08/03/2012
IHU - Com profunda tristeza e luto, Barbara Johnson (foto)
estava no primeiro lugar da fila para a Comunhão no funeral de sua mãe,
na manhã de sábado. Mas o padre à sua frente imediatamente deixou claro
que ela não iria receber o pão e o vinho sacramentais.
A reportagem é de Michelle Boorstein, publicada no sítio do jornal The Washington Post, 29-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A reportagem é de Michelle Boorstein, publicada no sítio do jornal The Washington Post, 29-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Johnson, dona de um estúdio de arte, havia chegado à Igreja de São John Neumann, em Gaithersburg, com a sua parceira lésbica. O Pe. Marcel Guarnizo ficara sabendo de seu relacionamento pouco antes da celebração.
"Ele
colocou a mão sobre o corpo de Cristo e olhou para mim e disse: 'Eu não
posso lhe dar a Comunhão, porque você vive com uma mulher, e, aos olhos
da Igreja, isso é pecado", recordou ela.
Ela reagiu com um silêncio atordoado. Sua raiva e indignação, agora, levaram a ela e aos membros de sua família a exigir que Guarnizo seja removido do seu ministério.
Seus familiares disseram que o padre deixou o altar enquanto Johnson, de 51 anos, estava proferindo um elogio fúnebre e não compareceu ao enterro nem encontrou outro padre para estar lá.
"Você
trouxe a sua política, e não o seu Deus, para aquela Igreja ontem, e
você vai pagar caro no dia do juízo por me julgar", escreveu ela em uma
carta a Guarnizo. "Vou rezar pela sua alma, mas
primeiro vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ver você
removido da vida paroquial, para que assim você não tenha a permissão de
ferir ainda mais famílias".
Na noite de terça-feira, Johnson recebeu uma carta de desculpas do Pe. Barry Knestout,
um dos mais altos administradores da arquidiocese, que disse que a
falta de "bondade" que ela e sua família receberam "é causa de grande
preocupação e de arrependimento pessoal para mim".
"Lamento que o
que deveria ter sido uma celebração da vida de sua mãe, à luz da fé
dela em Jesus Cristo, foi ofuscada por uma falta de sensibilidade
pastoral", escreveu Knestout. "Espero que a cura e a
reconciliação com a Igreja possam ser possíveis para você e para outras
pessoas que foram afetadas por essa experiência. Enquanto isso, vou
oferecer a missa pelo feliz repousou da alma de sua mãe. Que Deus traga
conforto a você e à sua família em seu luto e esperança na
Ressurreição".
Johnson chamou a carta de
"reconfortante" e disse que aprecia muito o pedido de desculpas. Mas,
acrescentou, "eu não ficarei satisfeita" enquanto Guarnizo não for removido.
A
ação do padre também provocou um tumulto entre os ativistas pelos
direitos dos gays e animou alguns conservadores religiosos. Ela ocorreu
poucos dias depois que a Câmara dos Deputados do Estado de Maryland aprovou uma lei que legaliza o casamento homossexual no Estado. O governador Martin O'Malley (democrata) deve assiná-la ainda esta semana.
"O Pe. Marcel Guarnizo foi jogado embaixo do ônibus por seguir o cânone 915! [1]", escreveu um blogueiro católico da arquidiocese. "A questão aqui não é o padre, mas sim Barbara Johnson".
As
autoridades da arquidiocese, no início, emitiram uma breve declaração
dizendo que as ações do sacerdote eram contra as "políticas" da Igreja e
que eles iriam olhar para o caso como um assunto pessoal.
"Quando surgem dúvidas sobre se um indivíduo deve ou não se apresentar à Comunhão, não cabe às políticas da arquidiocese de Washington
repreender publicamente essa pessoa", disse o comunicado. "Qualquer
questão relativa à adequação de um indivíduo para receber a Comunhão
deve ser abordada pelo padre com essa pessoa em um ambiente privado e
pastoral".
Mensagens enviadas para Guarnizo e
outros membros da paróquia não foram respondidos. Nem ele nem outras
lideranças paroquiais estavam na igreja ou na secretaria paroquial na
noite da última terça-feira.
Católicos ativos na região metropolitana de Washington disseram
que não conseguiam se lembrar de outra ocasião recente em que um padre
se recusou a administrar o sacramento a um católico gay. A recusa de Guarnizo,
disseram, parece estar em desacordo com a firme posição contra a
negação da Comunhão aos católicos enunciada pelo arcebispo de
Washington, o cardeal Donald Wuerl.
Wuerl disse
não acreditar na negação da Comunhão, porque é impossível saber o que
está no coração da outra pessoa. A questão surgiu durante a campanha
presidencial de 2004, quando alguns líderes católicos conservadores
disseram que o senador John F. Kerry, de Massachusetts, candidato democrata, deveria ter a Comunhão negada por causa de seus pontos de vista pro-choice [em defesa do direito a abortar ou não].
Johnson disse
que sua parceira de 20 anos estava ajudando a família na igreja antes
do caso, quando o padre lhe perguntou quem ela era. "E ela disse: 'Eu
sou a parceira dela'", lembrou Johnson.
Quando Guarnizo cobriu
o vinho e as hóstias com a mão durante a Comunhão, Johnson ficou ali
por um momento, pensando que ele iria mudar de ideia, contou. "Eu só
fiquei ali, em estado de choque. Eu estava de luto, chorando", disse
ela. "O corpo da minha mãe estava atrás de mim, e tudo que eu queria
fazer era ficar junto dela, e a última coisa era fazer um funeral
bonito, e aqui estava eu a decepcionando porque havia uma cena...".
A mãe de Johnson e
seu falecido pai foram fiéis praticante por toda a vida, que sofreram
para mandar seus quatro filhos para escolas católicas, disse Barbara e seu irmão, Larry Johnson, um contador forense que vive em Loudoun County. Barbara vive no noroeste de Washington e, durante anos, lecionou arte na Elizabeth Seton High School, em Bladensburg, seu ex-colégio.
Apesar de sua indignação, a família Johnson disse
que não vê o incidente como razão para criticar a Igreja de forma mais
ampla. "Concordamos que essa não é uma discussão sobre os direitos dos
gays ou sobre os ensinamentos da Igreja Católica", disse Larry Johnson.
Mas,
desde sábado, outros católicos disseram a eles que a experiência abalou
a sua fé. "Há sérios questionamentos sobre como os católicos
norte-americanos em particular praticam a sua fé. Quantas pessoas
divorciadas vivem em um estado técnico de pecado? Quantas pessoas
praticam alguma forma de controle de natalidade artificial em estado de
pecado?", questionou ele. "Se a Igreja agora aplicar essa polícia do
'estado de graça', como vai ser? Essa [a homossexualidade] é a coisa
mais pessoal do mundo – entre a pessoa e Deus".
Nota:
1 – O cânone 915 diz literalmente o seguinte: "Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto".
1 – O cânone 915 diz literalmente o seguinte: "Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto".
2 comentários:
Este padre é um Santo! Agora tem que deixar a Lei de lado em 'certas ocasiões'? Faça-me o favor! Quem dera tivessemos mais padres assim!!! Que negassem a Comunhão - o Corpo, Sangue, Alma e Divindades de Nosso Senhor Jesus Cristo - a todos os pecadores renitentes e públicos!!!
O texto não ficou bom, jornalístico e tendencioso à favorecer os homossexuais.
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