[bibliacatolica]
3 dezembro 2011
O reconhecimento da virgindade de Nossa Senhora sempre foi professado e
repetido pelos Padres da Igreja, não obstante os protestantes querem
nos fazer crer, com citações fora de exatidão, que muitos admitiam que
ela tivesse perdido o que de miraculoso se preservou nela. Chegam nas
afirmações mais extremas e enfatuadas dizer que isso foi muito disputado
entre os Pais primitivos. Esse trabalho, então, tem o intuito de
transcrever o verdadeiro pensamento dos preservadores da Tradição e de
refutar as menções indevidas feitas por nossos irmãos evangélicos.
Santo Irineu (130 — 203):
“Como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também por meio de uma virgem obediente à palavra de Deus, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem.” (Contra Heresias L. 5, 19.1)
Santo Hipólito de Roma (170 — 236):
“…corpo de Maria toda santa, sempre virgem, por uma concepção imaculada, sem conversão, e se fez homem na natureza, mas em separado da maldade: o mesmo era Deus perfeito, e o mesmo era o homem perfeito, o mesmo foi na natureza em Deus, uma vez perfeito e homem.” (As obras e fragmentos. Fragmento VII)
Orígenes de Alexandria (185 — 253):
“Mas, seguindo a tradição que está registrado no Evangelho segundo São Pedro ou no livro de Tiago, eles dizem que há alguns irmãos de Jesus, os filhos de José por uma ex-mulher, que vivia com ele antes de Maria. Agora aqueles que dizem por assim desejarem preservar a honra de Maria na virgindade até o fim, de modo que o organismo dela, que foi designada para ministrar a Palavra que diz: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do altíssimo deve ofuscar a ti “, pode não ter tido relação sexual com um homem depois que o Espírito Santo veio ela e o poder do alto a tivesse ofuscado. E eu acho que em harmonia com a razão que Jesus era o fruto primeiro entre os homens da pureza, que consiste na castidade, e Maria entre as mulheres, pois não foram piedosos atribuir a qualquer outro do que o seu fruto primeiro da virgindade.”(Comentário ao Evangelho de Mateus x. 17)
“Para, se Maria, como aqueles que declaram, com exaltar sua mente sã, não tinha outro filho, mas Jesus, e ainda Jesus diz para sua mãe, “Mulher, eis aí teu filho”, e não “Eis que você tem esse filho também” ” (Comentário ao Evangelho de João, Livro 1, 6)
“Sobre este assunto, eu encontrei uma observação muito bem em uma carta do mártir Inácio, segundo bispo de Antioquia depois de Pedro, que lutou com as feras, durante a perseguição em Roma. A virgindade de Maria estava escondida do príncipe deste mundo, graças a José e escondido seu casamento com ele. Sua virgindade foi mantida escondida porque ela foi pensada para ser casado. (Homilias sobre Lucas, 6, 3-4.)
São Gregório de Neucaesarea (213 — 270):
“Para a santa Virgem guardado cuidadosamente a tocha da virgindade, e deu ouvidos diligentemente que não deveria ser extinto ou contaminado.” (The Second Homily. On the Annunciation to the Holy Virgin Mary)
São Pedro de Alexandria (+ 311):
“…que tem o nome de Leucado, eles vieram para a igreja da mãe mais abençoada de Deus e sempre Virgem Maria, que, como se começou a dizer, ele tinha construído no oeste…” (Episolæ)
Santo Atanásio de Alexandria (295 — 373)
“Portanto, que aqueles que negam que o Filho do Pai, por natureza, e é adequado a esta essência, negam também que Ele tomou verdadeiro humano da Sempre Virgem Maria…” (Contra Arianos, cap 21)
Hilário de Poitiers (300 — 368):
“Se eles [os irmãos do Senhor] foram filhos de Maria e não tomados de casamento anterior de José, ele nunca teria sido entregue no momento da paixão [crucificação] para o apóstolo João, sua mãe, o Senhor dizendo: a cada um, ‘Mulher, eis aí teu filho’, e João, “Eis a tua mãe ‘[João 19:26-27), como ele legou o amor filial a um discípulo como um consolo para a desolação" (Comentário sobre Mateus 1 : 4 )
Santo Efrem da Síria (306 — 373):
"Em sua virgindade Eva colocou as folhas de vergonha: Sua mãe colocou na sua virgindade a roupa da Glória que é suficiente para todos." (Hino da Natividade, hino 12)
"O que teria sido possível que aquela que foi a residência do Espírito, que foi ofuscada pelo poder de Deus, tornou-se uma mulher mortal, e ela suportou a dor, de acordo com a maldição em primeiro lugar? [...] A mulher que dá à luz na dor não poderia ser chamado abençoado. O Senhor, que veio com as portas fechadas, e fora do seio virginal, porque isso realmente virgem deu à luz sem sentir dor “ (Efren, Diatessaron, 2,6: SC 121,69-70, cf. . ID, Hímni de Nativitate, 19,6-9: CSCO 187,59)
Santo Epifânio (310 — 403):
“De onde vem esta perversidade? De onde é que irrompeu tamanha audácia? Porventura o próprio nome não é suficiente atestado? Quem jamais houve, em tempo algum, que ousasse proferir o nome de Maria e espontaneamente não lhe acrescentasse a palavra virgem? O nome de Virgem foi dado a Santa Maria, nem se mudará nunca, ela sempre permaneceu ilibada (Panarion, Contra os hereges).
Dídimo, o cego (313 — 398):
“Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada”. (A Trindade 3,4)
São Cirilo de Jerusalém (315 — 386):
“o Unigênito do Único, Jesus Cristo, nosso Senhor, a produção, de acordo a carne, do ventre de São Maria, Virgem perpétua, em cuja santa casa somos eu reunidos neste dia para comemorar o dia de sua morte. ” (Homilias sobre a Dormição)
São Basílio de Cesareia (329 — 379):
“Os amigos de Cristo não toleram ouvir que a Mãe de Deus deixou de ser virgem num determinado momento” (Homilia Em Sanctum Christigenerationem, 5)
São Gregório de Nissa (330 — 395):
“Pois se José a tomou como sua esposa com o proposito de ter filhos, por que ela ficou pensando sobre o anuncio de sua maternidade, se ela mesma aceitou o fato de se tornar mãe de acordo com a lei da natureza? Mas assim como era necessário Guardar o corpo da consagrada a Deus como oferenda intocada e Espírito Santo, por esta mesma razão, ela afirma, mesmo se você é um anjo que desceu do céu e mesmo que este fenômeno está além da capacidade dos homens, no entanto, impossível para mim conhecer homem. Como devo tornar-me mãe sem conhecer homem? Pois, embora considere um José para ser meu marido, ainda assim não conhecerei homem” (Sobre a Geração de Santo Cristo, 5)
Santo Ambrósio de Milão (340 — 397):
“Hove quem negasse que Maria tivesse permanecido virgem. Desde muito temos preferido não falar sobre este tão grande sacrilégio. Maria (…) que é mestra da virgindade, (…) não podia acontecer que aquela que em si tinha trazido Deus , resolvesse andar às voltas com um homem. Nem José, varão justo, cairia nessa loucura de querer misturar-se com a mãe do Senhor, em relação carnal”.( De Inst. Virg. I , 3).
Rufino de Aquileia (340 — 410):
“A porta que estava fechada (Ezech. 44,2) foi a sua virgindade, través dela o Senhor Deus de Israel entrou, por isso Ele avançou a este mundo através do ventre da virgem. E, porque a sua virgindade foi preservada intacta, portão da Virgem permaneceu fechado para sempre “. (Comentário do Credo dos Apóstolos, 9)
Santo Agostinho (354 — 430):
“Virgem que concebe, virgem que dá à luz, virgem grávida, virgem que traz o feto, Virgem perpétua”(Sermão CLXXXVI, 1, 1)
“Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu” (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107).
São Jerônimo (347 — 420):
“Rogo também a Deus Pai para que demonstre que a mãe de Seu Filho – que se tornou mãe antes de se casar – permaneceu Virgem ainda após o nascimento de seu Filho.” (Contra Helvídeo, sobre a virgindade perpétua de Maria, cap II)
São João Cassiano (360 — 435):
“Por isso, confesso que o nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, que por sua própria causa foi gerado do Pai antes de todos os mundos, quando ao tempo ele por nossa causa se fez homem através do Espírito Santo e da sempre Virgem Maria, era Deus em Seu nascimento, e enquanto confessamos as duas substâncias, da carne e da Palavra.” (Sobre a Encarnação de Cristo contra Nestório, L. VII, 5)
São Cirilo de Alexandria (375 — 444):
“Salve, vaso puríssimo da temperança, a ti virgem, confiou, na cruz, nosso Senhor Jesus Cristo a Mãe de Deus, sempre virgem!” (Discurso em Concílio de Éfeso)
São Máximo, o Confessor (580 — 662):
“O nascimento e a adolescência daquela que concebeu e deu à luz – evento impensável, incompreensível, inefável! – ao Filho de Deus, o Verbo, Rei e Deus do Universo, já haviam sido mais maravilhosos que tudo o que se pode ver na natureza. Desde então, todos os dias de sua inteira existência, mostrou um estilo de vida superior à natureza [...] Logo, no caminho de sua fatigosa tarefa, sofreu e suportou muitas tribulações, provas, aflições e lamentos durante a Crucifixão do Senhor, alcançando uma completa vitória e obtendo coroas de triunfo, até ao ponto de ser constituída a Rainha de todas as criaturas[...] A Virgem não só animava e ensinava aos santos apóstolos e aos demais fiéis a ser pacientes e suportar as provas, senão que era solidária com eles em suas fadigas, lhes sustentava na pregação, estava em união espiritual com os discípulos do Senhor em suas privações e suplícios, em suas prisões[...] Depois da partida de João, o Evangelista, São Tiago, o filho de José, também chamado «irmão do Senhor», tomou a seu cuidado a santa Mãe de Cristo [...]” (Vida da Virgem)
Santo Ildefonso de Toledo (606 — 667):
“Tua pureza fica salva no anúncio sobre tua prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teu filho, e assim permaneces honesta e íntegra depois do parto” (A virgindade perpétua de Santa Maria)
São João Damasceno (676 — 749):
“Tendo levado uma vida casta e santa, engendrastes a jóia da virgindade, aquela que deveria permanecer Virgem antes, durante e depois do parto, a única sempre Virgem de espírito, de alma e de corpo.” (Homilia sobre a Natividade de Maria, 5)
Poderia acrescer com os
santos Papas que defenderam o mesmo nesse período, mas não o farei,
dando esse gostinho aos protestantes, evito que venham com mais
desculpas.
Os protestantes também têm sua própria lista, é melhor
chamá-la de pretensa lista, de citações de Pais da Igreja. Os citados
quando não têm seus textos falseados são os hereges que só, por isso,
não merecem nenhuma atenção. Os mencionados são: Santo Irineu,
Tertuliano, Santo Eusébio, Santo Epifânio, Hegesipo, Helvídeo,
Vigilâncio, Joviniano e Nestório. Conheçamos cada um deles.
Comecemos
com Sto Irineu. Sua citação que encabeça os Pais citados por mim
derruba qualquer interpretação contrária a sua virgindade.
Tertuliano
é um caso particular, primeiramente defensor assíduo da fé cristã,
depois no fim da vida acaba por se tornar um herege montanista. Santo
Agostinho nos informa que Tertuliano, por fim, acaba por fundar uma
seita própria, o próprio Santo Agostinho diz ter trazido de volta ao
seio da Igreja seus últimos adeptos. [Os Padres da Igreja (séc I - IV)
Jacques Liébaert]
Leiamos, antes, algumas de suas afirmações claramente hereges:
“O conhecimento e a defesa do Paráclito nos (nós montanistas) separam dos psíquicos (isto é, dos membros da Igreja Oficial)”
“A
Igreja é propriamente e sobretudo o Espírito mesmo, em que reside a
Trindade da única divindade, Pai, Filho e Espírito Santo. É ele que
reúne essa Igreja que o Senhor estabeleceu nos três. Por isso, desde
então, todo grupo de pessoas reunidas nessa fé constitui uma Igreja para
o Autor e Consagrador” (Sobre a Castidade XXI,17)
Agora, sobre a virgindade o texto em questão é o seguinte:
“Uma
Virgem deu à luz Cristo, e casou-se unicamente depois do nascimento
deste. Para que fosse possível louvar no nascimento de Cristo os dois
tipos de castidade: ser filho de uma mãe virgem que apenas conheceu um
homem” (De Monogamia 8 )
Mas pasmem! O mesmo acreditava que Maria
perdeu a virgindade ao dar a luz, o que destrói a fé cristã e não passa
de uma repetição da desculpa dos judeus para não aceitarem Jesus Cristo:
“Pariu
porque deu à luz um descendente da própria carne; não o deu enquanto
não o fez por intervenção humana. Foi virgem com respeito ao marido, mas
não com relação ao parto. (…) A mesma que deu à luz o fez
verdadeiramente. Foi virgem quanto à concepção, não quanto ao parto. (…)
O seio da Virgem abriu-se de modo especial, porque de modo especial
havia sido selado” (De Carne Christi 23)
Definitivamente
Tertuliano não é uma boa fonte contra a Igreja e chega ser desonesto
usá-lo. Sobre ele São Jerônimo nem perdeu tempo, apenas disse: “De
Tertuliano não direi senão que não pertenceu à Igreja.” (A Virgindade
Perpétua virgindade de Maria IV, 19)
Com relação a Santo Eusébio
não passa de uma falta de atenção de seus leitores. Não leram sua obra
completamente, pegaram trechos isolados e já tiraram a conclusão. Citam
as partes onde ele chama Tiago, primo de Jesus ou um dos filhos de José,
de irmão do Senhor. Ora, isto não é novo, assim é chamado na própria
Bíblia. Na verdade os Pais da Igreja continuaram a identificá-lo como
irmão do Senhor, mesmo sabendo que não eram filhos de Maria, preservaram
o semitismo que remonta as próprias traduções dos apóstolos. São vários
os concílios da Igreja que continuaram a identificar Tiago assim, mesmo
já promulgado o dogma da virgindade de Maria. No próprio Concílio de
Trento isso é feito. (Cf. 14ª sessão – unção dos enfermos, cap 1). E
como prova do que estou falando vejamos o que em outros capítulos de
Santo Eusébio é explicado:
“Então Tiago, a quem os antigos
sobrenome o Justo por conta da excelência da sua virtude, é lembrado por
ter sido o primeiro a ser feito bispo da igreja de Jerusalém. Este
Tiago foi chamado de irmão do Senhor, porque ele era conhecido como um
filho de José, e José era suposto ser o pai de Cristo, porque a Virgem,
sendo prometida a ele, foi encontrada com o filho pelo Espírito Santo
antes de chegarem juntos, Mateus 1:18 como a conta dos shows santos
Evangelhos”. (HE III 1,2)
Vemos aí que Sto. Eusébio relata que
Tiago era conhecido como um filho de José, só José. Se achasse que fosse
filho de Maria seria inútil sua explicação. Ele segue uma antiga
tradição que encontramos, inclusive, no Proto-Evangelho de Tiago do ano
150.
Eusébio citando Clemente escreve:
“Clemente, no livro
VI das Hypotyposeis, adiciona o seguinte: “Porque -dizem – depois da
ascensão do Salvador, Pedro, Tiago e João, mesmo tendo sido os
preferidos do Salvador, não tomaram para si esta honra, mas elegeram
como bispo de Jerusalém Tiago o Justo.”
E o mesmo autor, no livro VII da mesma obra, diz ainda sobre ele o que segue:
“O
Senhor, depois de sua ascensão, fez entrega do conhecimento a Tiago o
Justo, a João e a Pedro, e estes o transmitiram aos demais apóstolos, e
os apóstolos aos setenta, um dos quais era Barnabé.
Houve dois
Tiagos: um, o Justo, que foi lançado do pináculo do templo e morto a
golpes com um bastão; e o outro, o que foi decapitado.” Também Paulo
menciona Tiago o Justo quando escreve: Outro apóstolo não vi além de
Tiago, o irmão do Senhor.” (HE II, 1)
Nesta, cita um Pai da
Igreja, que identifica Tiago como irmão do Senhor, mesmo deixando claro
que esse é um dos apóstolos. Os dois apóstolos chamados Tiago na Bíblia
não são filhos de Maria, mãe de Jesus, um é filho de Zebedeu, o Tiago
maior, enquanto o outro de Alfeu, o Tiago menor, que provavelmente era
filho de Maria de Cléofas.
Então, ao contrário do que uma leitura
superficial e isolada de seus escritos pode deixar parecer, ele
acreditava na virgindade perpétua de Maria.
Santo Epifânio, é mais um em que as citações acima não deixam dúvidas.
Seguindo para Hegésipo, o trecho em questão é este:
“Da família do Senhor ainda estão vivos os netos de Judas, que acredita-se que tenha sido irmão do Senhor pela carne..”
Podemos tirar disso apenas que Judas era dito irmão do Senhor pela carne, nada mais.
Ao trecho as seguintes formas de respostas seriam satisfatórias:
1.
Os que acreditavam nisso eram os acusadores. Nada impede que os
acusadores de Judas, que pelo o que parece não eram cristãos,
acreditassem que Jesus era filho de José e de Maria, pois se não eram
cristãos não tinham porque crer em sua virgindade mesmo no parto.
2.
É dito irmão do Senhor pela carne não de Maria, mas de Davi. Eusébio,
realmente, diz que acusavam Judas “com base em sua linhagem vinda de
Davi e sua relação com o próprio Cristo” (HE III, 19) E Hegésipo no
mesmo registro acrescenta: “Foram passadas informações de que eles
seriam da família de Davi e eles foram levados até o imperador Domiciano
pelo Evocatus…”
3. O uso de irmão deve ser levado em conta
segundo o semitismo usado, e a ênfase “em carne”, para mostrar que não
era irmão do Senhor segundo o espírito apenas. Como foi dito: “E se deve
ver um estranho, que o levou sob o seu teto e se alegram por ele como
mais um irmão de verdade, porque lhes chamar irmãos, não segundo a
carne, mas segundo a alma.” (Aristides, desculpa 15,6, escrevendo aos
cristãos). Um exemplo do uso é quando Jesus é dito filho de Davi ou
descendente segundo a carne, isto não quer dizer que seja direto, mas
segundo a carne de Maria. Assim como nos explica Tertuliano:
“Sed
et Paulus, eiusdem utpote evangelii et discipulus et al magister
testículo quia apostolus eiusdem Christi, confirmat Christum ex Semine
secundum carnem David, ipsius Utique. ergo ex Semine David caro Christi.
sed secundum carnem Mariae ex Semine David, ergo est Mariae ex carne
dum est Semine ex Davi.” (Na carne de Cristo 22,3)
O fato do
acréscimo “da carne” não significa muito. O próprio Concílio Quinissexto
de 692 identifica Tiago, outro irmão apontado pelos protestantes, de
forma parecida: “Pois também Tiago, o irmão, segundo a carne,
de Cristo nosso Deus, a quem o trono da igreja de Jerusalém primeira
foi confiada, e Basílio, o arcebispo da Igreja de Cesaréia, cuja glória
se espalhou por todo o mundo, quando nos deu instruções para o
sacrifício místico, por escrito, declarou que o Santo Cálice está
consagrado na Divina Liturgia com água e vinho.” (CÂNON XXXII) Só como
curiosidade, esta é a mais antiga referência explícita à liturgia de
Tiago que diz: “Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem“. A terceira alternativa me parece mais óbvia.
O
próximo é Helvídeo, que fundamentado num herege, Tertuliano, numa
interpretação literal da Bíblia e por mal interpretar outro Pai da
Igreja, negou a virgindade de Maria. São Jerônimo fez uma bela refutação
às suas tentativas frustradas. Vale a pena a leitura, que dispensa meus
comentários.
Sigo para Vigilâncio, que também não tinha um bom
currículo. É outro que foi refutado por S. Jerônimo. Entre suas
heresias, além da de negar a virgindade perpétua de Maria, cita-se:
1. Era contra o culto aos mortos.
2. Pensava que os mortos dormiam ao que levou S. Jerônimo a chamá-lo de “Dormilâncio” (cF. Contra Vigilâncio CAP II)
3. Chamava as velas de insignificantes.
4. Sobre as relíquias dos mártires diz: “um pouco de pó miserável, envolto em panos caros”
5. Usava como fonte doutrinal um livro apócrifo, que não era recebido, obviamente, pela Igreja.
Enfim, é outro que não merece nenhuma consideração.
O Outro é Joviniano, que não por coincidência era outro herege. Entre suas crenças podemos trazer:
1. Uma virgem não é melhor aos olhos de Deus do que uma mulher casada.
2.
Uma pessoa batizada com o Espírito Santo não pode cair no pecado. Sobre
isso diz: “os que com plena certeza de fé que nasceram de novo no
batismo, não pode ser derrubado pelo diabo.”
3. Todos os pecados são iguais.
4. Há apenas um grau de punição e recompensa no futuro estado.
Esse herege foi condenado pelo sínodo de Roma, sob Papa Sirício e pelo sínodo de Milão, convocado por Santo Ambrósio.
Tempos
depois ele ainda é lembrado por Santo Ildefonso de Toledo: “Não quero
ver-te [Joviniano] questionar sobre o pudor de nossa Virgem no parto,
não quero ver-te corromper a sua integridade na geração; não quero saber
violada sua virgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues a
maternidade porque foi virgem; não a prives da plena glória da
virgindade, porque foi mãe. Se uma dessas coisas tu confundes, em tudo
erraste. Desconhecer a harmonia que as une é ignorar por completa a
verdade que encerram. Se não pensas assim estas errado, pecas contra a
justiça. Se negas à Virgem sua maternidade ou sua virgindade, injurias
grandemente a Deus.” (Patrologia Latina 96,58, 617-667 d. C.).
O
próximo é Bonoso, herege, que teve suas obras condenadas pelo Decreto
Gelasiano e foi condenado por um sínodo de Sto. Ambrósio. Suspeita-se
ainda que o mesmo negava a divindade de Cristo, pois seus seguidores
negavam esse dogma. Sobre ele, Anísio, bispo de Tessalônica, escreve ao
Papa Sirício, indignado por sua descrença na virgindade de Maria, ao que
o Papa responde:
“É natural que tenha sentido horror ao ouvir
dizer que do ventre de Maria, do qual nasceu Cristo segundo a carne,
tenham nascido outros filhos. Jesus Cristo não teria escolhido nascer de
uma virgem se soubesse que ela se contaminaria por meio da união com um
homem, manchando o lugar onde Ele havia repousado, a corte do Rei
Eterno. Esta afirmação nada mais é do que a aceitação da falsa doutrina
judia, segundo a qual Cristo não nasceu de uma virgem”.
Resta-nos
Nestório. Ele além de negar sua virgindade perpétua, negava sua
maternidade divina. Acreditava que em Cristo havia duas pessoas
distintas, uma humana e outra divina, completamente independentes uma da
outra. Ele foi condenado como herege pelo concílio de Éfeso em 431. O
primeiro a acusá-lo de heresia foi um leigo, Eusébio de Doriléia, mas
seu combatente mais assíduo foi São Cirilo.
Vemos que os apontados
pelos protestantes dos ortodoxos tira-se todos, obviamente, sobrando os
hereges condenados pela santa Igreja pela negação da virgindade de
Maria e por outras heresias. Notamos que quando esses se pronunciaram
foram duramente repreendidos pelos bispos em sua época e condenados.
Nenhum deles diz estar falando o que os antigos Pais criam, ao
contrário, do que Sto. Ambrósio, Sto. Agostinho, etc. faziam como
referência. E não há de se comparar o número de Pais da Igreja que
defendiam sua virgindade com algumas vozes hereges que de tempos em
tempos foram aparecendo de forma isolada. Os hereges que faziam tal
injúria sabiam que eram vozes a ermo na Igreja. Fundamentavam-se apenas
numa leitura fundamentalista da Bíblia e, por vezes, por outros hereges.
Essa cadeia de acusações nunca terá fim com a existência de heresias,
mas nunca poderá ser embasada pela Sagrada Tradição. Lembrem-se os
protestantes que todas essas seitas com suas heresias foram aos poucos
caindo, só quem ficou foi a Igreja Católica e a integridade de sua
doutrina, a que ficará “até o fim dos tempos.” (Mt 28, 20)
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