segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Vaticano investiga complô contra o papa

13/02/2012

IHU - A investigação já começou. O chefe da Gendarmeria do Vaticano, Domenico Giani (na foto, ao lado de Bento XVI), foi investido oficialmente e vai usufruir de todos os poderes de que dispõe. Esse ex-oficial do serviço secreto italiano, provenientes das fileiras da Guardia di Finanza, desde que, em 2006, tornou-se inspetor-geral do órgão que cumula as funções de polícia, bombeiros e serviço secreto, mudou profundamente e potencializou a estrutura que recebeu a herança das dissolvidas forças vaticanas.

A reportagem é de Marco Lillo, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 12-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Além das novidades anunciadas para dar a impressão de um corpo moderno como os Ducati 1200 e os Smart elétricos, os cursos no FBI, a adesão à Interpol e a instituição de um grupo de pronta intervenção antiterrorismo, Giani dispõe de uma verdadeira sala secreta para escutas telefônicas e ambientais ao qual só um número restrito de pessoas muito leais podem acessar com um cartão eletrônico.

Esse esquadrão hábil até mesmo na sombra faz da Gendarmeria uma arma formidável nas mãos do promotor da ação penal, o advogado Nicola Picardi, que abrange as funções de procurador no Estado do Vaticano. Por sua vez, Picardi responde formalmente ao Santo Padre, mas as alavancas reais do poder estão, como de costume, nas mãos do cardeal Tarcisio Bertone.

As escutas telefônicas e ambientais já foram usadas no âmbito da investigação que surgiu a partir das cartas do ex-secretário-geral do Governatorato, Carlo Maria Viganò, depois núncio promovido e removido nos Estados Unidos. Em 2008, uma outra investigação muito delicada havia sido confiada à Gendarmeria para apurar o que era verdadeiro nas recorrentes denúncias que chegavam sobre os serviços técnicos do Governatorato.

É possível imaginar que, no centro da investigação confiada à Gendarmeria, desta vez, esteja o angustiante objeto em negrito na parte superior do documento publicado pelo Fatto de sexta-feira: "O cardeal Romeo profetizou a morte do Papa Bento XVI dentro dos próximos 12 meses. As declarações do Cardeal foram expostas, como alguém provavelmente informado de um sério complô criminoso, com tal segurança e firmeza que os seus interlocutores na China pensaram, com horror, que esteja sendo programado um atentado contra o Santo Padre".

Mas a sensação é que, como no caso da investigação que surgiu a partir das denúncias de Dom Viganò, os procedimentos não visam tanto a desfrutar a janela aberta pelos documentos entregues à Secretaria de Estado e depois publicados nos jornais, mas sim a fechá-la.

A investigação da Gendarmeria vai verificar como o documento chegou às mãos do cardeal Darío Castrillón Hoyos e também vai tentar esclarecer as misteriosas circunstâncias da viagem à China do cardeal Paolo Romeo. Neste sábado, o arcebispo de Palermo reiterou: "Fidelidade e gratidão indiscutíveis ao Santo Padre por aquilo que ele nos doa através do seu iluminado magistério". Mas o sinal de alerta sobre a sua viagem à China, misteriosa e não autorizada oficialmente, ainda existe.

Mas, acima de tudo, a investigação visa a descobrir quem fez com que os documentos publicados nestes dias pelo Fatto saíssem dos muros leoninos. O secretário de Estado, Tarcisio Bertone, está literalmente furioso com aquilo que leu. O documento entregue pelo cardeal Darío Castrillón Hoyos, em meados de janeiro, era, obviamente, do conhecimento do cardeal, mas ler esse documento nos sites de todo o mundo certamente não lhe agradou.

Até porque, nesse texto, são relatadas algumas considerações que certamente não colocam Bertone em uma boa luz. O secretário de Estado é retratado como um colaborador não estimado e pouco suportado por Ratzinger e, além disso, como um elemento pouco agradável também ao sucessor designado pelo Papa Ratzinger: o arcebispo de Milão, Angelo Scola. Sobre esse segundo ponto, muito delicado, o da sucessão de Bento XVI, o Fatto publicou um outro documento inédito, que demonstra como, às vezes, o papa não segue os conselhos do arcebispo Scola. Mesmo quando se trata da sua antiga diocese.

Há poucas semanas, como se sabe, Francesco Moraglia (foto) foi nomeado patriarca de Veneza. Para esse posto prestigioso (do qual três pontífices alçaram voo para Roma) dois nomes estavam em disputa: Moraglia, justamente, e Andrea Bruno Mazzoccato, arcebispo de Udine.

O Fatto teve acesso a uma carta datada de 31 de outubro de 2011 escrita pelo próprio ex-patriarca de Veneza, Angelo Scola, ao núncio na Itália, Luca Lorusso. O núncio pedia que Scola indicasse um nome para a sua antiga diocese, e o arcebispo de Milão respondia que poderia indicar, por ordem de preferência, os seguintes nomes: "1. S. E. Dom Andrea Bruno Mazzoccato; 2. S. E. Dom Francesco Moraglia; 3. S. E. Dom Gianni Ambrosio. Salvo melhor juízo. No Senhor". E o juízo do papa foi oposto: o patriarca de Veneza hoje é Francesco Moraglia.

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