelas repugnantes e em breve politicamente incorretas palavras como
“pedófilo” e "molestador de crianças". (Como pedofóbico
soa para você?) Como já era de se esperar, o palestrante de destaque é o
Dr. Fred Berlin da Universidade de Johns Hopkins, colega do Dr. John
Money. A defensora das crianças Dr. Judith Reisman revelou que a
conferência é parte de uma estratégia para condicionar as pessoas a
aceitar os pedófilos. “A primeira coisa que eles fazem é tirar das
pessoas a ideia do que o criminoso cometeu para focar em seu estado
emocional... causar empatia e simpatia... Você não muda uma nação toda
de uma vez, mas deve mudá-la pelo condicionamento”.
Embora publicada há mais ou menos duas décadas, uma edição especial do Journal of Homossexuality chamada Male Intergenerational Intimacy
(Intimidade Intergeracional Masculina) editada por três acadêmicos
prestigiados (todos PhD's) nos dá um gostinho do que há por vir:
“Na
sociedade ocidental contemporânea, relações sexuais íntimas entre
homens e garotos são consideradas igualmente imorais... independente dos
contextos emocionais em que elas ocorrem [não de acordo com Joel Marks e Peter Singer!]...
o clima social atual torna um tanto difícil olhar para esses
relacionamentos de forma objetiva... relacionamentos entre homens e
garotos não são incomuns. Assim como na homossexualidade, a sexualidade
entre homens e garotos ocorre não raramente em um contexto em que ambas
as partes consentem... nesses relacionamentos uma diversidade de
sentimentos são ou podem ser expressados: afeição, vínculo emocional,
desejo, dominação e submissão... homens que se sentem atraídos por
garotos precisam legitimar seus sentimentos com relação a eles mesmos e à
sociedade".
Agora
todos estão dando pela falta de um estudo acadêmico “científico” que
nos informe que finalmente conseguiram isolar o gene da "atração
homem-criança"! Vem à mente um provérbio alemão: "So fangt es immer an"—
"Sempre começa do mesmo jeito”. O que também vem à mente é a letra de
uma antiga canção de protesto de Barry McGuire dos anos 60: :"And you tell me over and over again my friend, you don't believe we're on the eve of destruction?" (E você não cansa de dizer, meu amigo, que não estamos à beira do abismo?)
A
noção ateia de que a vida surgiu aleatoriamente de uma sopa prebiótica,
combinada à crença darwinista de que os humanos são nada além de
chimpanzés inteligentes nos deixa desprovidos da moral. Em uma sociedade
em que a escola considera um nobre empreendimento ensinar um garoto
adolescente como usar um preservativo, mas considera estritamente
proibido ensiná-lo que Deus nos proibiu de roubar ou matar, como se pode
prever outra coisa a não ser um profundo e cada vez maior abismo moral?
Enquanto houver reais desafios em determinar exatamente o que o Senhor
quer de nós na esfera moral, vamos todos concordar, pelo menos, com as
seguintes premissas antes que seja tarde demais:
* Todos os seres humanos são criados à imagem e semelhança do Senhor e são portanto inerentemente e intrinsecamente preciosos.
*
Todos os seres humanos foram presenteados pelo nosso Criador com
direitos intransferíveis, dentre eles os direitos à vida, à liberdade e à
busca da felicidade.
* Não matarás
* Não roubarás
* Não darás falso testemunho
* Não adulterarás, não cometerás incesto, nem te deitarás com animal algum
* Não te deitarás com criança, e se o fizer, serás amaldiçoado e desprezível aos olhos do mundo, e serás tratado como criminoso.
* Ensinarás estas leis a teus filhos.
Defendemos
essas verdades como incontestáveis, não por meio de procuração de algum
tipo de contrato social pragmático que pode ser emendado ou revisado
aos caprichos e conveniências do momento; não como resultado de
insípidas contemplações filosóficas dos autointitulados professores de
“ética”; mas porque refletem as eternas, imutáveis e absolutas leis
morais que emanam do Todo-Poderoso, Criador do universo e de toda a
humanidade.
Um
sábio uma vez observou que enquanto a crença no divino após o
holocausto pode ser difícil, a crença no homem após do holocausto é impossível.
As escolhas diante de nós são claras. Ou nós buscamos uma lei moral
transcendente à qual todos nos submetamos, ou buscamos nossa própria
indulgência social e moral. Se nos voltarmos para Ele em nossa busca
para criar um mundo moral e justo, teremos uma chance de lutar; se não,
estaremos condenados à espiral de um inferno artificial na selva humana.
Título original: The flash-mob method of scientific inquiry
Fonte: JewishWorldReview
Divulgação: www.juliosevero.com
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