8 de outubro
Esta é uma veneração muito antiga, citada mesmo por são João Crisóstomo
em um de seus célebres sermões. Sem dúvida, uma página cristã muito
interessante, cujos tênues registros estão mesclados pelas tradições
orientais dos primeiros séculos.
Originária da Antioquia, Turquia,
Pelágia viveu no século III. Era uma bailarina belíssima, escandalosa,
muito divertida, festiva e pagã. Costumava encantar e seduzir os homens
com sua dança, alegria, roupas, jóias e outros ornamentos luxuosos que
usava, exclusivamente, com essa finalidade.
Com isso, tornou-se uma das
figuras mais conhecidas da vida mundana e social daquela cidade. Além, é
claro, de ter conseguido uma sólida riqueza e grande influência. Sua
fama ultrapassava os limites do movimentado pólo econômico e social,
pois muitos nobres ricos vinham apenas para poder estar com ela, que
cada vez mais aumentava suas posses e poder.
Entretanto, certa vez a sua ostentação
chamou a atenção do bispo Nono. Foi durante uma procissão, a que
exuberante bailarina assistia, como se fosse um simples espetáculo, numa
atitude debochada e espalhafatosa. Ricamente vestida e cercada por
alguns pretendentes, ela assistia a tudo certa de que as atenções eram,
na verdade, apenas voltadas para ela. O sábio bispo, então, questionou a
multidão: se uma mulher era capaz de enfeitar-se daquela forma para
chamar a atenção de um simples homem mortal, como deveríamos nós adornar
a nossa alma destinada a Deus eterno? Aquela observação tocou o coração
da bailarina pagã.
Ela foi para casa refletindo sobre as
palavras do sermão, lá chorou de arrependimento a noite toda. No dia
seguinte, procurou o bispo, que a enviou a uma senhora cristã, para ser
preparada para o batismo. Foi assim que, depois, trocou as roupas e
adereços de seda e ouro por uma túnica branca para ser batizada. À
noite, com autorização dele, Pelágia trocou sua túnica por uma de
penitente e abandonou Antioquia. Foi a pé para Jerusalém, viver como
eremita, numa gruta, no Monte das Oliveiras, onde Jesus viveu sua agonia
da Paixão.
Mas quando chegou estava vestida como
homem, para evitar que sua beleza perturbasse os outros anacoretas da
pequena comunidade. E viveu sendo chamada de Pelágio, de tal modo que
todos a esqueceram. Quando morreu, os ermitãos que desconheciam sua
origem descobriram que Pelágio era uma mulher. Foi então que
reconheceram tratar-se da bailariana da Antioquia, agora uma simples
penitente arrependida, que se anulara do mundo, no seguimento do Cristo.
O seu culto e sua história foram muito
difundidos no mundo cristão oriental. Chegou ao Ocidente através das
tradições trazidas pelos peregrinos, que na Terra Santa também visitavam
a gruta de santa Pelágia Penitente. A Igreja autorizou esta tradicional
devoção popular, mantendo no dia 8 de outubro a sua festa litúrgica.
Santa Pelágia Penitente é considerada a padroeira dos cômicos e das
atrizes.
Santa Pelágia Penitente, rogai por nós!

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