segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Viagem de Bento XVI à Alemanha ''não é turismo religioso, muito menos espetáculo''


[IHU]


19/9/2011  

O Papa Bento XVI explicou na noite deste sábado na televisão pública alemã que o objetivo principal de sua viagem de quatro dias ao seu país natal, a partir da próxima quinta-feira, é "fazer com que Deus entre em nosso campo de visão".
A reportagem é da agência Efe, 18-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Congratulo-me já" por esta viagem à Alemanha, declarou o papa, no início de sua fala, de menos de quatro minutos de duração, que foi gravada no Vaticano e foi transmitida na noite do sábado no programa religioso Das Wort zum Sonntag, no canal ARD.
"Um ponto de destaque dessa viagem será o encontro com representantes da Igreja Protestante da Alemanha no convento dos agostinianos (em Erfurt), onde Lutero começou o seu caminho", disse ele, lembrando o programa de quatro dias que o levará de Berlin a Friburgo (Baden-Wurttemberg).
"Não esperamos nada de sensacional. O essencial será pensar juntos nesse lugar, ouvir a palavra de Deus e rezar (...), e que assim se dê realmente um ecumenismo", disse.
"Tudo isso não é turismo religioso, e muito menos um espetáculo. O tema desses dias nos diz do que se trata: 'Onde está Deus, nasce o futuro'. Será para que Deus entre em nosso campo de visão, esse Deus do qual muitas vezes temos tanta necessidade".
Todos os sábados à noite, nesse programa que existe há mais de 50 anos, um padre ou um pastor fazem um sermão de cerca de cinco minutos. Essa é a segunda vez que um papa pronuncia esse sermão da noite de sábado. O primeiro foi João Paulo II em 1987.
Bento XVI, o primeiro papa alemão em 500 anos, fará a partir desta quinta-feira a sua terceira viagem ao seu país natal desde que foi eleito em abril de 2005, mas esta será a sua primeira viagem oficial. A última vez que ele esteve na Alemanha foi em 2006 em um marco privado.
Bispos alemães respondem ao eventual boicote parlamentar
Diante da ameaça de que alguns setores do Parlamento alemão ou Bundestag boicotem o discurso que o Papa Bento XVI vai pronunciar nesse lugar em Berlim durante a viagem à sua terra natal entre os dias 22 e 25 de setembro, os bispos da Alemanha rejeitaram essa medida "que não tem justificação" e que consideraram como "vergonhosa".
Segundo a rede alemã Deutsche Welle (DW), o cardeal Joachim Meisner, arcebispo de Colônia, afimrou que esses planos "são algo de uma mente pequena, tanto que não sabemos se devemos chorar ou começar a rir".
"O fato de que (os que planejam o boicote) se sentam no Parlamento não permite uma opinião positiva sobre a nobre representação do povo alemão", acrescentou.
A DW assinala que seriam cerca de 100 parlamentares, de um total de 620, que manifestaram a sua intenção de participar do boicote. Eles pertencem ao grupo social-democrata, aos Verdes e ao partido de esquerda.
De sua parte, o bispo de Dresden-Meissen, Dom Joachim Reinelt, comentou que "uma opinião crítica do conteúdo a partir de diversas perspectivas é aceitável", mas "uma demonstração de ignorância e mau gosto por meio da ausência anunciada é simplesmente vergonhosa".
A DW também observa que, para o discurso do papa, acredita-se que as cadeiras serão escassas, razão pela qual as cadeiras que estiveram vazias serão usadas para outras pessoas que não sejam parlamentares. O presidente do Parlamento, Norbert Lammert, acredita que o Bundestag estará lotado para o discurso do Santo Padre.
"Constatei com certo prazer que o número de pessoas que desejam participar supera em várias vezes o número daqueles que querem participar do boicote", disse Lammert.
A DW indica que se espera uma manifestação de protesto ao discurso do papa, enquanto ele o estiver pronunciando, de cerca de 10 mil pessoas.
Andrea Nahles, secretário-geral social-democrata, acredita que não há problema que o Papa Bento XVI se dirija ao Parlamento, apesar das ameaças de boicote.
"Acredito que não se está fazendo, de forma alguma, um mal uso ao Parlamento alemão. Além disso, ninguém é obrigado a ser católico ou a acreditar no que o papa diz," sentenciou.

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