sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Divorciado não pode ser diretor de escola católica, diz arcebispo de Bruxelas




14/10/2011  

Nenhuma cátedra nas escolas católicas para os divorciados em segunda união. E quem na sua vida privada não tem uma posição canonicamente regular não pode aspirar a se tornar diretor de um colégio gerido por congregações religiosas.

Quem dispõe sobre a “virada” para os docentes de religião e os diretores das escolas católicas é o primaz da Bélgica, André-Joseph Leonard.

A reportagem é de Giacomo Galeazzi e publicada por Vatican Insider, 13-10-2011.

O chefe de uma das Igrejas nacionais mais “liberais inverte”, portanto, a costumeira linha progressista do episcopado belga e codifica o que, de fato, acontece no resto da Europa, onde dificilmente as pessoas divorciadas acedem ao ensinamento da religião nas escolas católicas e muito menos à diretoria dos colégios religiosos. De resto, é por isso que Bento XVI conduziu Leonard à chefia da igreja da Bélgica. Para transitar pelas estradas mais próximas à tradição de sempre uma das igrejas que mais intensamente interpretou o vento de novidade que seguiu ao Concílio Vaticano II, interpretado em chave liberal. No país que editou um catecismo seu em antagonismo à doutrina romana, Leonard, na mente do Papa, deve procurar conduzir os fiéis a portos seguros e conhecidos.

O problema dos divorciados em segunda união é, neste sentido, um importante banco de prova. É uma questão controversa que há tempo interpela os episcopados locais. Em 1993 três bispos alemães (Lehmann, Kasper e Saier) se disseram favoráveis à possibilidade de admiti-los à Eucaristia se eles, após um encontro com um padre, tivessem considerado em consciência serem a isso autorizados. O Vaticano criticou, no entanto, esta posição. O problema do divórcio é também uma questão ecumênica, no sentido de que divide a Igreja católica das Igrejas ortodoxas e protestantes. A tradição oriental, baseando-se no princípio da “oikonomia” (da prevalência da misericórdia sobre a rígida aplicação da lei), admite a possibilidade de uma bênção de segundas e terceiras núpcias. As Igrejas da Reforma, de seu lado, sustentam em linha de princípio a indissolubilidade do matrimônio, mas respeitam a consciência dos fiéis, permitindo aos divorciados se redesposarem em igreja e receberem a Eucaristia.

Em todo o mundo os divorciados em segunda união não podem ser catequistas em paróquias ou ensinantes de religião nas escolas católicas. Por ocasião do Dia do professor, o bispo Carmine Brienza, diretor do Instituto Escola Católica do Vicariato de Roma, traçou os contornos da figura do docente da escola católica ao Highlands Institute, dirigido pelas consagradas do movimento Regnum Christi. “Qual é o papel do docente da escola católica? E quem pode ser docente na escola católica? Existe um modo católico de ensinar? Qual é o limite da proposta católica? – se interroga monsenhor Brienza. "Não um santo, não necessariamente um “recém-chegado” na fé, mas uma pessoa caminhando na fé e capaz de interrogar-se sobre a contribuição que pode dar à escola, à escola católica, ao projeto da escola na qual se encontra trabalhando, com a própria profissionalidade e procurando conciliar o próprio estilo de vida com o que tal plano educativo propõe”. O docente da escola católica é um profissional da educação: deve ter as “cartas em dia”, ter competências comprovadas com os documentos e demonstrá-lo nos fatos. “É um profissional da educação cristã - explica monsenhor Brienza. É alguém que aceita a visão antropológica que emerge do cristianismo, e nesta ótica protege a criança e guia seu desenvolvimento. O docente de uma escola católica é uma pessoa empenhada num caminho de fé e crescimento cristão. Porque ninguém pode dar o que não tem”.

A escola, a paróquia e a família são exemplos, modelos de comunidades que nos permitem viver no interior da Igreja. Portanto, “a Igreja é Mãe, não recusa ninguém e até acolhe todos os seus filhos, mas pede a cada um que se interrogue, que se ponha a caminho, que procure acolher o dom da fé calcando-o, na concretude da própria vida, marcada às vezes pelo luto, pela doença, pelo sofrimento, pelas consequências de erros cometidos”. A Igreja, no respeito à liberdade de cada um, não pode deixar de propor “o seguimento de Cristo como caminho de felicidade, como estrada de salvação, por vias diversas e às vezes transversais, como as paróquias, os movimentos, os grupos e as escolas católicas, comunidades nas quais se é convidado a crescer humanamente, seguindo o homem-Deus Jesus Cristo”.

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