Conversa com seminaristas de Los Angeles
LOS ANGELES, terça-feira, 11 de outubro de 2011 (ZENIT.org)
– A primazia de Deus é fundamental na formação sacerdotal, que deve
priorizar a formação humana e reservar um lugar central a uma formação
intelectual sem enganos, afirmou o prefeito da Congregação para o Clero,
cardeal Mauro Piacenza, em colóquio informal com os seminaristas de Los
Angeles.
O purpurado participou da reunião anual de sacerdotes
hispânicos em serviço nos Estados Unidos, a convite do novo arcebispo da
arquidiocese de Los Angeles.
Antes de escutar e responder às perguntas dos seminaristas, o cardeal
afirmou que a santidade é a verdadeira prioridade e o único recurso
possível para a necessária reforma.
O representante vaticano confiou aos seminaristas “o segredo da
felicidade, da plena realização da vida sacerdotal: doar tudo, sem
conservar nada para si mesmo, a exemplo de Jesus”.
Também ofereceu reflexões sobre o que o prefeito da Congregação para o
Clero considera fundamental hoje, e sempre, na formação sacerdotal.
Homens de Deus
O cardeal destacou que “qualquer outra motivação, que também pode
acompanhar o início da percepção de um chamado ao sacerdócio, conflui no
movimento de total doação ao Senhor e no reconhecimento do seu primado
em nossa vida, na vida da Igreja e na vida do mundo”.
Explicou ainda que “primado de Deus” significa “primado da oração, da
intimidade divina; primado da vida espiritual e sacramental”.
“A Igreja não tem necessidade de gestores, mas de homens de Deus”, necessidade “de homens crentes e críveis”.
“Primado de Deus significa primado da vida sacramental, vivida hoje e oferecida a todos os nossos irmãos”.
E destacou que os homens procuram no padre “o que só ele pode dar: a
divina Misericórdia, o Pão da vida eterna, um novo horizonte de
significado que torne a vida presente mais humana e faça possível a vida
eterna”.
O cardeal Piacenza indicou que a Igreja precisa de “homens fortes,
firmes na fé, capazes de conduzir os irmãos a uma autêntica experiência
de Deus”.
“A Igreja tem necessidade de sacerdotes que, nas tempestades da
cultura dominante, quando a barca de não poucos irmãos é combatida pelas
ondas do relativismo, saibam, em comunhão com Pedro, manter firme o
timão da própria existência, das comunidades que foram confiadas e dos
irmãos que pedem luz e ajuda para o seu caminho de fé”.
Formação humana
Além do primado de Deus, “é necessário que a formação humana ocupe o lugar fundamental que lhe cabe”.
E advertiu aos seminaristas que as questões não resolvidas (ou não
devidamente encaradas) não se resolverão de repente depois da ordenação:
“Não é assim! E a experiência demonstra que não”.
Também reconheceu a necessidade de “um justo autoconhecimento” na formação humana dos seminaristas.
“As ciências humanas podem oferecer uma válida ajuda, mas elas têm
necessidade de estar em contato com a Santa Humanidade de Cristo”,
disse, destacando a importância da adoração eucarística prolongada.
Formação intelectual
O cardeal prosseguiu indicando que “juntamente com a formação humana, a intelectual é central”.
Constatou que nas últimas décadas, a formação intelectual tem ocupado
uma importante parte de toda a formação dos seminaristas e que “agora,
neste âmbito, é necessário valorizar atentamente as proporções e os
equilíbrios”.
“Para todos se deseja uma boa formação, mas nem todos os sacerdotes deverão ser teólogos”, explicou.
Essa formação intelectual “deve tender a transmitir os conteúdos
certos da fé, argumentando razoavelmente seus fundamentos
escriturísticos, os da grande Tradição eclesial e do Magistério, e ser
acompanhada pelos exemplos de vida de sacerdotes santos”.
O prefeito insistiu que “uma boa e sólida formação teológica, que
descubra também o fundamento filosófico da metafísica e não tema acolher
toda a Verdade completa, é o melhor antídoto às tantas crises de
identidade”.
E destacou a necessidade de usar o Catecismo e de “que a formação intelectual não viva equívocos de nenhum tipo”.
Continuidade após o Vaticano II
Sobre o Concílio Vaticano II, o cardeal Piacenza chamou a atenção
para as “polarizações, às vezes ideológicas, que a interpretação daquele
acontecimento providencial suscitou”.
“Vocês provavelmente serão a primeira geração que interpretará
corretamente o Concílio Vaticano II, não segundo o ‘espírito’ do
Concílio, que tanta desorientação trouxe à Igreja, mas segundo o que ele
realmente disse, em seus textos, para a Igreja e para o mundo”,
afirmou.
“Não existe um Concílio Vaticano II diferente daquele que produziu os textos que hoje temos nas mãos”.
Sacerdotes santos
Finalmente, recordou aos seminaristas o exemplo de santos sacerdotes
como Agostinho, Ambrósio, Tomás de Aquino, Carlos Borromeo, João Maria
Vianney, João Bosco, Pio X, o Padre Pio, José Maria Escrivá e o beato
João Paulo II.
E concluiu: “Vocês serão sacerdotes da Igreja que é formada por
tantíssimos sacerdotes santos, que durante os séculos tornaram luminoso,
belo e radiante o rosto de Cristo, nosso Senhor, no mundo”.
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