[bibliacatolica]
19 janeiro 2012Fonte: Encontro com o Bispo

Será que isso já aconteceu?
Olhando
à nossa volta constatamos que o mundo vive em contínuo desassossego.
Não existe paz, a justiça não se realiza muitas vezes, os pobres são em
maior número, a fome continua a crescer em todo o planeta e a
ambicionada alegria não aparece.
Mas, para se poder fazer a experiência desta alegria são exigidas duas condições propostas por Jesus: arrepender-se e acreditar no Evangelho, nessa «boa notícia» trazida por Ele.
O
arrependimento ou conversão, implica uma mudança radical do modo de
pensar dos homens. Ao converter-se, a sua lógica, regida pelos próprios
interesses, começa a seguir o pensamento de Deus e não se coloca a si
mesmo como o centro das atenções, mas sim nas necessidades dos irmãos.
Depois desta conversão, é necessário acreditar.
Ter fé não consiste em intelectualizar aquilo que Jesus disse, ou
simplesmente conhecer o que Ele fez, mas exige uma adesão ousada e
absoluta à sua proposta de vida.
Vemos grande parte de nós, os
cristãos, sairmos tristes das celebrações. O que nos impede de ter essa
explosão de alegria que a «boa notícia» de Jesus trouxe? Talvez o fato
de ainda não termos conseguido a coragem suficiente para nos
convertermos e acreditarmos no Evangelho e no chamamento do Mestre.
No
Evangelho de hoje nos é apresentado o seguimento dos discípulos ao
chamamento de Jesus. Tal convocação continua a ser dirigida
permanentemente a cada homem para que seja seu discípulo. O nosso
batismo foi o início e sinal desse caminho vocacional, que não se
destina apenas a padres e freiras, mas a todos os cristãos. O caminho
não se apresenta fácil, pois o Senhor exige que seja constante a
disposição do discípulo para amar e sacrificar-se pelos irmãos.
Assim
como o chamamento dos primeiros discípulos não foi feito enquanto eles
rezavam mas no decurso normal das suas ocupações diárias, também a nossa
chamada se verifica nas ocasiões mais banais da vida quotidiana. Tomar
consciência desse fato é motivo de agradecimento e louvor por tão grande
honra alcançada sem mérito algum de nossa parte, mas por dom gratuito
de Deus.
Jesus procura os discípulos e convida-os a ficarem com
Ele, não para que aprendam uma lição, mas para experimentarem, em Sua
companhia, como se doa a própria vida pelos irmãos.
Para ser
cristão não basta conhecer as fórmulas do catecismo e apenas recitar
orações. É necessário averiguar-se a capacidade de seguir Cristo em
todos os momentos: quando nos é exigida paciência, quando devemos ser
humildes, quando nos comprometemos a amar um nosso inimigo, quando nos é
ordenado deixar o nosso egoísmo para ajudar os demais nesta vida de tão
curta duração no tempo.
Pedro, André, Tiago e João responderam
logo à chamada, deixando tudo para O seguir. Aos ninivitas, de que nos
fala a primeira leitura, foram dados quarenta dias para receberem ou
rejeitarem o convite à conversão. Aos seus discípulos, Jesus não concede
prazo algum. A resposta tem de ser pronta e materializada em renúncias
concretas daquilo que são as realidades terrenas, a que se deve dar o
justo valor, como nos adverte S. Paulo na segunda leitura. É por isso
que os cristãos devem estar dispostos a aceitar renúncias corajosas por
amor dos irmãos, pois esse amor vale mais que todos os bens materiais
que são caducos, apenas o amor permanece para sempre.
A todo o
discípulo é exigido este desapego total e imediato. Nada o pode impedir
de seguir a Cristo. Até os afetos mais sagrados, como o tido pelos
familiares, pela profissão, pela garantia econômica e social, ou desejo
de não perder os amigos devem ser abandonados se estiverem em confronto
com a vida a que Jesus chama.

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