Papa recebe em audiência a Fundação Centesimus Annus
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 20 de outubro de 2011 (ZENIT.org)
– Bento XVI propôs as virtudes da família como exemplo para resolver a
crise econômica, ao receber os participantes da jornada "Família,
empresa: superar a crise com novas formas de solidariedade", organizada
pela Fundação Centesimus Annus.
Durante a audiência, o papa destacou que o mundo do trabalho, da economia e da empresa têm que se guiar pela cáritas, pelo amor, porque “o modelo familiar da lógica do amor, da gratuidade e da doação tem uma dimensão universal”.
O pontífice explicou que a justiça comutativa e a distributiva não são suficientes na convivência social.
“Para a verdadeira justiça, é necessária a gratuidade e a solidariedade”.
“A solidariedade é todos se sentirem responsáveis por todos; por isso ela não pode ser deixada só nas mãos do Estado”.
“Antes, pensava-se que a justiça vinha primeiro e a gratuidade
depois, como um complemento, mas hoje é necessário dizer que sem a
gratuidade não se consegue nem sequer a justiça”.
O papa indicou que “não é dever da Igreja definir as vias para
encarar a crise atual”. “Porém”, prosseguiu, “os cristãos têm o dever de
denunciar os males, testemunhar e manter vivos os valores em que se
fundamenta a dignidade da pessoa, e promover as formas de solidariedade
que favorecem o bem comum, para que a humanidade se torne a família de
Deus”.
O presidente da Fundação Centesimus Annus, Domingo
Sugranyes, explicou que “mesmo nas gravíssimas tensões e incertezas que
enfrentamos em nosso trabalho empresarial”, a Fundação tenta contribuir
com a “nova evangelização de que o mundo moderno precisa urgentemente”.
Por isso, anunciou o lançamento de um curso virtual de doutrina
social da Igreja, organizado em estreita colaboração com a Universidade
Pontifícia Lateranense.
Na segunda jornada da conferência de dois dias, em 14 de outubro, os
debates se desenvolveram de maneira especialmente viva, com experiências
pessoais sobre temas como o assistencialismo, benefícios sociais,
mercado, produtividade, solidariedade, empresas sociais, sempre
cotejados com a doutrina social da Igreja.
O reitor de Ciências Políticas da Universidade Católica de Milão,
Alberto Quadrio Curzio, explicou a ZENIT que “às vezes há equívocos
porque cada um de nós tem uma experiência pessoal de vida concreta”. “O
aluno tende a exagerar o que faz, e nem sempre se dá conta de que a vida
cotidiana é mais complexa. O empresário, por sua vez, insiste no seu
próprio negócio”.
Devem-se focar “os valores comuns, que devemos não só viver, mas aprender a comunicar partindo da nossa experiência”.
Para o reconhecido economista, o ápice do congresso foi “a natureza
polivalente da solidariedade: dentro da família, também quando ela se
enfraquece, podemos reconstruí-la participando em comunidades mais
amplas de solidariedade, em formas associativas”.
O congresso destacou a Centesimus Annus, que vê a empresa como uma comunidade e a comunidade familiar como modelo para a empresa.
Os participantes apontaram que os bens econômicos devem ficar em função do trabalho e da pessoa, visão que a encíclica Caritas in veritate
aprofunda, propondo a lógica da gratuidade e do dom, não como
filantropia, mas como relação de responsabilidade e solidariedade em que
todos devem sentir-se responsáveis por todos.
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