Vários párocos ameaçados, tensão entre os fiéis
MANÁGUA, quinta-feira, 6 de outubro de 2011 (ZENIT.org)
– Divulgou-se na Nicarágua o fato de que vários párocos foram
ameaçados, um dado preocupante após o recente assassinato do pároco de
La Concepción, Marlon Pupiro.
Este país vive um delicado momento
político, com eleições gerais às portas e o presidente Daniel Ortega
decidido a perpetuar-se no poder, situação denunciada pela Igreja
Católica, junto à corrupção e outros males que afetam o país.
O secretário da Conferência Episcopal da Nicarágua e bispo da diocese
de Chontales e Río San Juan, Dom Sócrates René Sándigo Jirón, afirmou
que há preocupação na Igreja Católica pela falta de investigação a fundo
do crime contra o Pe. Marlon Pupiro e do assédio sofrido por alguns
párocos do país.
Após o assassinato do Pe. Pupiro, vários sacerdotes de Manágua e
Masaya perceberam algum fato extraordinário que lhes chamou a atenção em
relação à sua segurança.
Dom Sándigo Jirón manifestou que os párocos têm de ser mais
prudentes, ainda que isso afete seu trabalho pastoral. “Se um sacerdote é
chamado à noite para atender algum doente em uma casa ou em um
hospital, é melhor que não vá, porque poderia cair em uma armadilha.
Este tipo de medida, infelizmente, afetará a vida pastoral. O sacerdote
deve ter o cuidado de não aceitar qualquer tipo de convite, a menos que
conheça a família”, disse.
Segundo informava, em 27 de setembro, o jornal La Prensa, de
Manágua, recentemente se conheceu que vários párocos foram ameaçados.
Em alguns casos, as ameaças foram feitas diretamente, por meio de
mensagens de texto aos seus telefones celulares; em outros, disfarçadas
de roubos ou mensagens cifradas.
Extraoficialmente, a hierarquia católica recomendou aos sacerdotes
que sejam prudentes ao referir-se a este tema, razão pela qual eles
optaram por calar-se.
O jornal La Prensa diz conhecer nomes de sacerdotes que
manifestaram esta situação. Um deles expôs o seu problema por meio de
redes sociais, nas quais os paroquianos se solidarizam e propõem
correntes de oração pela segurança dos presbíteros.
Este sacerdote contou que, por meio de mensagens de texto recebidas
na madrugada do dia anterior, advertiram-lhe que era melhor que os
bispos se calassem ou, do contrário, poderiam ser assassinados.
“Calem-se ou nós os matamos”, dizia o texto. O sacerdote comunicou o
caso à ministra Ana Isabel Morales.
O bispo de León, César Bosco Vivas, qualificou de “covarde” qualquer
ameaça contra os representantes da Igreja Católica e instou a denunciar à
polícia qualquer tipo de intimidação. “Acho que é fácil rastrear
algumas comunicações e ameaças de celulares, não acho que seja
impossível. Se há ameaças, é melhor denunciar o caso a tempo, para que
seja corrigido”, disse.
O prelado reconheceu implicitamente que a origem destes fatos pode
dever-se a uma atitude crítica da Igreja: “As críticas que se vertem são
com o desejo de que se corrijam os erros e, por parte da Igreja, estas
denúncias foram feitas nas cartas e documentos nossos, mas não com o
objetivo de provocar uma ruptura com o governo e menos ainda de
tornar-nos um partido de oposição”, concluiu.

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