13/04/2012
IHU - Comunhão negada a um menino de dez anos que sofre de uma grave
deficiência mental. O menino não seria, segundo o sacerdote, capaz de
compreender o mistério da Eucaristia.
A nota é de Giacomo Galeazzi, publicada no blog Oltretevere, 11-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A nota é de Giacomo Galeazzi, publicada no blog Oltretevere, 11-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A decisão de Piergiorgio Zaghi, pároco de Porto Garibaldi, em Ferrara, na Itália,
que havia falado sobre isso em uma homilia, dividiu os paroquianos e
provocou um forte debate. Os leigos da cidade condenaram o comportamento
do sacerdote, enquanto os paroquianos se dividiram entre aqueles que se
dizem próximos à escolha do pároco (lembrando também o fato de que os
pais estão divorciados e não o acompanham continuamente à missa e à
catequese) e aqueles que estão mais perplexos, referindo-se também ao
apelo do papa para garantir a Eucaristia, na medida do possível, mesmo
aos deficientes mentais.
"É incrível que essas coisas aconteçam". O Pe. Andrea Gallo não usa meias palavras ao comentar a notícia do pároco da província de Ferrara
que pulou na fila da Eucaristia um menino com retardo mental. A
comunhão é um "momento altíssimo", em que "o corpo de Jesus é 'partido'
para todos, em que se diz do sangue 'bebam todos'", explica Pe. Gallo.
"Tomemos o exemplo das primeiras comunidades cristãs: naquela época não
havia a hóstia, mas sim o pão que justamente se partia para todos. Nesse
gesto, as migalhas que restavam eram também dadas a todos os presentes.
E, depois, este menino também havia participado da catequese".
Segundo o Pe. Gallo,
"mesmo que o menino tivesse dificuldade para engolir, esse problema
poderia ser superado, imagine... Ele andava em um corpo martirizado,
sofredor. Quem pode dizer qual é a verdadeira linguagem real de um
deficiente? Às vezes, eles falam com um gesto, com os olhos".
O Pe. Gallo encontra
"deficientes mentais todos os dias. Eles falam com os olhos, com
pequenos gestos. O pároco diz que era importante entender se o menino
intuía a dimensão do sacramento? Eu só estou dizendo que não se podia
excluí-lo com esse gesto. Quem me diz, ao contrário, que aqueles que
fazem a comunhão a entendem? Pode acontecer, até mesmo comigo, que a fé
possa vacilar: mas depois eu me confio a Jesus, porque o amor não exclui
ninguém. Como reparar este dano? dando-lhe o pão, pondo-o no centro,
fazendo-o entender que ele não está excluído de nada".
Para o Pe. Giovanni Ramonda, responsável da Comunidade João XXIII, fundada pelo Pe. Benzi,
"diversos párocos dão desenvoltamente a comunhão a divorciados em
segunda união, transgredindo uma clara indicação da Igreja, enquanto a
uma criatura predileta pelo Senhor é negado o seu corpo e o seu sangue.
Fiquemos atentos para não filtrar os mosquitos e engolir os camelos.
Como dizia o Pe. Benzi, os deficientes são 'anjos crucificados'".
O
episódio foi definido como "absurdo, não apenas no plano ético, mas
principalmente no que diz respeito aos direitos fundamentais
reconhecidos às crianças", diz o sociólogo Antonio Marziale, presidente do Observatório dos Direitos dos Menores. "Estou transtornado com o episódio – disse – que denuncia um estado de obscurantismo cultural digno do pior da Idade Média".
A decisão foi duramente criticada também pela associação de católicos progressistas Nós Somos Igreja. "Em Porto Garibaldi – disse o coordenador regional Giuliano Bianco –
tem-se a impressão de que a Igreja perdeu de vista a presença real de
Cristo na Eucaristia: quem sonharia em proibir a uma mãe e a um pai, que
levam o seu filhinho, incapaz de entender e de querer, diante da
presença de Jesus de se aproximar, de tocar e de receber o Salvador?".
A
família se fechou na reserva. O seu interesse, neste momento, é
principalmente o de proteger seu filho, que se tornou objeto de um
debate do qual ele certamente abriria mão.
xxx
O ''sim'' do papa aos deficientes
Bento XVI, na exortação apostólica de 2007 Sacramentum Caritatis apaga qualquer dúvida sobre a comunhão dos deficientes.
A nota é de Giacomo Galeazzi, publicada no blog Oltretevere, 12-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O santo papa Pio X havia fixado uma idade limite para a primeira comunhão: pode receber a Eucaristia quem é capaz de distinguir o Pão de Deus do pão material. E, por isso, é melhor esperar os 9-10 anos para administrar o sacramento, mesmo que a Igreja Católica jamais condenou a prática consolidada nas comunidades orientais de conceder a comunhão logo depois do batismo, ou seja, a bebês recém-nascidos.
Bento XVI, na exortação apostólica de 2007 Sacramentum Caritatis, apaga todas as dúvidas. "Seja garantida também a comunhão eucarística, na medida do possível, aos deficientes mentais, batizados e crismados: eles recebem a Eucaristia na fé também da família ou da comunidade que os acompanha", esclarece Joseph Ratzinger, pontífice teólogo e pastor.
E o "na medida do possível" se refere a uma possibilidade física, não mental (por exemplo, se os deficientes conseguem engolir e ingerir a hóstia ou não).
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