sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

São Sebastião: vida e testemunho

[radiocatedral]

“Aquele que se encontrou com Cristo e vive na comunhão com Deus é alguém que também dá testemunho do Cristo Ressuscitado”
Não foi por acaso que São Se­bastião, santo mártir que a Igreja celebra no dia 20 de janeiro, se tornou padroeiro do município do Rio, que recebeu o nome de cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, durante a sua fundação, por Estácio de Sá, em 1° de março de 1565.
Conta a tradição que a devoção ao santo chegou a essas terras trazi­das pelos portugueses e que no Rio de Janeiro o santo foi responsável pela vitória de Portugal sobre os franceses, que invadiram e ocu­param as terras do Rio de Janeiro.
Segundo a lenda, durante um confronto entre portugueses e franceses, que ficou conhecido como Batalha das Canoas, São Se­bastião foi visto, com uma espada, entre os portugueses que eram católicos e seus aliados, mame­lucos e índios, lutando contra os franceses, que eram calvinistas. A visão do santo aconteceu logo após a explosão de uma grande arma, levantando espessa fumaça.

Foi justamente no meio dessa fumaça que os indígenas afirma­ram ter visto São Sebastião apare­cer. Assustados, os índios Tamoios, que lutavam a favor dos franceses fugiram, e os portugueses, que estavam em menor número, ven­ceram a luta. O fato salvou os portugueses da morte certa. O dia da batalha coincidiu, exatamente, com o Dia de São Sebastião: 20 de janeiro. Consideraram, então, ter acontecido ali um milagre.
QUEM FOI SÃO SEBASTIÃO?
Venerado como protetor da humanidade contra a fome, a peste e a guerra, São Sebastião foi um oficial romano convertido ao cristianismo e que, por sua fé, foi duplamente martirizado durante o império de Diocleciano, impie­doso perseguidor dos cristãos.
Nascido na França, no final do 3º século, mudou-se ainda pequeno com sua família para Milão, onde cresceu e foi educado sob os princípios do cristianismo. Sebastião se alistou no serviço militar de Roma e tornou-se, em pouco tempo, um dos oficiais prediletos do imperador, sendo promovido a comandante de sua guarda pessoal.
Secretamente, valendo-se de seu alto posto militar, o santo vi­sitava frequentemente os cristãos que se encontravam presos para serem levados ao Coliseu, onde seriam devorados por leões ou mortos em lutas com os gladiado­res. Aos seus irmãos na fé, levava palavras de consolo e de ânimo, falando na salvação da vida após a morte, segundo os princípios do cristianismo. Isso ajudava os prisioneiros a enfrentar o martírio que os aguardava.
Denunciado ao imperador Diocleciano, este o impeliu a renunciar a fé cristã. Sebastião, entretanto, diante do imperador, não negou a sua fé e, por isso, foi condenado à morte, sem direito à apelação. Diocleciano deu ordem a seus soldados para o alvejarem com flechadas e, depois, o deixa­rem sangrar até morrer – este foi o primeiro martírio do santo. É devido a esse martírio que em sua imagem mais conhecida aparece amarrado a um tronco e com o corpo perfurado por flechas.
são sebastião mártir romano santo padroeiro
BATALHA DAS CANOAS
DUPLO MARTÍRIO
Porém, ele não morre em decorrência das flechadas. Aban­donado no local do martírio, para sangrar até a morte, foi encon­trado vivo à noite, por mulheres cristãs, lideradas por Irene, esposa do mártir Castulo. Elas foram ao lugar da execução para tirar o corpo e dar sepultura a Sebastião. Ao verem que ainda se encontrava vivo, o levaram e cuidaram de suas feridas.
Quando ficou curado, ele se apresentou a Dioceleciano para lhe pedir que deixasse de perseguir os cristãos. Ignorando os pedidos de seu ex-oficial, o imperador ordenou que fosse morto a pauladas e que seu corpo fosse jogado nos esgotos de Roma, para que não fosse venerado como mártir pelos cristãos. Uma mulher chamada Luciana, mais tarde canonizada como Santa Luciana, encontrou o seu corpo e o sepultou nas catacumbas. Era o ano de 287 d.C.
TESTEMUNHO DO DISCÍPULO
Ao falar sobre a vida e teste­munho de São Sebastião, como discípulo de Cristo, o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tespes­ta, afirmou: “São Sebastião foi alguém que, firme na fé até o final de sua vida como mártir, enfren­tou as dificuldades e é exemplo de vida cristã para o homem de hoje. Aquele que se encontrou com Cristo e vive na comunhão com Deus é alguém que também dá testemunho do Cristo Ressus­citado. Ele nos ensina a viver com coragem sempre nova, confian­do na construção desse mundo novo, que é viver como pessoas consagradas a Deus num mundo de irmãos.”
O exemplo do padroeiro do Rio de Janeiro, portanto, deve marcar a espiritualidade dos ca­riocas. Ele exige de cada fiel o tes­temunho de uma vida de acordo com os exemplos de fidelidade a Cristo, sem medo de oferecer a sua vida pelo anúncio do Evangelho.
“Não devemos esquecer de que a vivência cristã nem sempre é um mar de rosas. No mundo operam forças obscuras e contrárias a Deus, que devem ser superadas e vencidas pelo nosso testemunho destemido e valente. Não devemos ter medo. A fé deve ser vivida e anunciada sem receios, em meio às contradições da vida e à oposição das forças do mal. Neste sentido, o nosso padroeiro, torturado e martirizado, é um sinal para vermos até que ponto chega o ódio contra os que professam a fé. Deus sempre sustenta neste mundo aquele que, de coração sincero, procura seguir os passos do Filho unigênito”, frisou Dom Orani.

Texto: ANDRÉIA GRIPP (jornal TF)
Legenda da foto: BATALHA DAS CANOAS - REPRODUÇÃO/ACERVO PALÁCIO SÃO JOAQUIM - RJ

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