24/03/2012
IHU - Para o "ministro" da Cultura da Santa Sé, o frescor e o dinamismo do continente centro-americano impõem uma reflexão sobre o modelo europeu.
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez, publicada no sítio Vatican Insider, 23-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A América Latina impõe uma reflexão à Igreja europeia, evidencia os seus limites. Enquanto o "velho continente" sofre com a crise de um certo modelo cultural e padece de um cansaço espiritual crescente, a região com o maior número de católicos do mundo adquire um novo protagonismo. Para o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura da Santa Sé, chegou a hora, a partir do México, para se voltar para a América do Sul.
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez, publicada no sítio Vatican Insider, 23-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A América Latina impõe uma reflexão à Igreja europeia, evidencia os seus limites. Enquanto o "velho continente" sofre com a crise de um certo modelo cultural e padece de um cansaço espiritual crescente, a região com o maior número de católicos do mundo adquire um novo protagonismo. Para o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura da Santa Sé, chegou a hora, a partir do México, para se voltar para a América do Sul.
"Devemos aprender com a Missão Continental lançada em Aparecida (V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano).
É um exemplo que pode ser imitado, principalmente pela ramificação das
formas de catequese própria desses países. Ali, existem redes que nós
perdemos, mesmo que existissem no passado", reconheceu o cardeal em uma
entrevista com o Vatican Insider.
Antes da chegada de Bento XVI no México e em Cuba, para a sua primeira viagem apostólica à América Latina
de língua espanhola, o purpurado reflete sobre as implicações culturais
dessa visita. Ele garante que os europeus são inevitavelmente
interpelados pelo dinamismo dessa região, pelos seus desafios.
Ele
indica, por exemplo, os grupos pentecostais ou "seitas", que colocam a
ênfase sobre a crise das religiões institucionais. Também se referiu à
emergência educacional, cujo principal sintoma é a violência e a
insegurança pública provocada pelo crime organizado.
"O próprio
fato – disse – de que exista uma violência tão extrema desencadeada
pelos cartéis de drogas, com milhares de mortes nos últimos anos, me
leva a pensar na necessidade de voltar à formação das novas gerações".
"Outros
temas correlatos – indica – são a luta contra o analfabetismo, que não é
só o fato de não saber escrever, mas também se refere à falta de um
horizonte de capacidade crítica, e depois a corrupção, a miséria, a
questão ambiental, temas que nós, europeus, sentimos, mas que, na
realidade, não praticamos, enquanto nesses países está surgindo uma
verdadeira consciência".
Mas, para além dos problemas, para Ravasi, é inegável o protagonismo adquirido pela América Latina sob dois aspectos: de um lado, o grande impacto econômico através de países como Brasil e México, de outro, o nascimento de fenômenos nacionalistas dirigidos por personagens políticos como Hugo Chávez, na Venezuela, e Evo Morales, na Bolívia.
Ravasi admite
que a visão "eurocêntrica" do mundo está entrando em crise, e isso
também diz respeito à Igreja, cuja experiência de governo central é
eminentemente romana, tanto que a Santa Sé se encontra inserida no coração da Europa.
Segundo
o purpurado, a predominância do modelo euro-norte-americano também
existe no campo da cultura, que, por exemplo, dá pouca atenção à
contribuição dos países emergentes, do ponto de vista literário e
artístico. Novos modelos, adverte o cardeal, estão surgindo.
"Eis porque devemos olhar para o Oriente, China e para a Índia, mas também precisamos voltar o olhar para a América Latina,
que tem a vantagem de ter uma forte matriz cristã. A Igreja deve se
mover cada vez mais para esses territórios, e as viagens do papa
confirmam essa atenção".
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