Carlos Madeiro
Do[uol]
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Hospital Regional do Agreste, em Caruaru (PE), proibiu orações e pregações de religiosos |
O incômodo causado pelo som alto das pregações evangélicas durante a
visita a pacientes levou o Hospital Regional do Agreste (HRA), em
Caruaru (130 km do Recife), a proibir a partir desse mês que religiosos
realizem pregações ou orações em grupo nas enfermarias e corredores da
unidade.
Segundo a direção do hospital público, referência no atendimento no
agreste de Pernambuco, a determinação atende às reclamações de pacientes
e visitantes, que estariam incomodados com as constantes pregações
feitas em voz alta durante as visitas nas enfermarias.
Em nota pública, o diretor do HRA, José Bezerra, disse que respeita
todas as religiões, mas explicou que as pessoas que quiserem realizar
orações terão de utilizar a capela ecumênica da unidade, que estará
aberta a todos os visitantes e pacientes que desejarem orar.
“Sabemos que existem pacientes que necessitam de um apoio, de uma
palavra de conforto, e encontram tudo isso na religião. No entanto, nem
todos os religiosos que fazem as visitas têm essa intenção. Muitos, além
de visitar o seu paciente, acabam chamando atenção dos outros - muitas
vezes a contragosto, porque não são da mesma religião, para que escutem o
que eles têm a dizer”, diz o comunicado do diretor.
Segundo Bezerra, para que “fatos dessa natureza não voltem acontecer”, a
direção decidiu liberar a entrada dos religiosos “apenas para visitas.”
“Caso eles desejem realizar algum tipo de pregação ou oração em
conjunto, podem se dirigir para a capela ecumênica do hospital, que está
aberta para receber integrantes de qualquer religião.”
Limites éticos
A decisão do HRA foi elogiada pelo presidente da Associação
Interreligiosa do Agreste, padre Everaldo Fernandes. “É uma boa
oportunidade de fazermos uma releitura sobre essa pregação. Não vejo
como intolerância religiosa, mas como uma forma de impor nossos limites,
que me parece correto. O hospital deixa claro que quer a contribuição
da religião, mas não pode dar espaço ao constrangimento”, afirmou.
Segundo o padre, a forma de pregação adotada por alguns religiosos já vem sendo discutido pelo grupo há algum tempo. “A religião, assim como a medicina, a advocacia ou qualquer outra crença, tem seus limites éticos. E nós precisamos pensar sobre as nossas práticas, que devem ser éticas, respeitando a todos.”
Para o pastor Arnóbio Silva, da Igreja Evangélica Congregacional Vale
da Bênção, a decisão é equivocada. “Sou contra. Temos liberdade
religiosa no país, e as visitas aos pacientes termina com uma oração. Se
havia excessos, caberia orientar as pessoas que fazem a oração, em vez
de as proibir”, disse.
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