[unisinos]
29/10/2011
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus
Cristo segundo Mateus 23.1-12, que corresponde ao 31º Domingo do Tempo Comum,
ciclo A do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
EM ATITUDE DE CONVERSÃO
Jesus fala com indignação profética. O Seu discurso dirigido às
pessoas e aos Seus discípulos é uma dura crítica aos dirigentes religiosos de
Israel. Mateus o recorre cerca dos anos oitenta d.C. para que os dirigentes
da Igreja cristã não caiam em condutas parecidas.
Poderemos recordar hoje as
recriminações de Jesus com paz, em atitude de conversão, sem ânimo algum de
polêmicas estéreis? As Suas palavras são um convite para que bispos,
presbíteros e todos nós que temos alguma responsabilidade eclesial
façamos uma revisão da nossa atuação.
“Não fazem o que dizem”. O nosso maior pecado é a incoerência. Não
vivemos o que predicamos. Temos poder mas falta-nos autoridade. A nossa conduta
desacredita-nos. O nosso exemplo de vida mais evangélico mudará o ambiente
em muitas comunidades cristãs.
“Carregam fardos pesados sobre os ombros das pessoas… mas eles não estão
dispostos a mover um dedo para empurrar”. É certo. Com frequência, somos
exigentes e severos com os outros, compreensivos e indulgentes conosco.
Angustiamos as pessoas simples com as nossas exigências, mas não lhes
facilitamos o acolhimento do evangelho. Não somos como Jesus, que se preocupava
em tornar leve a carga pois era simples e humilde de coração.
“Tudo o que fazem é para que as pessoas vejam”. Não podemos negar que é
muito fácil viver pendentes da nossa imagem, procurando quase sempre “ficar
bem” perante os outros. Não vivemos ante esse Deus que vê no segredo.
Estamos mais atentos ao nosso prestígio pessoal.
“Gostam dos lugares cimeiros e das posições honoríficas… e que lhes
façam reverências pela rua”. Dá-nos vergonha confessá-lo, mas gostamos. Procuramos
ser tratados de forma especial, não como um irmão a mais simplesmente. Há
algo mais ridículo que uma testemunha de Jesus procurando ser distinguido e
reverenciado pela comunidade cristã?
“Não deixeis que vos chamem mestres… nem guias… porque um só é o vosso
Mestre e o vosso Guia: Cristo”. O mandato evangélico não pode ser mais claro:
renunciai aos títulos para não fazer sombra a Cristo; orientai a atenção dos
crentes apenas para Ele. Por que a Igreja não faz nada para suprimir tantos
títulos, prerrogativas, honra e dignidades para mostrar melhor o rosto humilde
próximo de Jesus?
“Não chameis Pai vosso a ninguém na terra porque um só é o vosso Pai do
céu”. Para Jesus, o título de Pai é tão único, profundo e íntimo que não
há de ser utilizado por ninguém na comunidade cristã. Por que o permitimos?
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