[unisinos]
2/12/2011
O
bispo de Raphoe,
na Irlanda,
admitiu nesta quarta-feira que, "durante décadas", sacerdotes
católicos cometeram "terríveis"
abusos sexuais contra menores em sua diocese e admitiu que ele mesmo
cometeu "erros de julgamento" na hora de gerir as denúncias.
A
reportagem é da agência Efe,
30-11-2011. A tradução é de Moisés
Sbardelotto.
O prelado Philip Boyce fez essas
declarações em um comunicado em resposta à publicação, nesta quarta-feira, de
um amplo relatório da Junta
Nacional de Proteção do Menor, da Igreja Católica.
Esse
grupo, criado pelas autoridades eclesiásticas para velar pela segurança dos
menores, divulgou as suas conclusões sobre uma revisão das medidas adotadas no
país para evitar casos de abusos e abordar as denúncias feitas contra seus
membros.
Além de Raphoe, no noroeste da Irlanda, o documento analisa a
atuação dos responsáveis católicos das dioceses de Derry, Dromore, Kilmore, Ardagh Clonmacnoise, além da
arquidiocese de Tuam.
Boyce reconheceu que, entre 1975 e 2010, ele mesmo
e seus antecessores no cargo cometeram graves "erros de julgamento"
na hora de responder às acusações de abusos sexuais sofridos por menores por
parte de sacerdotes de sua diocese.
"Cometeram-se
atos de abuso terríveis contra crianças por parte de padres que nunca deveriam
ter acontecido e, se houve suspeitas, deveriam ter sido abordadas de forma
apropriada", declarou o bispo ao aceitar as conclusões do relatório.
"Não
se ênfase suficiente nas necessidades das vítimas, muitas vezes por culpa da
política equivocada de proteger a reputação da Igreja. Eram frequentes os casos
em que se atrasavam ou não se denunciavam as acusações e queixas de abusos
sexuais", lamentou Boyce.
O bispo
disse se sentir "profundamente arrependido" pela terrível dor
infligida a "tantas pessoas por uma minoria de sacerdotes".
"Oferecemos
nossas mais humildes desculpas, mais uma vez, e buscamos o seu perdão pelos
espantoso dano que lhes foi causado, assim como a suas famílias e amigos",
disse o prelado.
A
investigação da Junta Nacional
de Proteção do Menor representa uma das primeiras tentativas da
Igreja de reconhecer o seu fracasso na hora de resolver esse problema na
Irlanda.
Antes, o
governo de Dublin
havia comovido o país com vários relatórios que revelaram o seu verdadeiro
alcance.
Demais
relatórios
Em 2005, o
Relatório Ferns
revelou que, na pequena diocese de Ferns, no sudeste da Irlanda, ocorreram mais de 100
casos de abuso sexual cometidos entre 1962 e 2002 por sacerdotes católicos.
Quatro
anos mais tarde, o Relatório
Ryan denunciou que milhares de menores foram objeto de abusos sexuais
e torturas físicas e psicológicas em instituições estatais administradas por
religiosos na Irlanda
entre 1940 e 1990.
Nesse
mesmo ano, o Relatório Murphy
concluiu que, na arquidiocese de Dublin,
a maior do país, as autoridades católicas ocultaram o abuso de crianças
cometidos por padres entre 1975 e 2004.
Em julho
passado, o Relatório Cloyne
revelou que as altas autoridades eclesiásticas dessa diocese irlandesa
obstaculizaram e ignoraram as denúncias de abuso sexual cometidos contra
menores por 19 clérigos.
Depois da
sua publicação, o primeiro-ministro irlandês, Enda
Kenny, chegou a acusar o Vaticano de participar nessas manobras de
ocultamento e qualificou sua atitude de "vergonhosa", declarações que
pioraram ainda mais as relações bilaterais.
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