[midiasemmascara]
17 Janeiro 2012
Se há divergências inconciliáveis, é preciso dizer quer há também convergências indestrutíveis.
O cristianismo sempre lidou com conflitos internos. Desde o Concílio de Jerusalém, por zelo e por amor ao Evangelho, teve que solucionar suas discordâncias. É verdade que nem sempre foram conflitos tão pacíficos como aquele. Houve, por vezes, verdadeiras batalhas. Também é verdade que os motivos nem sempre foram os mais justos, ou santos, mas, de qualquer maneira, o cristianismo manteve-se firme, ainda que dividido.
Desde
o Grande Cisma, e mais ainda após a Reforma, a cristandade rachou de
vez. Romanos de um lado, protestantes de outro e ortodoxos em outro
ainda. Além dessas grandes divisões, as centenas ou milhares de divisões
internas, principalmente dentro do lado protestante, tornaram o diálogo
difícil e a conciliação, por óbvio, praticamente impossível.
No
entanto, tal racha, ainda que sério, jamais ultrapassou os estritos
limites das questões de fé. Foi, certamente, causado por divergências
doutrinárias (sem descartar, claro, influências políticas e interesses
pessoais). De qualquer maneira, tudo girando em torno das Escrituras e
sua interpretação.
Após
a Revolução Francesa, principalmente, entrou, na sociedade, um elemento
estrangeiro: uma cosmovisão absolutamente desligada das Escrituras e da
tradição cristã. É verdade que seus fundamentos haviam surgido bem
antes, mas apenas nela se tornou verdadeiramente um elemento político
razoavelmente sistematizado.
Dali,
o que houve foi apenas o crescimento de uma visão da vida cada vez mais
desligada de Deus, o que desembocou nos movimentos ligados à uma visão
estritamente materialista da sociedade, como o marxismo, o anarquismo
etc., todas elas abertamente anticristãs.
Hoje,
o que há é o domínio cultural e midiático, em quase todo o Ocidente,
por grupos e pessoas ligadas diretamente ou por afinidade a esses
movimentos que trabalham incessantemente para destruir os fundamentos
deixados pelo cristianismo nesta parte do mundo.
Sem
contar, ainda, as infiltrações, dentro das igrejas cristãs, por esses
mesmos grupos e pessoas, que só fazem trazer para os púlpitos e altares,
ainda que sorrateiramente, as mesmas idéias que encharcam o lodo
ideológico ao qual pertencem.
Ainda
que esses movimentos não tenham sempre uma interação programática
objetiva, é impressionante sua identidade ideológica, a defesa unânime
dos mesmos pontos, a certeza de quem são os inimigos da
sociedade. Apesar da diversidade absurda de princípios, no fim acabam
todos eles defendendo as mesmas coisas, acreditando nas mesmas coisas,
lutando contra as mesmas coisas.
Pelo
lado dos cristãos acontece o contrário: ligados pelos mesmos
fundamentos, alicerçados sobre os mesmos princípios, dividiram-se em
tantas doutrinas, tantos sistemas e tantas crenças que já não mais se
vêem como filhos de uma mesma mãe: a Igreja. Se consideram, quando não
inimigos, opostos ou distantes.
Então,
o quadro que se coloca é este: anticristãos unidos pelos mesmos
objetivos e mesmas idéias; cristãos desunidos, ainda que fundamentados
sobre as mesmas bases. Ora, quem está mais forte para ganhar essa
batalha? E pode um reino dividido subsistir?
O
avanço ateísta e anticristão é uma realidade presente e cada vez mais
forte. Sem resistência, vai impondo sua visão de mundo, invadindo os
fundamentos da civilização (que ainda é cristã de alguma maneira) e
subvertendo mentes que ainda resistem com resquícios dos ensinamentos
religiosos recebidos durante dois mil anos.
Por
outro lado, não há, do lado de cá, qualquer reação a esse avanço, senão
manifestações individualizadas de inconformismos que, isoladamente,
pouco podem contra tamanha investida.
A questão é: seria possível alguma união cristã contra tudo isso?
Sinceramente,
olhando apenas como um observador, e conhecendo razoavelmente as partes
envolvidas, não tenho muita esperança. Os católicos vêem os
protestantes apenas como rebeldes insubordinados. Os protestantes vêem
os católicos e ortodoxos como desviados da verdade. Tradicionalistas
vêem carismáticos como vêem os protestantes e entre estes cada
denominação ou mesmo templo vê o outro como herético.
A
única solução, se é que há, é, em primeiro lugar, o reconhecimento,
pelos verdadeiros cristãos, de que existem inimigos concretos que lutam,
incansavelmente, em favor da destruição dos pilares de nossa
civilização, o que passa, obviamente, pela mitigação de toda e qualquer
influência cristã. Em segundo lugar, a consciência do fundamento comum
que liga todas as vertentes cristãs. Se há divergências inconciliáveis, é
preciso dizer quer há também convergências indestrutíveis;
principalmente a participação de todos no Logos divino.
Essa comunhão em Cristo deve ser o estandarte principal. É ela que vai permitir que haja alguma resistência. Se desejam lutar para que a civilização ocidental se mantenha em pé, enxergo apenas uma possibilidade: entendermos definitivamente que o inimigo não está na igreja ao lado, mas do outro lado do front, nas linhas inimigas daqueles que desprezam os valores herdados pelos dois mil anos de cristianismo.
Essa comunhão em Cristo deve ser o estandarte principal. É ela que vai permitir que haja alguma resistência. Se desejam lutar para que a civilização ocidental se mantenha em pé, enxergo apenas uma possibilidade: entendermos definitivamente que o inimigo não está na igreja ao lado, mas do outro lado do front, nas linhas inimigas daqueles que desprezam os valores herdados pelos dois mil anos de cristianismo.
xxx
jbpsverdade: Porque existe tanta divisão no meio dos cristãos? O apóstolo Paulo escreve aos corintios o seguinte: Com efeito, enquanto houver entre vós ciúmes e contendas, não será porque sois carnais e procedeis de um modo totalmente humano?
Quando, entre vós, um diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é isto modo de pensar totalmente humano? (I Cor 3, 3-4)
Quando, entre vós, um diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é isto modo de pensar totalmente humano? (I Cor 3, 3-4)
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