[radiocatedral]
“Aquele que se encontrou com Cristo e vive na comunhão com Deus é alguém que também dá testemunho do Cristo Ressuscitado”
Não foi por acaso que São Sebastião, santo mártir que a Igreja
celebra no dia 20 de janeiro, se tornou padroeiro do município do Rio,
que recebeu o nome de cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, durante
a sua fundação, por Estácio de Sá, em 1° de março de 1565.
Conta a tradição que a devoção ao santo chegou a essas terras
trazidas pelos portugueses e que no Rio de Janeiro o santo foi
responsável pela vitória de Portugal sobre os franceses, que invadiram e
ocuparam as terras do Rio de Janeiro.
Segundo a lenda, durante um confronto entre portugueses e franceses,
que ficou conhecido como Batalha das Canoas, São Sebastião foi visto,
com uma espada, entre os portugueses que eram católicos e seus aliados,
mamelucos e índios, lutando contra os franceses, que eram calvinistas. A
visão do santo aconteceu logo após a explosão de uma grande arma,
levantando espessa fumaça.
Foi justamente no meio dessa fumaça que os indígenas afirmaram ter
visto São Sebastião aparecer. Assustados, os índios Tamoios, que
lutavam a favor dos franceses fugiram, e os portugueses, que estavam em
menor número, venceram a luta. O fato salvou os portugueses da morte
certa. O dia da batalha coincidiu, exatamente, com o Dia de São
Sebastião: 20 de janeiro. Consideraram, então, ter acontecido ali um
milagre.
QUEM FOI SÃO SEBASTIÃO?
Venerado como protetor da humanidade contra a fome, a peste e a
guerra, São Sebastião foi um oficial romano convertido ao cristianismo e
que, por sua fé, foi duplamente martirizado durante o império de
Diocleciano, impiedoso perseguidor dos cristãos.
Nascido na França, no final do 3º século, mudou-se ainda pequeno com
sua família para Milão, onde cresceu e foi educado sob os princípios do
cristianismo. Sebastião se alistou no serviço militar de Roma e
tornou-se, em pouco tempo, um dos oficiais prediletos do imperador,
sendo promovido a comandante de sua guarda pessoal.
Secretamente, valendo-se de seu alto posto militar, o santo visitava
frequentemente os cristãos que se encontravam presos para serem levados
ao Coliseu, onde seriam devorados por leões ou mortos em lutas com os
gladiadores. Aos seus irmãos na fé, levava palavras de consolo e de
ânimo, falando na salvação da vida após a morte, segundo os princípios
do cristianismo. Isso ajudava os prisioneiros a enfrentar o martírio que
os aguardava.
Denunciado ao imperador Diocleciano, este o impeliu a renunciar a fé
cristã. Sebastião, entretanto, diante do imperador, não negou a sua fé
e, por isso, foi condenado à morte, sem direito à apelação. Diocleciano
deu ordem a seus soldados para o alvejarem com flechadas e, depois, o
deixarem sangrar até morrer – este foi o primeiro martírio do santo. É
devido a esse martírio que em sua imagem mais conhecida aparece amarrado
a um tronco e com o corpo perfurado por flechas.
BATALHA DAS CANOAS |
DUPLO MARTÍRIO
Porém, ele não morre em decorrência das flechadas. Abandonado no
local do martírio, para sangrar até a morte, foi encontrado vivo à
noite, por mulheres cristãs, lideradas por Irene, esposa do mártir
Castulo. Elas foram ao lugar da execução para tirar o corpo e dar
sepultura a Sebastião. Ao verem que ainda se encontrava vivo, o levaram e
cuidaram de suas feridas.
Quando ficou curado, ele se apresentou a Dioceleciano para lhe pedir
que deixasse de perseguir os cristãos. Ignorando os pedidos de seu
ex-oficial, o imperador ordenou que fosse morto a pauladas e que seu
corpo fosse jogado nos esgotos de Roma, para que não fosse venerado como
mártir pelos cristãos. Uma mulher chamada Luciana, mais tarde
canonizada como Santa Luciana, encontrou o seu corpo e o sepultou nas
catacumbas. Era o ano de 287 d.C.
TESTEMUNHO DO DISCÍPULO
Ao falar sobre a vida e testemunho de São Sebastião, como discípulo
de Cristo, o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tespesta, afirmou: “São
Sebastião foi alguém que, firme na fé até o final de sua vida como
mártir, enfrentou as dificuldades e é exemplo de vida cristã para o
homem de hoje. Aquele que se encontrou com Cristo e vive na comunhão com
Deus é alguém que também dá testemunho do Cristo Ressuscitado. Ele nos
ensina a viver com coragem sempre nova, confiando na construção desse
mundo novo, que é viver como pessoas consagradas a Deus num mundo de
irmãos.”
O exemplo do padroeiro do Rio de Janeiro, portanto, deve marcar a
espiritualidade dos cariocas. Ele exige de cada fiel o testemunho de
uma vida de acordo com os exemplos de fidelidade a Cristo, sem medo de
oferecer a sua vida pelo anúncio do Evangelho.
“Não devemos esquecer de que a vivência cristã nem sempre é um mar de
rosas. No mundo operam forças obscuras e contrárias a Deus, que devem
ser superadas e vencidas pelo nosso testemunho destemido e valente. Não
devemos ter medo. A fé deve ser vivida e anunciada sem receios, em meio
às contradições da vida e à oposição das forças do mal. Neste sentido, o
nosso padroeiro, torturado e martirizado, é um sinal para vermos até
que ponto chega o ódio contra os que professam a fé. Deus sempre
sustenta neste mundo aquele que, de coração sincero, procura seguir os
passos do Filho unigênito”, frisou Dom Orani.
Texto: ANDRÉIA GRIPP (jornal TF)
Legenda da foto: BATALHA DAS CANOAS - REPRODUÇÃO/ACERVO PALÁCIO SÃO JOAQUIM - RJ
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