[IHU]
6/10/2011
Em Ravena, a
delegação do Patriarca de Moscou decidiu retirar-se do evento como
protesto contra a participação de membros da chamada Igreja Apostólica
Estônia, criada pelo Patriarcado de Constantinopla em 1996 na
Estônia e declarada “autônoma”, status que não se reconhece à Igreja de Moscou.
A reportagem
é de Giacomo Galeazzi e está publicada no sítio Vatican Insider,
03-10-2011. A tradução é do Cepat.
Agora, Hilarion
ao falar do desafio comum (representado por “um mundo descristianizado”,
dominado pelo “consumismo, hedonismo, materialismo prático e relativismo
moral”) disse que “somente juntos poderemos propor os valores espirituais e
morais da fé cristã ao mundo”.
Mas, o que
emperra os pequenos avanços entre Roma e Moscou é, sobretudo, uma
série de dificuldades internas: a fragmentação entre as igrejas ortodoxas.
De fato, o Patriarcado
Ecumênico de Constantinopla convocou uma Sinapsis (palavra grega que
indica uma assembleia de tipo religioso) para a qual estão convidadas as
antigas Igrejas ortodoxas, ou seja, os Patriarcas Ortodoxos de
Jerusalém, Antioquia e Alexandria, além do Arcebispo do
Chipre. Na reunião, que aconteceu em Istambul (entre os dias 01 e 02 de
setembro), foram discutidas duas questões: a situação dos cristãos no Oriente
Médio e o estado atual das relações interortodoxas, em vista de um futuro Concílio
Panortodoxo.
O objetivo
era sair do impasse em que se encontra a Comissão Preparatória deste
Concílio, anunciado há mais de um ano (em junho de 2010) durante a
histórica visita do Patriarca Bartolomeu I à Rússia. A decisão do Patriarca
de convidar o Arcebispo do Chipre se deve a que esta Igreja, “como os
três Patriarcados, deve sua autocefalia à decisão de um Concílio Ecumênico”.
Na carta com
a qual convocou a Sinapsis, Bartolomeu I indicou que esta peculiaridade
“não pretende certamente excluir as demais Igrejas ortodoxas das decisões
panortodoxas, mas, pelo contrário, pretende apoiar e favorecer a unidade”.
A
convocatória da Sinapsis foi acolhida pelo Patriarcado de Moscou
com fortes críticas, segundo a declaração de 21 de junho deste ano do metropolita
Hilarion, presidente do Departamento para as Relações Exteriores.
Naquela ocasião, o metropolita disse que não estava de acordo com o fato
de que “um grupo particular de Igrejas se considere ‘o pilar’ da ortodoxia
mundial baseando-se no fato de que a autocefalia seja mais antiga que as demais
Igrejas”; além disso, acrescentou que “existe uma tentativa de dividir a
ortodoxia em Igrejas de “primeira classe” e Igrejas de “segunda classe. Se
queremos preparar dignamente e levar a cabo o Concílio Panortodoxo,
devemos apoiar os conceitos eclesiológicos que unem todas as Igrejas ortodoxas
em vez de criar novos conceitos que só podem provocar a divisão e a desordem”,
afirmou o metropolita.
No final de
agosto, o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, e o
metropolita Hilarion se encontraram na ilha turca de Imbros; uma visita
que foi interpretada como um sinal de distensão entre ambos. O Patriarcado
de Moscou indicou que o encontro durou dois dias (21 e 22 de agosto). Nessa
ocasião, o Patriarca Bartolomeu, que é originário da ilha de Imbros,
quis mostrar os lugares de sua infância e de sua juventude ao metropolita
Hilarion.
Após terem
recitado juntos as vésperas na igreja da Dormição dos Santos Teodoros, o Patriarca
se dirigiu publicamente ao metropolita, agradecendo-lhe pelo trabalho de seu
Departamento para promover as relações entre ambos os Patriarcados.
“Isso,
naturalmente, não significa que, às vezes, não haja alguma nuvem ou que não
surja algum problema, mas buscamos superá-los e resolvê-los juntos para
prosseguir a nossa harmoniosa colaboração”, concluiu.
Assim, pois,
as divisões sobre a autoridade entre as igrejas ortodoxas tornam o caminho de
aproximação entre Bento XVI e Kirill mais complicado.

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