17/03/2012
IHU - Crônica
de um adeus anunciado. Há algum tempo (entre protestos dos
progressistas e diásporas dos conservadores), era uma hipótese cada vez
mais acreditada e agora é uma certeza. O arcebispo de Canterbury Rowan Williams está
pronto para renunciar depois da longa batalha dos últimos anos com a
ala liberal da Igreja Anglicana sobre a questão da homossexualidade. A
informação é das fontes políticas do jornal The Times. Segundo a BBC, Williams irá renunciar no fim de 2012. A renúncia foi anunciada, oficialmente, ontem, dia 16-03-2012.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 16-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O arcebispo lidera a Igreja Anglicana desde 2003. Fontes próximas a Williams justificaram a sua decisão com a perspectiva de uma provável derrota sobre o Pacto da Comunhão Anglicana, preparado para encontrar uma posição comum depois da ordenação de um bispo homossexual pela Igreja Episcopal norte-americana, Gene Robinson.
O arcebispo lidera a Igreja Anglicana desde 2003. Fontes próximas a Williams justificaram a sua decisão com a perspectiva de uma provável derrota sobre o Pacto da Comunhão Anglicana, preparado para encontrar uma posição comum depois da ordenação de um bispo homossexual pela Igreja Episcopal norte-americana, Gene Robinson.
Até
agora cerca da metade das 43 dioceses da Igreja da Inglaterra votaram o
documento, com 17 que se manifestaram contra, e 10 a favor. Williams, 61 anos, deve assumir um cargo acadêmico, disse o Times [reitor do Magdalene College, Cambridge].
Em julho, irá ocorrer o Sínodo da Igreja Anglicana,
que dará, com toda a probabilidade, a luz verde para a ordenação de
mulheres bispos. E, em julho, o episcopado rosa será uma realidade.
Algumas províncias anglicanas na Austrália, Estados Unidos e Canadá já
têm bispas, mas a ordenação das mulheres e dos homossexuais (assim como
os casamentos entre pessoas do mesmo sexo) continua sendo a questão
mais controversa dentro da Comunhão Anglicana, que conta com 80 milhões de fiéis em todo o mundo. O primaz da Comunhão Anglicana, Rowan Williams, está agora em desacordo com a associação internacional Forward in Faith, expressão dos fiéis anglicanos que se opõem à consagração episcopal de mulheres. Nos bastidores, trabalha-se por "soluções" conciliadoras.
A Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus,
publicada em novembro de 2009, abriu caminho para o ingresso de
comunidades anglicanas na Igreja Católica através da instituição de
ordinariatos pessoais com características semelhantes às de uma diocese
não territorial, uma nova estrutura canônica. Desse modo, é possível
reconhecer o primado do papa mantendo elementos próprios da sua tradição
litúrgica e espiritual. Até agora, o abandono de fiéis anglicanos para
passar à Igreja Católica no ordinariato específico desejado por Bento XVI abrangeu
cinco bispos, cerca de 30 padres e diversas centenas de fiéis,
desejosos também por voltar à antiga liturgia da missa em latim.
Apesar
dos abandonos, dos protestos e das resistências, portanto, as mulheres
inglesas também poderão se tornar bispas. Em julho, a Igreja Anglicana da Inglaterra irá
autorizar a ordenação de bispos do sexo feminino, mas aprovando também
algumas medidas que vão ao encontro da ala tradicionalista contrária à
reviravolta. Em 1994, quando foi dada a luz verde à ordenação sacerdotal
de mulheres, a Igreja Anglicana perdeu cerca de 500 membros do clero,
que passaram para a Igreja Católica.
Em julho de 2010, o Sínodo Anglicano de York aprovou a ordenação das bispas, decisão que está sendo imposta gradualmente em toda a Comunhão Anglicana,
contra o parecer das comunidades conservadoras. A Comunhão Anglicana é
composto por 38 províncias independentes, uma das quais é a Inglaterra. Várias províncias já têm bispas. No fim, para a consagração episcopal de mulheres, a hemorragia poderia ser ainda maior.
A Igreja Católica se
opõe ao caminho que, em julho próximo, irá levar à introdução da
legislação que leva à ordenação de mulheres ao episcopado. A posição da
Igreja Católica manteve-se inalterada desde os tempos de Paulo VI. O "sim" ao episcopado rosa para a Santa Sé equivale
a uma ruptura com a tradição apostólica mantida por todas as Igrejas
desde o primeiro milênio e, por isso, é mais um obstáculo para a
reconciliação entre a Igreja Católica e a Igreja da Inglaterra.
Por isso, a abertura do episcopado à outra metade do céu terá consequências negativas para o diálogo com o Vaticano.
O processo parece claro: em julho próximo, as bispas, depois, a
ordenação de sacerdotes declaradamente homossexuais. Esse é o caminho
que o mundo anglicano decidiu percorrer, independentemente das
comunidades cada vez mais numerosas que, justamente por causa dessa
reviravolta "liberal", optam pela diáspora, ou seja, pelo retorno à Roma. O primaz desconta as divisões internas e a fraqueza sobre o exterior da Igreja Anglicana, como se viu na fraca reação ao casamento gay.
Nenhum comentário:
Postar um comentário