17 de março
Gertrudes nasceu no povoado de Brabante,
na cidade de Nivelles, Bélgica, no ano 626. Seu pai era Pepino de
Landen, um homem rico e influente, descendente de Carlos Magno. Sua mãe
era Ida, nobre e muito religiosa, que depois da morte do marido, fundou o
duplo mosteiro de Nivelles, masculino e feminino, dos quais foi a
abadessa até a morte. As filhas Gertrudes e Begga também fizeram os
votos e vestiram o hábito, passando a viver no mosteiro, ao seu lado.
Após a morte da abadessa, Gertrudes foi eleita a sucessora, tinha apenas
vinte anos de idade. Mas, como o poder não a atraia, delegou-o a um dos
monges, que passou a administrar ambos os mosteiros, enquanto ela ficou
apenas com o título.
Gertrudes reservou para si a tarefa de
instruir Irmãos e Irmãs, preparando-os na fé e motivando-os para a
difusão da Palavra de Cristo. Isso significava um enorme esforço de sua
parte pois viviam numa época de ignorância, e superstições. Um eclipse,
por exemplo, era considerado um fenômeno sobrenatural e motivo de alarde
para todos os camponeses, mesmo os instruídos na fé cristã.
Ela iniciou com vigor um grande processo
de reformulação de ambos os mosteiros, chamando, da Irlanda, monges
teólogos, os mais versados nas Sagradas Escrituras, para fundamentar
essa reciclagem. Empregou toda a fortuna da família, bem como utilizou
toda sua influência para esse intento. Mandou, vários emissários a Roma
para trazerem livros, não só de cunho litúrgico, ampliando muito a
biblioteca. A missão de Gertrudes se tornara uma luta para a difusão da
doutrina católica através da instrução e pôde retirar o véu da
ignorância que envolvia tanto o clero como os habitantes em geral.
Com tanta sabedoria e predisposição para
a santidade, ela adquiriu muitos dons especiais tendo visões,
revelações e graças, durante suas orações contemplativas, seguidas de
jejuns e penitências constantes. Devota de Maria e Jesus Crucificado,
seus sacrifícios eram pelas almas do purgatório, que lhe apareciam
durante as orações sob a forma de ratos negros, mas ao final se
transformavam em dourados, simbolizando sua salvação pela Misericórdia
de Deus. Essas visões ela comentava com as monjas, estimulando as preces
à essas almas abandonadas. Por isso, nas suas representações existe
sempre um rato ao seu redor. Os devotos, ainda hoje, a evoca contra as
invasões de ratos e o medo que eles provocam.
Entretanto, o que mais a destacava era a
sua profunda capacidade de compreender os anseios das almas. Por isso,
Gertrudes se revelou uma eficaz pacificadora, ao interpelar os
“senhores” locais que guerreavam entre si. Suas palavras, dotadas de
sabedoria e autoridade, traziam constrangimento à eles, que partiam para
o diálogo e conciliação.
As guerras pacificadas e o alívio ao
povo sofrido fortaleceram sua fama de santidade em vida e gerou muitas
tradições e venerações populares. Quando uma guerra era apaziguada, os
oponentes brindavam juntos com o excelente vinho daquela região. O povo
chamava a bebida de “Filtro de Santa Gertrudes”, pois segundo a crença, a
bebida era um “remédio” contra a guerra e o ódio.
Ela morreu em Nivelles, no dia 17 de
março de 659, aos trinta e três anos e o seu culto foi imediato.
Entretanto, o precioso relicário que continha seus restos mortais foi
destruído num bombardeio, em 1940, que atingiu a basílica que o
guardava. O que não diminuiu em nada sua veneração no mundo católico,
que continua festejando Santa Gertrudes nesse dia.
Santa Gertrudes de Nivelles, rogai por nós!
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