12 Feb 2012
lumenrationis-Para Frederick Zimmerman, professor da Universidade da Califórnia, autor do
livro The Elephant in the Living Room e um dos mais citados
especialistas em saúde pública, a televisão é usada de uma maneira que virou problema de saúde pública.
Nos EUA, as crianças passam em média cerca de duas horas por dia diante da TV, e os adultos, três, explicou Zimmerman em entrevista ao jornal parisiense “Le Monde”.
Para o especialista, o maior problema provém do fato de as crianças em tenra idade serem abandonadas regularmente diante da tela ao atingirem nove meses de vida. Nessa idade, os bebês são incapazes de compreender aquilo que vêem, até mesmo os próprios entretenimentos.
No caso de crianças maiores e adultos, pelo fato de não ser usada com moderação, a televisão vira hábito muito cedo e impede o desenvolvimento das capacidades fundamentais.
Diz-se que a TV serve para distrair, acrescenta o autor, mas a pesquisas apontam que o usuário está pouco relaxado após passar a tarde diante dela.

O aumento do índice de obesidade das crianças criadas junto ao monitor, o assédio da propaganda que incita ao consumo “traz uma perda importante para os cérebros em crescimento”.
Nos três primeiros anos de vida, o cérebro triplica em tamanho e tanto a complexidade como a densidade das redes neuronais também crescem. E não é só o órgão cerebral: a própria personalidade se forma no ambiente que rodeia as crianças.

“Meus trabalhos mostram que as crianças que olham a televisão acima da média antes de atingirem os 3 anos apresentam rendimentos claramente inferiores em matéria de leitura e matemática na hora de entrar na escolinha.
“Num outro estudo, eu mostrei que a televisão antes de 2 anos prejudica seriamente o desenvolvimento da linguagem, ainda que assistam a uma programação feita de vídeos ‘educativos’.”
Antes de entrar na escolinha, as crianças consolidam a capacidade de fixar a atenção e de programar suas ações visando um objetivo.

Os maus efeitos constatados são reversíveis, mas a um grande preço. O jovem terá depois uma rude tarefa para recuperar seu atraso.
Para o Prof. Zimmerman, ainda não está provado que o uso dos computadores seja menos nocivo para bebês e criancinhas.
Embora muitos jogos e a Internet pareçam interativos, não está nada claro que o espírito da criança esteja verdadeiramente engajado nessa interação.
“Considerando os níveis de utilização baixíssimos da ‘televisão educativa’, eu temo que não seja realista acreditar que o potencial da Internet será melhor aproveitado”, concluiu o especialista.
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