27/02/2012
IHU - Uma "reavaliação teológica" dos divorciados novamente casados e um novo modo de interagir com eles por parte a Igreja: o pedido veio do teólogo alemão Eberhard Schockenhoff (foto), professor de Teologia Moral da Universidade de Friburgo, por ocasião de uma jornada de estudo da Ação Católica Austríaca (Kao), realizada em Salzburgo, no dia 1º de fevereiro passado.
A reportagem é de Ludovica Eugenio, publicada na revista Adista Notizie n. 7, 20-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Igreja, disse o teólogo, deve salientar a sua disposição à reconciliação no espírito das fontes bíblicas e da prática da Igreja primitiva, separando-se de uma atitude de "condenação moral" que provoca nos interessados um "sentimento de dolorosa exclusão".
A Igreja, disse o teólogo, deve salientar a sua disposição à reconciliação no espírito das fontes bíblicas e da prática da Igreja primitiva, separando-se de uma atitude de "condenação moral" que provoca nos interessados um "sentimento de dolorosa exclusão".
"Os
separados, os divorciados e aqueles que se casaram novamente não estão
às margens da Igreja, mas pertencem a ela assim como muitos outros
cristãos que imperfeitos ou que erraram", disse Schockenhoff,
que, nos últimos anos, se ocupou muito do problema, a ponto de dedicar a
ele um livro cujo título foi retomado como tema da jornada de estudo:
"Oportunidade de reconciliação? A Igreja e os divorciados novamente
casados".
A sua proposta é radical: a Igreja pode e deve
conceder a Comunhão aos divorciados em segunda união. Em primeiro lugar,
trata-se de uma "emergência pastoral": o número desses católicos,
atualmente excluídos da vida sacramental, segue aumentando, e a
problemática relacionada com a sua participação na vida eclesial não
pode mais ser adiada. Em segundo lugar, não há nenhum motivo – tanto nas
Escrituras, quanto na práxis da Igreja das origens – que impeça esse
passo.
A referência às palavras de Jesus sobre a
indissolubilidade do matrimônio diante de Deus, afirma o teólogo, não
pode ser simplesmente equiparado a uma norma canônica, enquanto nos
Evangelhos de Mateus e de Marcos, e nos textos de São Paulo havia
"tendência contracorrente" e "circunstâncias excepcionais" nas quais o
divórcio podia ser tolerado. E, se a indissolubilidade do matrimônio
continua sendo "o único critério válido", isso não significa, argumenta Schockenhoff,
que, de um ponto de vista bíblico, não possa haver "situações de
emergência" como uma exceção a esse padrão. Essa "flexibilidade no
rigor" também caracterizou a prática dos primeiros séculos da Igreja.
Posições semelhantes foram expressas, afirma o teólogo alemão, até por Joseph Ratzinger que,
em um ensaio de 1972, escreveu que, segundo o magistério clássico,
"sempre houve, na pastoral concreta, uma práxis mais elástica que nunca
foi considerada totalmente conforme à verdadeira fé da Igreja, mas que
nunca foi absolutamente excluída". Uma admissão regulada aos sacramentos
das pessoas interessadas, afirmava Ratzinger, "está plenamente em linha
com a tradição da Igreja".
Outro fato que fala em favor da admissão aos sacramentos, defende Schockenhoff,
é que, mesmo em uma nova união civil, podem estar presentes "todos os
elementos que, segundo a Igreja, são constitutivos do matrimônio": a
fidelidade , a vontade de dedicação total ao/à parceiro/a, a abertura
aos filhos etc. Consequentemente, um segundo casamento não reconhecido
pelo direito canônico poderia não ser mais considerado um não matrimônio
ou um concubinato. O discurso corrente de um "adultério contínuo" ou de
um "estado de pecado grave" também é, à luz dessas considerações,
"totalmente inaceitável".
A partir dessa reavaliação teológica de um novo casamento civil, afirmou ainda o teólogo de Friburgo,
deriva "de modo vinculante o fato de que os divorciados em segunda
união não estão excluídos da Comunhão permanente ou até a morte do seu
próprio parceiro". "Em sinal de respeito pelo juízo de consciência
formulado pelas pessoas interessadas", a Igreja deve convidar os
divorciados novamente casados para participar da vida comunitária e da
Comunhão eucarística. Só assim, de fato, ela pode oferecer uma autêntica
"oportunidade de reconciliação". Tal passo, "pronunciado pela Igreja
publicamente", representaria a correção de um "desvio catastrófico":
isto é, o de uma Igreja impiedosa e desinteressada por essa categoria de
pessoas.
Outra situação, outra dor
No
estado atual, nem os casais regularmente casados mas pertencentes a
confissões religiosas diferentes podem participar da Eucaristia juntos, e
isso é fonte de grande dor, como foi revelado ao longo de um encontro
ecumênico intitulado Ecumenismo: Encontro de pertencentes a tradições e confissões cristãs diferentes, realizado na Faculdade de Teologia Católica de Innsbruck, entre os dias 13 e 15 fevereiro.
Uma situação, a dos casais de confissões diferentes, muito difundida na Áustria, como destacou a superintendente da Igreja Evangélica Luterana, Louise Müller, que explicou como em algumas áreas do Tirol há até 95% de casais interconfessionais. Daí a necessidade de identificar soluções comuns.
Os bispos estão bem conscientes disso, afirmou, em entrevista à Kathpress, o bispo de Innsbruck, Dom Manfred Scheuer, responsável pelas questões ecumênicas da Conferência dos Bispos da Áustria, referindo-se ao Diretório Ecumênico do Vaticano de 1993, que sanciona que os não católicos podem, em casos individuais, ser admitidos aos sacramentos da Igreja Católica.
O cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos,
também admitiu que a situação atual é "muito difícil e insatisfatória",
porque "as convicções de fundo das diversas Igrejas se refletem aqui
sobre pessoas concretas". A situação desses casais, disse o prelado,
"sempre foi para mim um motivo para me comprometer com o ecumenismo".
"São necessárias, definitivamente, soluções ao alcance das nossas mãos".
Para Elisabeth e Klemens Betz, da Arge Ökumene (comunidade
de casais e famílias pertencentes a confissões religiosas diferentes), a
"experiência comum de uma ceia eucarística comum" pode ser "um sinal de
reconciliação" e pode tornar as Igrejas mais próximas. É preciso falar,
afirmaram, sobre o sofrimento dos casais interconfessionais e da
necessidade de uma prática que derive de normas bem claras e que não
dependa da abertura ou não dos padres individuais, o que transformaria a
partilha da Eucaristia em uma espécie de "contrabando".
xxx
jbpsverdade: Jesus Cristo é bem claro quando diz... Foi também dito: Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério. (Mt 5, 31-32) - Ora, adultério é pecado, e sendo pecado ficam impedidos de participar da comunhão eucarística todo aquele que se encontra em segunda união, sendo que a primeira foi consumada na Igreja católica e continua válida. O Catecismo da Igreja diz o seguinte: São numerosos hoje, em muitos países, os católicos que recorrem ao divórcio segundo as leis civis e que contraem civicamente uma nova união. A Igreja, por fidelidade à palavra de Jesus Cristo ("Todo aquele que repudiar sua mulher e desposar outra comete adultério contra a primeira; e se essa repudiar seu marido e desposar outro comete adultério": Mc 10,11-12), afirma que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro casamento foi válido. Se os divorciados tornam a casar-se no civil, ficam numa situação que contraria objetivamente a lei de Deus. Portanto, não podem ter acesso à comunhão eucarística enquanto perdurar esta situação. Pela mesma razão não podem exercer certas responsabilidades eclesiais. A reconciliação pelo sacramento da Penitência só pode ser concedida aos que se mostram arrependidos por haver violado o sinal da aliança e da fidelidade a Cristo e se comprometem a viver numa continência completa. A respeito dos cristãos que vivem nesta situação e geralmente conservam a fé e desejam educar cristãmente seus filhos, os sacerdotes e toda a comunidade devem dar prova de uma solicitude atenta, a fim de não se considerarem separados da Igreja, pois, como batizados, podem e devem participar da vida da Igreja:
Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a freqüentar o sacrifício da missa, a perseverar na oração, a dar sua contribuição às obras de caridade e às iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorar, dia a dia, a graça de Deus. CIC nº 1650, 51.
Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério. (Mt 5, 31-32) - Ora, adultério é pecado, e sendo pecado ficam impedidos de participar da comunhão eucarística todo aquele que se encontra em segunda união, sendo que a primeira foi consumada na Igreja católica e continua válida. O Catecismo da Igreja diz o seguinte: São numerosos hoje, em muitos países, os católicos que recorrem ao divórcio segundo as leis civis e que contraem civicamente uma nova união. A Igreja, por fidelidade à palavra de Jesus Cristo ("Todo aquele que repudiar sua mulher e desposar outra comete adultério contra a primeira; e se essa repudiar seu marido e desposar outro comete adultério": Mc 10,11-12), afirma que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro casamento foi válido. Se os divorciados tornam a casar-se no civil, ficam numa situação que contraria objetivamente a lei de Deus. Portanto, não podem ter acesso à comunhão eucarística enquanto perdurar esta situação. Pela mesma razão não podem exercer certas responsabilidades eclesiais. A reconciliação pelo sacramento da Penitência só pode ser concedida aos que se mostram arrependidos por haver violado o sinal da aliança e da fidelidade a Cristo e se comprometem a viver numa continência completa. A respeito dos cristãos que vivem nesta situação e geralmente conservam a fé e desejam educar cristãmente seus filhos, os sacerdotes e toda a comunidade devem dar prova de uma solicitude atenta, a fim de não se considerarem separados da Igreja, pois, como batizados, podem e devem participar da vida da Igreja:
Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a freqüentar o sacrifício da missa, a perseverar na oração, a dar sua contribuição às obras de caridade e às iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorar, dia a dia, a graça de Deus. CIC nº 1650, 51.
A doutrina da Igreja vem de Cristo cabeça, portanto não tem como ser diferente.
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