25/02/2012
IHU - Em livro, o cardeal traça o perfil que um bispo deve assumir no mundo de hoje.
A reportagem é de Orazio La Rocca, publicada no jornal La Repubblica, 22-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Íntegro, honesto, leal, capaz de não mentir nunca, paciente, misericordioso, pronto a oferecer esperança a quem sofre, mas, acima de tudo, um homem verdadeiro, capaz de ouvir a todos, mesmo não crentes, separados, divorciados e homossexuais".
A reportagem é de Orazio La Rocca, publicada no jornal La Repubblica, 22-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Íntegro, honesto, leal, capaz de não mentir nunca, paciente, misericordioso, pronto a oferecer esperança a quem sofre, mas, acima de tudo, um homem verdadeiro, capaz de ouvir a todos, mesmo não crentes, separados, divorciados e homossexuais".
Esse é o perfil de identificação que o cardeal Carlo Maria Martini traça
da figura do bispo hoje, "um homem da Igreja, do qual se fala muito,
mas que poucos conhecem a fundo", escreve o purpurado em seu último
livro, Il Vescovo
[O Bispo], publicado pela Rosenberg & Sellier. Um texto breve (90
páginas apenas), mas intenso, em que o cardeal, partindo também da sua
experiência pastoral na diocese de Milão, explica "o
que é um bispo, como é eleito, quais são suas competências",mas em
particular quais deveriam ser seus compromissos primários "na sociedade
contemporânea e pós-moderna".
O purpurado fala de coração aberto,
sem medo de tocar questões que poderiam irritar os membros
tradicionalistas e reacionários da Igreja Católica. Como, por exemplo,
quando diz que o bispo é chamado primeiramente a estar "atento aos
pobres, aos encarcerados, aos doentes, aos estrangeiros", mas também a
quem é obrigado a viver fora da Igreja "como os separados, os
divorciados e os homossexuais". "Mesmo salvaguardando o princípio de que
o matrimônio é único e indissolúvel, muitos separados e divorciados –
escreve Martini – têm um novo companheiro e uma nova
família com filhos. Eles devem ser ouvidos, merecem atenção, porque é
como se encontrar diante dos náufragos para os quais é preciso fazer
todo o possível para que não se afoguem".
O bispo de hoje deve
ter a mesma abordagem – na opinião do cardeal – com relação às pessoas
homossexuais, para as quais, permanecendo firme que a Escritura condena
tais comportamentos, é preciso escuta e compreensão, orientando-se rumo a
uma amizade espiritual: "O Espírito Santo trará conselho, caso a caso,
para aquilo que é melhor para a pessoa que se tem na frente".
Outra questão delicada: a idade de aposentadoria do bispo, que, segundo Martini, "deveria ser aumentada com relação aos atuais 75 anos". Um limite que João Paulo II também queria retocar: "Foi o Papa Wojtyla que
me confidenciou isso, mas depois – revela o cardeal – não o fez por um
senso de respeito por uma norma desejada pelo seu antecessor, Paulo VI".
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