4 de janeiro
A história de Santa Ângela, considerada uma das primeiras místicas
italianas, poderia ser o roteiro de um romance ou novela, com final
feliz, é claro. Transformou-se de mulher fútil e despreocupada em
mística e devota, depois literata, teóloga e, finalmente, santa. A data
mais aceita para o nascimento de Ângela, em Foligno, perto de Assis e de
Roma, é o ano 1248. Ela pertencia à uma família relativamente rica e
bem situada socialmente. Ainda muito jovem casou-se com um nobre e
passou a levar uma vida ainda mais confortável, voltada para as
vaidades, festas e recreações mundanas. Assim viveu até os trinta e sete
anos, quando uma tragédia avassaladora mudou sua vida.
Num curto espaço de tempo perdeu os
pais, o marido e todos os numerosos filhos, um a um. Mas, ao invés de
esmorecer, uma mulher forte e confiante nasceu daquela seqüência de
mortes e sofrimento, cheia de fé em Deus e no seu conforto espiritual.
Como conseqüência, em 1291 fez os votos religiosos, doando todos os seus
bens para os pobres e entrando para a Ordem Terceira de São Francisco,
trocando a futilidade por penitências e orações. O dom místico começou a
se manifestar quando Santa Ângela recebeu em sonho a orientação de São
Francisco para que fizesse uma peregrinação a Assis. Ela obedeceu, e a
partir daí as manifestações não pararam mais.
Contam seus escritos que ela chegava a
sentir todo o flagelo da paixão de Cristo, nos ossos e juntas do próprio
corpo. Todas essas manifestações, acompanhadas e testemunhadas por seu
diretor espiritual, Santo Arnaldo de Foligno, foram registradas em
narrações que ela escrevia em dialeto úmbrio e que eram transcritas
imediatamente para o latim ensinado nas escolas, para que pudessem ser
aproveitados imediatamente por toda a cristandade. Trinta e cinco dessas
passagens foram editadas com o título “Experiências espirituais,
revelações e consolações da Bem-Aventurada Ângela de Foligno”, livro que
passou a ser básico para a formação de religiosos e trouxe para a Santa
o título de “Mestra dos Teólogos”. Muitos dos quais a comparam como
Santa Tereza d’Ávila e Santa Catarina de Sena.
Ângela terminou seus dias orientando
espiritualmente, através de cartas, centenas de pessoas que pediam seus
conselhos. Ao Santo Arnaldo, à quem ditou sua autobiografia, disse o
seguinte: “Eu, Ângela de Foligno, tive que atravessar muitas etapas no
caminho da penitencia e conversão. A primeira foi me convencer de como o
pecado é grave e danoso. A segunda foi sentir arrependimento e vergonha
por ter ofendido a bondade de Deus. A terceira me confessar de todos os
meus pecados. A quarta me convencer da grande misericórdia que Deus tem
para com os pecadores que desejam ser perdoados. A quinta adquirir um
grande amor e reconhecimento por tudo o que Cristo sofreu por todos nós.
A sexta sentir um profundo amor por Jesus Eucarístico. A sétima
aprender a orar, especialmente rezar com amor e atenção o Pai Nosso. A
oitava procurar e tratar de viver em contínua e afetuosa comunhão com
Deus”. Na Santa Missa, ela muitas vezes via Jesus Cristo na Santa
Hóstia. Morreu, em 04 de janeiro 1309, já sexagenária, sendo enterrada
na Igreja de São Francisco, em Foligno, Itália.
Seu túmulo foi cenário de muitos
prodígios e graças. Assim, a atribuição de sua santidade aconteceu
naturalmente, àquela que os devotos consideram como a padroeira das
viúvas e protetora da morte prematura das crianças. Foi o Papa Clemente
XI que reconheceu seu culto, em 1707. Porém ela já tinha sido descrita
como Santa por vários outros pontífices, à exemplo de Paulo III em 1547 e
Inocente XII em 1693. Mais recentemente o Papa Pio XI a mencionou
também como Santa em uma carta datada de 1927.
Santa Ângela de Foligno, rogai por nós!

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