[mor-crist]
“Declaro
a todos os que lerem as palavras deste livro (...) se alguém dele
retirar qualquer parte, Deus lhe retirará a sua parte da Árvore da Vida e
da Cidade Santa.” (Apoc. 22,19).
Por Prof. Pedro M. da Cruz
Muitas vezes os Católicos são surpreendidos por pessoas que atacam, “sem dó nem piedade”,
sua Igreja duas vezes milenar. Uma das críticas mais correntes é o
fato de a Bíblia católica possuir mais livros que a bíblia de uso
protestante. Dizem que o catolicismo teria inventado sete livros a mais
e, portanto, deturpado a Sagrada Escritura. Vemos aí como é grande a
ignorância nos tempos hodiernos.
Possa
a Santíssima Virgem Maria alcançar de Deus toda sorte de bênçãos para
nossos leitores, a fim de que se transformem em ardorosos defensores da
única Igreja verdadeira.
Os Livros Deuterocanônicos do Antigo Testamento
“1 – Há livros cuja INSPIRAÇÃO NUNCA foi seriamente contestada; e que por esse motivo SEMPRE figuraram no CANON. Chamam-se PROTOCANÔNICOS.
Outros,
cuja inspiração foi posta em DUVIDA por ALGUMAS Igrejas PARTICULARES; e
cuja aceitação UNIVERSAL, por causa dessas controvérsias, foi mais
TARDIA, chamam-se DEUTEROCANÔNICOS.”
Livros DEUTEROCANÔNICOS do Antigo Testamento:
1º - TOBIAS
2º - JUDITE
3º - SABEDORIA
4º - ECLESIÁSTICO
5º - BARUQUE
6° - I MACABEUS
7° - II MACABEUS
8º - Fragmentos de ESTER
9° - Fragmentos de DANIEL.
Todos esses livros, os protestantes excluíram de suas bíblias.
Três
séculos antes de Cristo, em Alexandria, SETENTA SÁBIOS, vertiam para o
grego a S. Escritura. É a TRADUÇÃO DOS SETENTA, chamada também tradução de alexandria. Essa
versão que incluía tanto os protocanônicos como TODOS os
deuterocanônicos, sem estabelecer, entre uns e outros, diferença alguma,
era USADA por TODOS os judeus de língua GREGA que moravam em
Alexandria, Ásia Menor, Grécia, Itália, e mesmo em JERUSALÉM nas
comunidades judaicas de língua grega.
Os
judeus da DIÁSPORA recebiam a direção religiosa dos seus
correligionários PALESTINENSES. Se pois eles consideraram os
Deuterocanônicos como inspirados, chegando até a traduzi-los para o
grego, é porque esses livros eram PRIMITIVAMENTE ACEITOS NA PALESTINA.
3 – Essa mesma Bíblia dos SETENTA era usada por Jesus Cristo e pelos Apóstolos. O que significa que os Apóstolos aceitavam a AUTORIDADE dessa versão; e por conseguinte a ORIGEM DIVINA DOS DEUTEROCANÕNICOS.
É
ainda a tradução dos SETENTA que Cristo e os escritores sagrados do
Novo Testamento, assim como os demais apóstolos, CITAM do Antigo
Testamento. Das 350 citações do Antigo Testamento que encontramos no
Novo, 300 (TREZENTAS) são tiradas DIRETAMENTE da BÍBLIA DOS SETENTA. Os
Apóstolos, portanto aceitavam a AUTORIDADE dos SETENTA.
4
- Se a Igreja, pois, aceita esses livros, rejeitados pelos
protestantes, é baseada na autoridade dos APÓSTOLOS que também os
aceitavam. Esses Apóstolos aos quais Cristo disse: ‘Quem vos ouve a mim ouve, e quem vos rejeita, a mim me rejeita’,
e que no PENTECOSTES receberam o ESPÍRITO SANTO, estavam em condições
de saber se essa Sagrada Escritura que usavam, ERA OU NÃO INSPIRADA
PELO ESPIRITO SANTO, do qual ‘estavam todos cheios’. Se aceitavam os
SETE LIVROS com os fragmentos de Ester e Daniel, como parte integrante
da Bíblia, era bem porque tais livros e fragmentos pertenciam de fato à
Sagrada Escritura.
5 – Mais. Todas as Bíblias usadas pelos discípulos imediatos
dos apóstolos, continham também TODOS ESSES LIVROS. E os primeiros
cristãos, cuja grande maioria vindo do paganismo, ou das comunidades
judaicas gregas, e que ignoravam a língua hebraica, USAVAM A MESMA
BÍBLIA QUE OS APÓSTOLOS. Ora, se os Apóstolos não tivessem por
INSPIRADOS os livros deuterocanônicos, DEVERIAM AVISAR os neófitos. O
que não fizeram. A conclusão é legítima: OS PRÓPRIOS APÓSTOLOS TINHAM OS
DEUTEROCONÔNICOS POR LIVROS DIVINOS.
E
tal CRENÇA não podia ser FALSA. Pois, tratava-se de livros
‘REGULADORES DA NOSSA FÉ’, para cujo discernimento fundara Cristo a
IGREJA, e aos Apóstolos dera a INFALIBILIDADE, aqui posta toda em
jogo...
Ora, a Igreja Católica, que é também APOSTÓLICA, a exemplo dos apóstolos deve aceitar esses livros deuterocanônicos.
A inspiração divina desses mesmos livros é reconhecida também pela Igreja Ortodoxa e pelas igrejas cristãs do Oriente.
6
– A Bíblia dos SETENTA, usada por Jesus Cristo, e pelos Apóstolos, e
pelos discípulos imediatos dos apóstolos, e pelos neófitos, era também
usada pelos cristãos dos primeiros séculos e pelos sábios: os Stos.
Padres e os Escritores eclesiásticos.
Protocanônicos
e deuterocanônicos são citados como tendo igual valor (...) Que os
Cristãos desses recuados tempos estivessem acostumadíssimos com a
leitura dos livros, hoje cortados pelas bíblias não católicas,
sobejamente provam as pinturas das CATACUMBAS, onde os artistas cristãos
representavam cenas tiradas igualmente dos protocanônicos como dos
deuterocanônicos (...) enquanto que até o século V não encontramos cena
alguma tirada dos APÓCRIFOS.
7
- Somente no século IV notam-se algumas hesitações entre alguns
PADRES. A grande maioria deles porém, e dos Escritores eclesiásticos,
permanece favorável aos deuterocanônicos. Que a Sta. Igreja sempre os
teve TODOS por inspirados, bastem-nos os seguintes documentos
PONTIFÍCIOS da época:”
1)- O Concílio Romano - ano 382.
2) - O Concílio de Hipona - ano 393.
3) - O 3º Concílio de Cartago – ano 397.
4) - A Carta de Inocêncio I – ano 405 (Endereçada a Sto. Exupério de Tolosa)
5) - O 4º Concílio de Cartago – ano 419.
6) - O Decreto de Gelasiano – ano 492.
(Por
fim, podemos citar: O Concilio florentino ocorrido em 1441, o de
Trento, em 1546, e, finalmente, os dois últimos concílios ocorridos no
Vaticano)
“Todos esses Concílios da Igreja afirmam e definem solenemente a inspiração divina e a canonicidade dos 73 livros...”.
“8
– As hesitações de alguns PADRES contra o ensino tradicional da igreja
no tocante à nossa questão, tem sua explicação. Uma parte dos Judeus
da PALESTINA, atribuía aos deuterocanônicos um valor inferior aos
protocanônicos; enquanto que os Judeus da DIÁSPORA (fora da Palestina),
de Alexandria, Antioquia etc., tinham-nos por inspirados. As hesitações
dos Padres OCIDENTAIS provêm todas de SÃO JERÕNIMO, que indo morar na
PALESTINA, deixa-se influenciar pelos Judeus PALESTINENSES. Essa
influência, dado o inconfundível destaque do grande Doutor na Igreja,
tem o seu eco no Ocidente...
Não
nos esqueçamos também, de que nas controvérsias com os judeus, os
Padres alexandrinos não podiam usar os deuterocanônicos, por serem
rejeitados por aqueles...
Finalmente a MULTIPLICIDADE DOS APÓCRIFOS aumentou ainda mais as desconfianças contra os deuterocanônicos.
Conclusão óbvia: Rejeitar os DEUTEROCANÎNICOS é mutilar a Palavra de Deus escrita: a Sta. Bíblia.”
Referência bibliográfica:
STRABELLI, Pedro. A Santa Bíblia ante as mil seitas protestantes. São Paulo: Esclarecimentos aos Católicos, 1958. 177 pg.
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