Ativistas pró-vida buscam eliminar eufemismos sobre esta matéria
SANTIAGO DO CHILE, quinta-feira, 6 de outubro de 2011 (ZENIT.org)
– “Um dos pontos mais fracos da sociedade chilena é a fragilidade da
família”, denunciou na semana passada Dom Gonzalo Duarte García, bispo
de Valparaíso (Chile). “E as igrejas têm, sem dúvida, uma
responsabilidade fundamental nesta área, assim como todo o país”,
acrescentou.
Os pronunciamentos do prelado foram feitos depois de a
Comissão de Saúde do Senado do Chile aprovar, no dia 6 de setembro,
debater três projetos de lei que buscam a descriminalização do chamado
“aborto terapêutico” no país.
O debate no Congresso se centrará na despenalização do aborto para os
casos de risco de vida para a mãe, estupro e má-formação fetal.
Não obstante, o presidente Sebastián Piñera informou, no dia 11 de setembro, durante a oração do Te Deum
em uma igreja evangélica, que estaria disposto a fazer uso da sua
faculdade de veto presidencial em caso de que se conseguisse a aprovação
de algum dos três projetos destinados a regular o aborto terapêutico.
“Uma das tarefas mais importantes de um presidente é lutar pela vida,
pela dignidade e pela família de todos e de cada um dos chilenos, da
concepção até o momento da morte natural”, insistiu o mandatário.
Terapêutico?
Com relação ao termo “aborto terapêutico”, Patricio Ventura-Junca,
membro do conselho da Academia Pontifícia para a Vida e do Centro de
Bioética da Pontifícia Universidade Católica de Santiago do Chile,
opinou, em diálogo com ZENIT, que a expressão é inadequada e ambígua,
devido a que “a relação entre o efeito bom e o mau deve ter uma adequada
proporção. O efeito colateral mau não pode ser maior que o efeito
benéfico”. E explicou que, neste caso, “a terapia tem como objeto salvar
a vida da mãe, e não produzir um aborto”.
Além disso, os projetos de lei misturaram a descriminalização do
aborto por risco de vida da mãe com outras causas. “Tudo isso sob o
guarda-chuva do aborto terapêutico”, indica Ventura-Junca, quem garante
que se trata de uma estratégia para introduzir o aborto diretamente.
Mulheres em risco?
O Chile tem a taxa mais baixa de mortalidade materna por aborto da
América Latina. Segundo a Revista Chilena de Obstetrícia e Ginecologia,
v.73, n.6, de 2008, esta diminuiu de 105 para cada 100.000 nascidos
vivos, em 1960, a 0,8 para cada 100.000, em 2005, e estima-se que oscila
entre 0,8 e 1,6 por 100.000 nascidos vivos.
Para continuar reduzindo estes índices, Ventura-Junca afirmou que “o
caminho moral e humano não é favorecer um aborto em condições
higiênicas, mas promover redes sociais e familiares que acompanhem estas
mulheres, oferecendo-lhes apoio, carinho e a possibilidade de dar seu
filho em adoção”.
Além disso, estudos afirmam que o aborto aumenta o risco de muitas
patologias psiquiátricas em 81%, incluindo o suicídio. A revista The British Journal of Psychiatry,
BJP 2011, indica que uma das conclusões do estudo é que, na Inglaterra,
estes riscos deveriam ser informados às pacientes antes de realizarem
um aborto.
Com relação a má-formação física, o Pe. Hodge Cornejo disse: “Melhor é
legislar para dar assistência médica e psicológica às mães que vivem
esta dramática situação”.
Por isso, “um crescimento do individualismo conduz à falta de
solidariedade com os seres humanos mais indefesos, como os que estão em
suas primeiras etapas de desenvolvimento”, conclui Ventura-Junca.

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